Richard James Walter Robertson
Gostaria de elogiar a mensagem do colega Névio Primon sobre a imagem negativa dos produtores rurais.
Nasci em plena metrópole (Rio de Janeiro) e fui conhecer a primeira vaca “ao vivo” só aos nove anos de idade. Desde então, apaixonei-me pelo meio rural. Aí, meu pai por acaso comprou uma fazenda. Daí prá frente foi só paixão!
Hoje, sou formado em medicina veterinária, produtor RURAL, muitíssimo orgulhoso de produzir alimentos.
Agora eu pergunto: a culpa é de quem? A culpa é nossa mesmo.
Falta união à classe produtora. Falta expressão política. Falta esclarecer ao consumidor de onde (e como) é produzido o alimento que vai todos os dias às milhões de mesas deste país faminto.
Me angustia ter sido urbano um dia e comprovar que o campo não tem o mínimo valor.
O que é que o “urbanóide” vê? Sem terra invadindo e apanhando, fazendeiro jogando leite no bueiro, queimando vaca, importando gado clandestinamente do Paraguai … A carne causa câncer e mata de doenças cardíacas. A soja é transgênica, a batata tem mercúrio.
E da Coca-cola, alguém fala mal? Por que não?
Marketing, o bom e velho marketing.
Repito. A culpa é nossa mesmo.
Por acaso temos alguma imagem melhor para mostrar? Faltam estradas, luz elétrica, comercialização, ALFABETIZAÇÃO NO CAMPO. A lista é enorme.
Só nos resta – pobres sofredores desorganizados e erroneamente rotulados de incompetentes – assistirmos a tudo isto de braços cruzados. E o que é pior, vamos continuar isolados em nosso individualismo, surdos às orientações, feitas por pessoas da maior competência, que tanto pregam o associativismo como única solução para o produtor brasileiro.
Campanhas de leite? Só de Longa Vida, que vende embalagens. Tem campanha do leite A? Do mercado de produtos orgânicos (inclusive de nossa abençoada carne)? Pagamentos justos por qualidade?
Coitados dos pobres “urbanóides” !!! Nem nos Estados Unidos eles sabem a diferença entre a BSE (doença da ´vaca louca´) e a febre aftosa. Apesar de não perceberem a própria ignorância, deixam de consumir diversos produtos. Antes de elogiar nosso boi verde, pregavam que o mesmo seria anti-ecológico por ser criado onde antes era Floresta.
Não adianta! Não adianta tentarmos reunir os produtores, aconselhando-os a se associarem. Isto é uma questão de um longo aprendizado que, infelizmente, terá que ocorrer na base do choque.
Quanto a estes ignorantes e desprezíveis “urbanóides”, tentemos fazer com que a mídia leve a informação correta. Nada como um bom marketing.
Nem mesmo o produtor imagina o quanto é eficiente. Produzimos sem subsídios, atingimos qualidade reconhecida internacionalmente e ainda temos que ouvir todos estes absurdos.
Prezados colegas rurais: associem-se e organizem-se. Cheguem à mídia antes “deles”. Vamos fazer nosso marketing todos os dias.
Prezados colegas “urbanóides”: deixem de ser ignorantes e se informem antes de “dar uma de Ofélia”.
Afinal de contas, somos todos orgulhosos brasileiros, produtores e consumidores !!!
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Richard James Walter Robertson é médico veterinário e produtor rural