Os efeitos colaterais de um ano ruim para o agronegócio brasileiro também afetam a pecuária mato-grossense, atualmente com 26,04 milhões de cabeças. Ao contrário dos três últimos anos, quando o rebanho registrou taxa de crescimento anual de 10%, as perspectivas para 2005 são de que haja uma desaceleração e que o volume atual de animais permaneça praticamente inalterado.
O presidente da Associação dos Produtores Rurais de Mato Grosso (APR/MT), Ricardo Castro Cunha, explica que este setor da produção primária está no centro de conjunção de fatores alheios à competência do criador. “Há três anos estamos dilapidando nosso patrimônio, temos pastos velhos, que necessitam de investimentos, há toda a pressão ambiental que nos impede de abrir novas áreas e neste ano há aumento significativo no número de abates de matrizes, portanto não há como não reduzir a expansão do rebanho”, aponta.
De acordo com o presidente da Associação dos Criadores do Estado de Mato Grosso (Acrimat) e também presidente do Sindicato Rural de Cuiabá, Jorge Pires, “o rebanho bovino mato-grossense deve passar por um processo de desaceleração no ritmo de crescimento a partir deste mês”.
Para ele, esta estimativa será resultado direto do reflexo da redução da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do boi em pé para fora do estado, que caiu de 12% para 3%, medida que vigora deste o início de julho.
Segundo ele, a redução na base de cálculo do imposto estimula a saída de gado para abate em outros estados. Ele se antecipa e informa que ainda não existe levantamento de quantos animais foram retirados de Mato Grosso nos últimos 30 dias. “Em função desta nova realidade para o pecuarista mato-grossense, ele reduziu o ritmo das aquisições de novos animais em função do baixo preço de venda da arroba do boi. Até então, com gado estocado à espera de preços mais justos, o animal que ia ficando na fazenda resultava na diminuição do patrimônio dos pecuaristas”.
De acordo com o presidente da Acrimat, enquanto os custos do pecuarista para a produção de bovinos aumentaram cerca de 30%, o preço da arroba do animal caiu em média 20% nos últimos três anos. As despesas para produção de uma arroba, que oscilavam na faixa de R$ 30, atualmente custam cerca de R$ 40. Já o preço da arroba do boi para venda caiu da média de R$ 61 para R$ 47.
Apesar disso, ele considera a redução na alíquota importante para o produtor, uma vez que as 27 plantas frigoríficas existentes no estado são insuficientes para absorver a produção de 5,4 milhões de cabeças para abate ao ano.
De 2004 para 2005 o rebanho bovino mato-grossense registrou um incremento de 8% no número de cabeças em relação ao ano passado. O volume aumentou na média esperada de cerca de um milhão de cabeças.
No final do ano, após o levantamento da terceira e última etapa de vacinação contra febre aftosa, o Instituto Nacional de Defesa Agropecuária (Indea), terá números que poderão mensurar com exatidão o crescimento ou não do rebanho neste ano em relação ao ano passado.
Fonte: Diário de Cuiabá/MT (por Marianna Peres), adaptado por Equipe BeefPoint