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MT: setor está apreensivo com crise no Frialto

Com dívidas estimadas entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões, o Frialto confirmou ontem que entrou com pedido de recuperação. Alguns municípios de Mato Grosso ficarão com apenas uma opção para o abate, já que o frigorífico era responsável por 38% dos abates de bovinos no norte mato-grossense. Conforme dados da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), antes da crise do Frialto havia 15 unidades em recuperação e agora somam 18.

Com dívidas estimadas entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões, o Frialto confirmou ontem que entrou com pedido de recuperação. Alguns municípios de Mato Grosso ficarão com apenas uma opção para o abate, já que o frigorífico era responsável por 38% dos abates de bovinos no norte mato-grossense. Conforme dados da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), antes da crise do Frialto havia 15 unidades em recuperação e agora somam 18.

Para o segmento, pior que contabilizar menos um grupo em atividade, aumentam as possibilidades de maior concentração de plantas nas mãos de poucos grupos. Como aponta o analista de pecuária do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) – órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) -, Otávio Celidônio, 42 municípios do norte do Estado tinham como opção ao abate uma das três plantas do Frialto, porém 15 destes terão agora apenas um grupo para negociar o gado, que em alguns casos será ou o Pantanal ou o JBS/Friboi. “No entanto, a capacidade de abate do médio norte mato-grossense, que escoava os bovinos para Sinop, ficou 100% comprometida, e para piorar houve um reflexo imediato após a paralisação dos abates. A arroba do boi naquela região desvalorizou R$ 1,60, tanto no norte como no médio norte, e R$ 1 na média mato-grossense, em apenas três dias”.

O superintende da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, lamenta que o Frialto tenha recorrido à Justiça, e entrado para o rol de mais um grupo com a atividade ameaçada. “Até ontem enxergávamos um cenário, agora a recuperação é fato e vamos fazer de tudo para o Frialto volte a ser viável e reconquiste seu espaço no mercado. Porém, a quebradeira geral de pequenos e médios frigoríficos no Brasil é fruto da falta de políticas públicas que dêem suporte financeiro ao segmento. Será que antes de chegarem a esta situação, tanto o Frialto como o Quatro Marcos e o Independência, não foram atrás de crédito? Agora, fica para o mercado, melhor, para os pecuaristas o ônus de menos empresas em atividade e maior concentração de plantas nas mãos de poucos grupos, como vemos hoje aqui no Estado, com o Marfrig e o JBS/Friboi”.

Apesar do tom da crítica, Vacari afirma que mais uma vez a entidade vai acompanhar o processo. “O Frialto é uma importante marca no Estado, é estratégica ao criador e sempre teve excelente postura. Vamos sentar juntos e viabilizar a melhor solução”.

A companhia, que será assessorada pela Felsberg e Associados, tem 60 dias para apresentar o plano de recuperação à Justiça. O advogado Thomas Felsberg disse que o Frialto é uma “empresa solvente com chance de se recuperar”.

Segundo ele, o frigorífico, que suspendeu os abates de bovinos em cinco unidades semana passada, pretende retomar as operações em 15 dias. Questionado como o Frialto pagará pelo boi para abate, Felsberg disse que os pecuaristas têm interesse em que a empresa se recupere, mas não deu detalhes.

Com receita na casa dos R$ 1,2 bilhão por ano, o Frialto conseguiu reestruturar parte de suas dívidas com credores financeiros – de R$ 360 milhões – em 2009. Contudo, continuou a enfrentar dificuldades para obter novas linhas de crédito. Passou então a buscar uma saída, que contemplaria venda da empresa ou arrendamento com opção de compra. O Frialto tem cinco unidades: Sinop, Nova Canaã, Matupá, todas em Mato Grosso, Iguatemi (MS) e Ji-Paraná (RO), com capacidade de abate de 4.040 bois por dia, e construía duas novas plantas, uma em Tabaporã (MT) e outra em Itaberaí (GO).

