Fechamento 11:51 – 27/03/02
27 de março de 2002
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1 de abril de 2002

Não choveu… será que devo adubar o pasto?

Patricia Menezes Santos1 e Marco Antonio Alvares Balsalobre

Esta é uma pergunta muito comum em propriedades comerciais. Algumas pessoas acreditam que a aplicação do adubo só deve ser feita se chover. Em alguns casos, a adubação do pasto é retardada por vários dias, o que pode prejudicar o sistema de produção como um todo.

Esta dúvida, no entanto, não é totalmente infundada. O aumento da produção de forragem em áreas de pastagem depende de forma direta da aplicação de adubos nitrogenados. No Brasil, a principal fonte de nitrogênio é a uréia, que é bastante susceptível às perdas por volatilização de amônia (ver artigo “Eficiência da adubação com uréia em pastagens”, publicado em 08/09/2000). As perdas de nitrogênio devido à volatilização de amônia, por sua vez, estão relacionadas às condições climáticas.

Este problema foi amplamente explorado por Primavesi et al. (2001). Estes autores realizaram uma série de experimentos na Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos, com o objetivo de estudar os fatores que interferem na eficiência da adubação nitrogenada e seu impacto sobre o ambiente. Em um destes experimentos foi determinado o efeito da época do ano e do nível de adubação nitrogenada sobre as perdas de nitrogênio por volatilização. O experimento foi desenvolvido ao longo de dois anos agrícolas (1998/1999 e 1999/2000) em uma pastagem de Coastcross.

Os autores observaram que as perdas de nitrogênio por volatilização variaram de 1,1 a 52,9% (primeiro ano) e de 4,6 a 61,6% (segundo ano) e que aumentaram com a dose de nitrogênio aplicada (Tabela 1). As perdas dependeram também das condições climáticas. A ocorrência de chuvas nos três dias anteriores à aplicação do adubo levou a um aumento da volatilização devido à maior umidade do solo superficial. Por outro lado, a ocorrência de chuvas nos três primeiros dias após a aplicação do adubo determinou uma redução do nível de perdas por volatilização.

Tabela 1: Médias de perdas de N-NH3 da uréia e fatores edafoclimáticos dos três primeiros dias, antes e após a aplicação dos adubos nitrogenados, nos cinco períodos

Comentário BeefPoint: as perdas de nitrogênio por volatilização de amônia são mais elevadas quando a uréia é aplica em solo úmido. Desta forma, adiar a adubação devido à falta de chuva para reduzir os níveis de perda não é uma prática correta. As perdas por volatilização, quando a aplicação da uréia é feita em solo seco são relativamente pequenas. A ocorrência de chuvas (ou irrigação) após a aplicação da uréia favorece a incorporação do adubo ao solo, minimizando a volatilização de amônia. Em áreas irrigadas, portanto, deve-se procurar programar as adubações de forma que estas sejam feitas sempre imediatamente antes da irrigação.

Referência bibliográfica:

PRIMAVESI, O.; CORRÊA, L.A. PRIMAVESI, A.C.; CANTARELLA, H.; ARMELIN, M.J.A.; SILVA, A.G. da; FREITAS, A.R. de. Adubação com uréia em pastagem de Cynodon dactylon cv. Coastcross sob manejo rotacionado: eficiência e perdas. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2001. 42p. (Embrapa Pecuária Sudeste. Circular técnica, n.30).
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1Embrapa Pecuária Sudeste

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