Atacado – 10-12-13
11 de dezembro de 2013
Nosso propósito é mostrar que a pecuária com bons projetos e gestão de qualidade é e será melhor que as outras atividades – Sérgio Arantes (Terminador – Invernista a Pasto)
12 de dezembro de 2013

Ninguém produz dentro da porteira um produto com mais valor agregado que o boi – Sergio De Zen (Professor – Pesquisador)

BeefPoint lançou seu prêmio mais importante do ano para reconhecer e celebrar quem faz a diferença na pecuária de corte brasileira.

Nosso trabalho é focado em 3 pilares: conhecimento, relacionamento e inspiração. Tudo isso com foco em uma pecuária mais moderna, lucrativa e eficiente. Realizar um prêmio que seja uma festa e uma homenagem a essas pessoas especiais da pecuária de corte é a melhor maneira que encontramos para trazer inspiração a todos os envolvidos na cadeia da carne. Celebrar e destacar os bons exemplos é o caminho que encontramos e por isso estamos fazendo o Prêmio BeefPoint Brasil 2013.

A premiação ocorreu durante nosso maior evento de 2013, o BeefSummit Brasil, que reuniu mais de 1.000 pessoas em Ribeirão Preto, SP, nos dias 10 e 11 de dezembro de 2013.

A cerimônia de entrega dos prêmios e divulgação dos ganhadores foi no final do dia 10 de dezembro, após as palestras e antes do coquetel com Chopp Pinguim e degustação de carnes especiais.

Para conhecer melhor os finalistas de cada categoria, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas com cada um deles.

Confira abaixo a entrevista com Sergio De Zen, um dos finalistas do Prêmio BeefPoint Brasil, na categoria Professor-Pesquisador.

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Sergio De Zen é graduado em Engenharia Agronômica pela Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da Universidade de São Paulo (USP), é mestre e doutor em Economia Aplicada, também pela Esalq/USP. Atualmente é professor-doutor da Esalq. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economias Agrária e dos Recursos Naturais. De Zen também é pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e responsável pelas pesquisas nas áreas de carnes (suína, bovina e de frango) e leite, incluindo os Indicadores Esalq/BM&F de boi e bezerro.

BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária de corte do Brasil hoje?

De Zen: Ser sustentável nas vertentes econômica, social, ambiental e produtiva.

BeefPoint: O que o setor poderia, deveria fazer para aumentar sua competitividade no Brasil?

De Zen: Aumentar a produtividade dos fatores de produção. Acredito que a pecuária pode ser muito mais produtiva, mas, para isso, é necessário uma evolução de gestão enorme. A gestão da pecuária de alta produtividade ainda é um dos principais desafios.

BeefPoint: Você poderia nos contar sobre os acertos? O que fez e deu certo em sua carreira? Qual a sua maior realização?

De Zen: A minha maior realização é ter buscado a carreira de professor. Gosto muito de poder entrar numa sala de aula e conviver, trocar experiências com os alunos. Todos os dias, independente de ser uma aula de uma hora ou mais, procuro dar um meu máximo, para tornar esse encontro, antes de qualquer coisa, interessante.

Hoje, o acesso à informação e às mais diversas publicações está muito mais facilitado. Procuro, então, oferecer a eles as minhas experiências e atender a todos. Também penso que “acertei” na escolha de seguir a atividade de pesquisador.

Faz 20 anos que, todos os dias, tenho a responsabilidade de transmitir ao mercado pecuário o valor de referência dos negócios realizados no setor, por meio do Indicador ESALQ/BM&F Bovespa do boi gordo. O peso disso é enorme, pois sou apenas uma face mais visível de uma equipe enorme. Toda essa estrutura depende da boa vontade e honestidade das informações de milhares de colaboradores. Tenho muito orgulho de fazer parte dessa historia; isso me fez pesquisador.

BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?

De Zen: No geral, acho errei mais que acertei. É difícil falar de um erro específico, mas acredito que os maiores foram cometidos pelas coisas que deixei de fazer. Pontualmente, acredito que se tivesse forçado mais a modificação do sistema de coleta de dados do indicador do boi gordo em 2007, quando um grupo de frigoríficos estava disposto a transferir os dados eletronicamente, teria feito muito mais pela transparência do setor, mas não tive forças para superar as barreiras daqueles que não conheciam muito o setor e detinham o poder. Acredito que tudo tem seu tempo e história, isso vai chegar quanto todos os agentes estiverem preparados para isso.

BeefPoint: O que você fez em 2013 que te trouxe mais resultados?

De Zen: A pesquisa em conjunto com a professora e colega Silvia Miranda e uma equipe de sete brilhantes alunos sobre a estrutura de abate no Brasil. Este trabalho, que está sendo publicado esta semana, é fantástico e reuniu, numa mesma mesa, o produtor, a indústria e o varejo. Pela primeira vez, pude ver tantos dados cruzados para se ter informações de uma questão tão complexa. O legado deste trabalho vai mudar muitas coisas no setor.

BeefPoint: O que você pretende fazer em 2014? Quais são seus planos?

De Zen: Eu pretendo investir mais nas carreiras de professor e pesquisador, acredito que tenho que deixar muitas coisas que faço hoje para cumprir meu destino dentro da universidade. Sou filho de imigrantes, que mal falam o português, pequenos agricultores, me formei na Esalq/USP e devo devolver isso para universidade.

BeefPoint: Em sua opinião, o que deve ser feito para aumentar o envolvimento dos jovens na agropecuária?

De Zen: É preciso valorizar o pecuarista, que na realidade é um dos empresários mais competentes do Brasil. Ganhar dinheiro com a atividade é “obra divina”.

BeefPoint: Qual o exemplo de pecuarista do futuro do Brasil hoje? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?

De Zen: São vários, mas destaco os irmãos Marinho da EMA em Corumbá, por produzir com qualidade e em grande escala, o Leoncio Brito, pela habilidade de liderar, Eduardo Riedel, pela competência administrativa, Ricardo Merola, pelo empreendedorismo e o Romão Flores pela competência e simplicidade.

Não posso deixar de citar, ainda, meu avô, que me ensinou como devemos administrar uma fazenda com pessoas. Cresci vendo que ele dividia a administração da fazenda entre meu tio Carlos e meu pai Ugo. Sem estudos, meu tio foi um dos maiores conhecedores dos animais, sabia precifica-los e cuidava deles com muita competência. Meu pai ficava responsável pela parte física, sem desperdiçar um pequeno pedaço de madeira ou um prego. Para ele, eram prioridades cuidar das máquinas e treinar os operadores. Admiro e me espelho nessas pessoas.

BeefPoint: Em sua opinião, qual fazenda se destaca na pecuária hoje?

De Zen: Empresa Marinho de Agropecuária do Pantanal Ltda (EMA), em Corumbá (MS).

BeefPoint: Por que você acha que foi finalista do Prêmio BeefPoint Brasil?

De Zen: A minha experiência de 20 anos no setor pecuário possibilitou um grande crescimento pessoal e profissional. Felizmente, os resultados dos trabalhos e pesquisas realizados ao longo desses anos repercutiram significativamente.

BeefPoint: Que mensagem você deixaria para os pecuaristas?

De Zen: O pecuarista nunca deve desistir, deve evoluir e saber que, ao final da história, ninguém produz dentro da porteira um produto com mais valor agregado que o boi.

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