Segundo fontes do setor de carne e financeiro, o Frialto negociava o arrendamento com a Marfrig, mas divergências com o maior credor do Frialto, que também tinha o mandato de venda da empresa, emperraram o negócio. Felsberg disse não ter conhecimento das conversações e a Marfrig voltou a negar a negociação.

O advogado disse, porém, que “é possível continuar negociando a venda” do Frialto apesar do pedido de recuperação judicial. “A venda pode fazer parte do plano”.

Fontes do setor, incluindo pecuaristas, acreditam que a situação do Frialto é melhor do que a de outros frigoríficos que pediram recuperação judicial porque a empresa tem “bons ativos e um posicionamento melhor” no mercado.

As informações são do Diário de Cuiabá e do Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. JOSE FRANCISCO SOARES ROCHA disse:

    Infelizmente estamos vivendo mais um caso,e haverá outros!
    Todo problema resume-se na falta de administração e planejamento deste segmento de mercado.O mercado era muito favorável,crescente,com oferta de materia prima,oferta mão de obra barata,oferta de crédito fácil,e o credito dados pelos fornecedores(pecuaristas) um perfeito negócio para se arriscar.
    Muitos,acredito até bem intencionados, entraram,cresceram,e ao longo do caminho se perderam por falta absoluta de gestão empresarial.É muito dinheiro na mão, como disse,de pessoas até com vontade de acertar,mas totalmente despreparados.Já vivemos estes caos em outros segmentos do mercado.
    Só mercado e o tempo,irão depurar e eleger os que permanecerão.Até lá,quem for colocar seu patrimonio na mão dos outros,muita atenção!
    O futuro é dos grandes,esta é a lei deste mercado globalizado,queiramos ou não!
    Os pecuarista e sua associações,deveriam tratar carne como comodities,feito o mercado de grãos, e outros,vendas a vista e prazo curtíssimo com garantia.
    Neste mercado e atividade empresárial,os tomadores devem ter capital disponível.
    Qual o prazo que temos quando vamos comprar insumos para confinamento?

  2. ODORICO PEREIRA DE ARAUJO disse:

    Este filme já tinha visto na decade de 70. se formos olhar para traz cade os frigorificos, bordon, swift, diniz, brasil central, kaiowa, anglo, dourados, entre outros. estes eram os grandes exportadores da
    decada de 70 a 80. desapareceram, fecharam as portas, mas não deram prejuizo aos fornecedores. e agora parece que vai repetir tudo de novo, so que tem uma diferença, vão dar prejuizo aos fornecedores.
    o motivo é o mesmo: falta de extrutura para crescer; falta de visão de
    mercado externo e interno; carga tributaria muito alta; custo
    de produção muito alto entre outros fatores. na decada de 70 foi a crise do petroleo que abalou a economia mundial, a economia somente começou a recuperar em 1981. agora foi a crise do final de 2008 e que
    eu acredito que somente começa a recuperar em 2015. começo a enchegar uma estatização do setor frigorifico via bnds. bnds é governo portanto não sei se isso será bom. na decada de 70 tinhamos
    a cobal, sunab que regulava o mercado e funcionava. pelo que eu sei toda a cadeia produtiva da carne bovina ganhava. o mercado de carne mudou muito depois da crise de 2008, o consumidor de uma maneira geral esta mais cauteloso, esta bem mais informado. portanto é ficar antenado na economia global, não endividar a longo prazo, se puder comprar a vista, compra, caso contrario compre em menor parcelas.
    na hora de vender, vender somente a vista.

  3. Thiago Costa Cavenaghi disse:

    Prazo de insumos para confinamento em torno medio de 70 dias para pagamento. Ninguem ve isso né amigo.

  4. jose carlos targa disse:

    Parabens ao Sr. Odorico pelo artigo acima, é uma alerta a todos, a matéria tem fundamento.