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Não à orfandade

Na sexta-feira passada, tive a satisfação de participar uma vez mais da reunião de trabalho do Comitê da Cadeia da Agroindústria (CAI), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).

A relevância do Comitê, que tem por objetivo central debater e apresentar propostas para colaborar na construção de soluções para a agroindústria brasileira vem, a cada reunião, – que ocorre mensalmente na Sede da FIESP – demonstrando a sua crescente importância.

Presidido por dois importantes representantes do agronegócio brasileiro, Dr. João Ometto e Dr. Carlo Lovatelli, Presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (ABAG), e integrada por mais de trinta entidades representativas, o Comitê já se reuniu diversas vezes ao longo do ano, por vezes contando com convidados especiais e autoridades como o Presidente da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, Deputado Ronaldo Caiado, e, mais recentemente, pelo Ministro da Agricultura Roberto Rodrigues e pelo Dr. Paulo Skaf, Presidente da FIESP. Outras personalidades e representantes do setor certamente se farão presentes nas próximas reuniões.

São objeto de discussões do CAI os mais diversos assuntos que impactam, direta ou indiretamente sobre o setor agroindustrial como a questão das deficiências da defesa agropecuária de competência do Ministério da Agricultura, o importante debate sobre o projeto que versa sobre reserva legal, e que está em vias de ser aprovado no Congresso Nacional, bem como as negociações internacionais, sejam multilaterais no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), regionais como a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), ou mesmo bilaterais.

Neste último encontro, que se mostrou muito produtivo e esclarecedor, os membros do CAI foram taxativos quanto à limitação do Ministério da Agricultura em lidar com a questão orçamentária e de recursos humanos, principalmente para manter e conduzir a problemática defesa agropecuária no Brasil, que atualmente vive um dos seus piores momentos, em que pese seja “prioridade” do Ministério da Agricultura, conforme afirmado pelo Ministro Roberto Rodrigues.

Tenho, entretanto, que voltar à minha espancada constatação, que inclusive foi corroborada pelo Ministro Roberto Rodrigues, “o agronegócio nacional enfrenta, atualmente, sua maior crise, como nunca antes vista”.

Tenho a impressão de que muito do que se assiste hoje é resultado de outros fatores que transcendem em muito os climatológicos, de aumento da produção interna e mundial e da queda dos preços das commodities no mercado internacional.

Não adianta em nada ouvir frases construtivas e de efeito como a do Ministro Roberto Rodrigues de que “A agricultura é a alavanca da economia brasileira”, se muito do que se assiste é a total alienação, despreparo e desconhecimento da equipe econômica do atual Governo e do Partido que hoje comanda o País sobre o papel que o agronegócio desempenha para o Brasil.

Porém devo insistir que a crise instalada é potencialmente mais devastadora devido à falta de credibilidade interna e, principalmente, externa, que não mais depositam confiança no setor que mais gera emprego, renda, conhecimento, crescimento da economia, aumento de divisas para o País e outros componentes econômicos e sociais que aliados são compatíveis com os anseios da sociedade brasileira.

Ante a “impossibilidade” de a equipe econômica e de o atual Governo em identificar e analisar as vicissitudes por que passa o agronegócio nacional, o setor, felizmente, se mobilizou por meio do importante Comitê da Cadeia da Agroindústria da FIESP, que deve ser parabenizada e enaltecida pela invejável iniciativa do seu Presidente, Dr. Paulo Skaf, e dos Coordenadores do CAI.

A partir do intenso e produtivo diálogo entre personalidades, formadores de opinião e representantes dos diversos setores que compõem a economia do País se cria a possibilidade de manter o crescimento sustentado da agroindústria, e de se evitar que o setor seja marginalizado, ainda mais, e levado à condição de órfão pelo Governo Federal.

0 Comments

  1. Daniel Furquim disse:

    Otávio,

    Gostaria de parabenizá-lo por este artigo e pelos outros que você escreveu.

    Seus artigos são claros, objetivos e verdadeiros.

    Parabéns,

    Daniel Furquim
    Frigorífico Bertin