O perfil dos produtores brasileiros começa a mudar rapidamente nas principais áreas de produção. Pecuaristas estão descobrindo a produção de grãos, e os produtores de grãos estão adotando a pecuária. Em alguns casos, além da certificação do gado, os produtores chegam ao requinte de certificar a soja, o milho e o algodão que vão ser usados na ração dos animais. E essa certificação é dada pelos próprios organismos europeus.
O perfil dos produtores brasileiros começa a mudar rapidamente nas principais áreas de produção. Pecuaristas estão descobrindo a produção de grãos, e os produtores de grãos estão adotando a pecuária.
Em alguns casos, além da certificação do gado, os produtores chegam ao requinte de certificar a soja, o milho e o algodão que vão ser usados na ração dos animais. E essa certificação é dada pelos próprios organismos europeus.
Para economizar nos combustíveis, que têm grande peso na composição anual de gastos, os agricultores estão partindo para a produção de biodiesel. Essa produção gera uma série de subprodutos, utilizados na produção de alimentos para animais. Com isso, os produtores agregam a produção de biodiesel às suas propriedades para diminuir os custos e, ao mesmo tempo, começam a verticalizar a produção da fazenda.
O agricultor Cirilo Ferst é o mais recente adepto dessa mudança. Produtor de soja em uma área de 6.000 hectares em Nova Mutum (MT), Ferst já tem financiamento bancário para iniciar seu projeto de confinamento de gado. Em um segundo estágio, parte para a produção de suínos.
O agricultor vai aproveitar as sobras de uma fábrica de biodiesel, capaz de abastecer 10% de seus gastos anuais de 400 mil litros de diesel, além dos subprodutos gerados pelo secador que tem na propriedade. Um projeto mais ousado é o da Vanguarda do Brasil, também de Nova Mutum.
Com 200 mil hectares plantados anualmente com soja, milho, algodão e arroz, a empresa deve confinar 180 mil animais em dois ciclos no próximo ano. A Vanguarda já está na produção de suínos na região.
A empresa, que já tem contratos especiais de venda, tanto para os grãos como para as carnes, o que lhe rende um preço acima do de mercado, parte para a rastreabilidade total. Marlon Buss, vice-presidente da Vanguarda, diz que “a empresa tem um projeto pé no chão”.
Terá 20 mil vacas para gerar os bezerros e, além da rastreabilidade dos animais, contará também com soja, milho e algodão certificados –produtos básicos na alimentação do gado. A empresa só produz grãos convencionais.
“A pecuária só se viabilizará com o confinamento”, diz Armindo Kichel, da Embrapa Gado de Corte. Segundo ele, vários projetos estão se consolidando nas novas áreas de produção de grãos, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A integração lavoura-pecuária é essencial para o ganho de produtividade de ambos, pecuaristas e produtores agrícolas, na avaliação de Kichel.
“Todo sojicultor tem terras adequadas para a produção de gado de corte e de leite, mas nem todos os pecuaristas têm terras ideais para a produção de grãos.” Mesmo assim, o pecuarista deve fazer uma integração pasto-lavoura nas áreas de melhor qualidade, segundo o pesquisador da Embrapa.
Agricultores e pecuaristas que ainda não optaram por esse sistema desconhecem a tecnologia ou não sabem quanto estão perdendo. Se os agricultores vêem na pecuária uma saída, entre os pecuaristas apenas os mais profissionais estão descobrindo a lavoura, segundo Kichel.
A notícia é de Mauro Zafalon, para o jornal Folha de S. Paulo.
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Morando atualmente em uma região especificamente de pecuária, aqui no centro oeste (JUARA/MT. 860.000 cabeças e a 700km de Cuiabá), vejo muito de perto esses projetos de grandes confinamentos, a minha região é a maior fornecedora de gado para essas regiões de lavoura para esses confinamentos.
Tudo é muito rápido, com financiamentos externos a juros muito baixo, fazem estruturas grandiosas da noite para o dia, alimentacao farta e barata etc, mas parece que estão esquecendo de uma ´coisinha´só, o boi!
O alto abate de fêmeas já tem reflexo aqui na região, e bezerro não nasce de pedra, nem de vento, o verdadeiro produtor, aquele boiadeiro mesmo, sabe o quanto é dificil criar vacas, desmamar bezzerros, ter uma criação rentável com taxas de produtividade acima da média brasileira.
Por isso vai um recado do humilde boiadeiro, cuidado para não ficarem com as estruturas, rações, galpões e ótimos currais, mas sem o principal, o boi.
Parabéns aos produtores que estão investindo neste negócio consorciado (agricultura X pecuária), com certeza são produtores experientes e preparados para desenvolver a atividade, e se o custo benefício for favorável só merece os nossos elogios, pois estarão gerando riquezas oriundas do agronegócio e divisas para o nosso país.
Parabéns, sucesso.
Excelente o comentário do Paulo José. Os grandes confinadores não vão achar boi rastreado, já a partir deste ano.
Os criadores estão minguando também, pelo efeito da entrada da soja e da cana. Que criador vai rastrear bezerro? Só os da ilha da fantasia.
Urge uma solução para que as propriedades possam se cadastrar para exportação sendo rastreadas apenas pela GTA, como sempre o foram. Precisamos tratar desta séria questão com urgência, com os verdadeiros pecuaristas sentados à mesa de discussão e sem a faca do MAPA no pescoço.