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Muita conversa e pouca ação no estabelecimento de um sistema de rastreamento

Parece não haver dúvidas quanto à importância econômica da cadeia da carne bovina para o Mercosul. Seus quatro participantes têm todas as condições de clima, de tecnologia e de custos para colocar produtos de qualidade, tanto em termos de maciez e sabor, como de segurança sanitária. Também parece não haver dúvidas quanto ao aumento da demanda desse tipo de carne no mercado mundial, principalmente em virtude da ocorrência primeiro da BSE (doença da vaca louca) na Europa, e segundo pela epidemia de febre aftosa na Inglaterra e alguns países do Continente Europeu.

Para explorar esse mercado potencial, os países do Mercosul precisam estabelecer entre eles critérios de equivalência sanitária que satisfaçam os mercados compradores mais exigentes. Na semana passada, foi divulgada notícia que Brasil e Argentina estavam dando os passos iniciais para o estabelecimento desses critérios. Aparentemente, tudo parece caminhar lentamente, dada a importância do assunto, principalmente no que nos interessa mais de perto, que é a cadeia da carne bovina. Os integrantes do setor privado da cadeia precisam tanto pressionar o setor público como participar ativamente com propostas, ações e recursos para apressar o estabelecimento de critérios de equivalência sanitária que tenham plena aceitação no mercado mundial de carnes.

Para atuar efetivamente no estabelecimento das normas em termos de Mercosul, cada país tem que estar com sua lição de casa em dia no que diz respeito tanto à existência como de cumprimento da legislação sanitária. Um aspecto imprescindível é o relacionado à rastreabilidade. Sem ela não é possível ir a lugar nenhum em termos de controle tanto sanitário como de qualquer informação que for exigida pelos mercados consumidores.

Grupos isolados, dentro da cadeia da carne bovina de cada país, têm tentado estabelecer critérios de rastreamento para diferenciar seus produtos, o que é altamente louvável sob o aspecto de identificar, criar e explorar nichos específicos de mercado. Entretanto, o que está preocupando é que ainda não existe uma legislação ou exigência normatizada em nível nacional, pelo menos no caso do Brasil, dando os critérios mínimos a serem exigidos em um programa de rastreamento de abrangência geral. Seria muito mais salutar que grupos específicos dentro da cadeia, pudessem elaborar detalhes de rastreamento para atender ou criar nichos de mercado, a partir de normas mínimas de abrangência geral.

Não podemos perder mais tempo esperando que um sistema de rastreamento aplicado à cadeia da carne bovina brasileira caia do céu. As lideranças precisam ser mais dinâmicas e eleger o estabelecimento de um sistema nacional de rastreamento como prioridade.

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