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No Pantanal, cresce a pecuária sustentável

Para reconhecer boas iniciativas na criação de gado em Mato Grosso do Sul, o governo do Estado lançou, em dezembro de 2018, o programa Carne Sustentável do Pantanal. O alcance da iniciativa cresceu de maneira exponencial desde então. No ano passado, o programa registrou o abate de quase 40 mil animais, o triplo do número do ano anterior e 12 vezes maior que o de 2019. 

No programa, as fazendas que seguem o Protocolo Sustentável do Pantanal pagam apenas 50% do ICMS que o Estado cobraria normalmente. Hoje, 60 propriedades, com rebanho total de 300 mil cabeças, integram a iniciativa. A alívio tributário representa uma economia de cerca de R$ 120 por animal aos produtores. 

Também como parte dos esforços, a Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável (ABPO) trabalha em parceria com o Instituto Taquari Vivo para agregar valor à carne bovina local e recompensar os produtores pela preservação. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), 87,5% da mata nativa do Pantanal está intacta. A média nos biomas do país é de 66%.

Renato Roscoe, diretor executivo do Instituto Taquari Vivo, afirma que o ciclo de cheias dá à região condições ideais para a criação dos animais. Áreas mais baixas do bioma passam parte do ano alagadas, e a inundação ajuda a repor nutrientes e revitalizar as pastagens, explica ele. 

A água também ajuda na limpeza de plantas invasoras, um problema grande em áreas de planalto, que acaba exigindo muito uso de herbicida, complementa Eduardo Cruzetta, presidente da ABPO. “Aqui, naturalmente, a água acaba com essas plantas, quebrando o ciclo de parasitas”, diz. 

Pecuária orgânica 

O serviço de limpeza natural também criou condições para o desenvolvimento da pecuária orgânica, na qual não se usam produtos químicos nem algumas técnicas especificadas pelo Ministério da Agricultura. A inseminação artificial por tempo fixo (IATF), que aumenta o aproveitamento das fêmeas, por exemplo, é vetada. 

“Quando o conceito de pecuária orgânica chegou ao Brasil, no fim dos anos 1990, importado da Europa, a gente viu que o pantaneiro já não usava quase nada, às vezes nem sal mineral”, conta Cruzetta. “Ele já fazia pecuária orgânica. Só faltava certificar”. 

No momento, cinco fazendas que integram a ABPO produzem carne orgânica, e outras duas devem ampliar essa lista em breve. O volume de abates ainda é baixo: são 500 animais por mês. Mas, segundo o presidente da entidade, com a arroba do boi orgânico sendo negociada por valores de R$ 6 a R$ 7 superiores ao do gado convencional, esse sistema de criação é muito atrativo. “O mercado vinha crescendo antes da pandemia. Temos expectativa de que agora haja uma retomada”, afirma ele. 

Toda a produção orgânica da ABPO é vendida no Brasil, mas já há conversas com potenciais compradores dos Estados Unidos e da Europa. Segundo Cruzetta, a associação também já identificou interesse de compradores do exterior pelo couro dos animais. 

Fonte: Valor Econômico.

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