Projeto-piloto realizado pela USP está avaliando três mil animais em quatro estados, entre eles o Mato Grosso do Sul, na Fazenda Remanso, em Rio Brilhante. A precocidade sexual das fêmeas e sua correlação com o acabamento de carcaça é tema desse projeto, inédito, coordenado por pesquisadores da USP de Ribeirão Preto, SP. Iniciada este ano em seis fazendas distribuídas por Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás e Minas Gerais; a coleta de dados será concluída ainda em abril, mas a divulgação dos resultados está prevista somente para agosto, época em que será lançada mais uma edição do Sumário Nelore Brasil.
O trabalho é objeto de três teses: duas de doutorado pela USP e UNESP e uma de mestrado, pela UNESP, e avalia animais com idade de 15 a 20 meses da raça Nelore, a pesquisa engloba medições por ultrassonografia da área de olho de lombo (AOL), da espessura de gordura (EG) e da picanha (P8). Tanto as fêmeas prenhes como as vazias têm as medidas coletadas. As comparações são feitas envolvendo animais de grupos contemporâneos, mantidos num mesmo ambiente, já que as condições de manejo alimentar podem interferir nos resultados de acabamento e fertilidade.
Todos os dados irão enriquecer a próxima edição do Sumário Nelore Brasil, que terá 14 DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie)- uma a mais que na edição atual. A novidade ficará por conta da DEP relacionada à prenhez precoce, cujo objetivo é identificar as características importantes para a prenhez aos 14 meses. Apesar de ainda não ter “batizado” a nova DEP, a pesquisadora lembra que a ferramenta representa avanço genético para o Nelore, cuja evolução vem acontecendo de forma rápida e consistente. A intenção do trabalho, feito nos padrões norte-americanos, é abranger todas as fazendas do Programa Nelore Brasil, já a partir do segundo semestre, em forma de prestação de serviços.
Em Mato Grosso do Sul, participam do projeto-piloto: a Fazenda Remanso, de Helio Coelho & Filhos e a Fazenda Santa Marta. Em Minas Gerais, o Rancho da Matinha e a Colonial, em São Paulo, a Fazenda Bacuri (de Barretos) e em Goiás a Fazenda São Dimas.
No rebanho de Helio Coelho & Filhos, por exemplo, a precocidade sexual das fêmeas é um traço de suma importância na seleção. E hoje o plantel tem resultados expressivos com o núcleo super-precoce a pasto. Fêmeas mantidas exclusivamente no capim emprenham a partir dos 11 meses.
“De um total de 110 novilhas desafiadas em 2003, 70 tiveram prenhez confirmada entre 11 e 14 meses de idade, e o melhor: totalmente a campo”, comemora o médico-veterinário Argeu Silveira, responsável pelo melhoramento genético do plantel Nelore de Helio Coelho & Filhos. Para o selecionador, já premiado com o título de Maior Progresso Genético do Programa, a conquista é resultado de um rigoroso processo de descarte e de acertos constantes nos acasalamentos.
“A persistência em usar vacas e touros com DEP’s positivas para as características desejadas, geração após geração, resulta num efeito aditivo, a chamada genética aditiva, garantindo assim um rebanho de alta eficácia para as características de interesse econômico”, afirma Helio Coelho.
O trabalho é fruto da parceria entre criadores, universidades e a AVAL, com o apoio financeiro do PRONEX/CNPq e da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores.