Enquanto a Europa discute barrar a importação de produtos vindos de áreas com problemas ambientais, o Instituto Mato-grossense da Carne (Imac) tenta convencer autoridades do bloco de que é preciso dar prazos para que os agricultores e pecuaristas brasileiros se adequem às exigências. Caso esses produtores sejam simplesmente excluídos do mercado, corre-se o risco de um aumento da abertura ilegal de áreas, segundo a Imac.
“Ficou evidente que esse regulamento poderia excluir produtores do mercado, especialmente pequenos e médios, já que esta norma não leva em consideração a dificuldade de regularizar uma propriedade e não respeita o direito dos produtores em realizar a conversão legal de áreas na fazenda ou os pecuaristas que estão em processo de readequação”, diz presidente do Imac, Caio Penido, em nota.
O instituto contratou um escritório de advocacia alemão para analisar o projeto de lei em discussão na Europa e levantar pontos que poderiam gerar impactos negativos, inclusive para a natureza. A discussão foi levada a lideranças da Europa em junho – e, segundo o Imac, muitos se mostraram dispostos a entender melhor a situação antes de prosseguir com o projeto.
Riscos
“Com mercado fechado para esses pecuaristas, pode-se gerar prejuízos econômicos que vão se refletir no meio ambiente, pois estando fora do mercado formal, o faturamento do produtor se reduzirá e para manter seu nível de renda, poderá reduzir o uso de tecnologia e aumentar horizontalmente sua capacidade de produção, desmatando novas áreas”, alega a diretora executiva do Imac, Paula Queiroz.
O Imac também teme que a proposta em discussão abra margem para que a indústria sofra boicotes devido a problemas em fornecedores pontuais. “Ou seja, pune todos, não importa se ele está regular, se regularizando ou se fez uma conversão autorizada pela legislação ambiental brasileira”, disse Paula.
Fonte: Valor Econômico.