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Negociação da Alca não agrada setor do agronegócio

O esvaziamento das negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) decepcionou boa parte do agronegócio brasileiro, um dos setores da economia com melhor desempenho nos últimos anos. “O assunto está sendo tratado com um componente ideológico muito ruim, não se trata de uma negociação com os Estados Unidos, do ponto de vista político, mas sim de uma negociação com o continente, do ponto de vista comercial”, disse o presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus), Ademerval Garcia.

O agronegócio é hoje, literalmente, o responsável pelo equilíbrio externo alcançado pelo Brasil, depois de ter chegado muito perto do colapso cambial em 2002. O superávit comercial do setor nos 12 meses até março de 2004, de US$ 26,7 bilhões (de acordo com números do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), corresponde a quase todo o saldo de US$ 27,2 bilhões do Brasil no mesmo período.

Com esse poder de fogo no mercado global, é natural que o agronegócio tenha uma atitude ofensiva nas negociações comerciais e queira reduzir as grandes barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos, o maior mercado de consumo do mundo, com importações de US$ 1,2 trilhão por ano. Os empresários e lideranças do setor não se acanham em criticar a estratégia defensiva adotada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, para negociar a Alca.

O vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e representante do setor junto aos negociadores brasileiros da Alca, Gilman Viana, diz sentir atualmente uma visão, não explicitada pelo governo, de que “todo negócio com os Estados Unidos é ruim para o Brasil”. Segundo ele, os setores do agronegócio brasileiro mais prejudicados pelas tarifas e barreiras americanas são o suco de laranja, fumo, álcool, açúcar e carne. Ele O vice-presidente da CNA, como outros representantes do setor, também critica duramente a atitude dos EUA na negociação da Alca.

No setor de carnes, segundo o diretor da área na trading brasileira Coimex, Jerry O’Callaghan, o problema básico com os Estados Unidos não é comercial, mas sanitário: o mercado americano é totalmente fechado à carne in natura brasileira por questões ligadas à febre aftosa. Ele acha, porém, que o setor deveria olhar estrategicamente para os Estados Unidos, o México e o Canadá como um próximo passo adiante na vigorosa expansão da exportação de carnes pelo Brasil. “O que me preocupa é que parece haver uma atitude de intransigência de governo brasileiro, que impede que cheguemos ao melhor acordo possível”.

Fonte: O Estado de S.Paulo (por Fernando Dantas), adaptado por Equipe BeefPoint

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