Nesta semana, duas notícias importantes para a pecuária de corte merecem destaque. Primeiro, o pedido e obtenção de Concordata preventiva por parte do Grupo Fazendas Reunidas Boi Gordo, e segundo, o lançamento da Marca Brazilian Beef na Feira Internacional de alimentos e Bebidas realizada na Alemanha.
Em relação à primeira notícia, só temos a lamentar, pois, mesmo sendo ainda uma Concordata, que desejamos seja cumprida, de fato prejudicará toda a cadeia produtiva da carne bovina. O referido Grupo teve o mérito de trazer para o setor produtivo da cadeia da carne bovina grande número de pequenos investidores, normalmente profissionais liberais que encontraram uma alternativa de aplicação de suas economias.
No melhor dos cenários, isto é, o cumprimento da Concordata, os investidores terão perdas no curto prazo, pois não poderão cumprir ou assumir compromissos planejados que dependiam da liqüidação de seus contratos. A cadeia da carne bovina também será afetada porque investidores em potencial vão procurar outras alternativas. No pior dos cenários, isto é, decretação de Falência se a Concordata não for cumprida, além da perda quase total por parte dos investidores, os prejuízos para a cadeia serão enormes, pois poderá perder por um longo período de tempo entrada de recursos originários de outras atividades econômicas.
Achamos que é necessária imediatamente uma auditoria detalhada para averiguar o que de fato aconteceu no gerenciamento das atividades do Grupo, visando dois objetivos: comprovar a probidade do Grupo ou responsabilizar e punir severamente eventuais deslizes. Seria altamente promissor que o próprio Grupo solicitasse essa auditoria, com participação de representantes dos investidores. Argumentar que a suspensão de liberação de contratos por parte da CVM e que os atentados terroristas ocorridos em setembro nos Estados Unidos seriam os responsáveis é brincar com a inteligência dos investidores.
Com relação à notícia do lançamento da Marca Braziliam Beef, em princípio, todos devem ficar otimistas. Segundo a notícia, a Marca foi criada pela ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), que merece elogios pela iniciativa. Entretanto, não foi mencionada a participação do setor de produção. Todos hão de convir que qualquer marca para ser bem sucedida tem que ter suas características bem definidas que terão que ser incorporadas nos sistemas de produção. Portanto, a participação do setor produtivo, não só na definição dessas características, mas também nas eventuais vantagens comerciais que poderão ser conseguidas, é de primordial importância. Nos parece um bom momento para uma integração e entendimento comercial entre o setor produtivo e o industrial da cadeia da carne bovina.
A técnica de escolher as melhores carcaças do pool de abate para retirar os cortes destinados à exportação, normalmente usada pelos frigoríficos, tem que evoluir para contratos ou acordos de fornecimento de bois para abate que atendam as características da Marca Brazilian Beef, que poderão atender diferentes nichos de mercado. A Marca deverá ser geral e ganhar a confiabilidade de que, qualquer tipo de carne bovina com a Marca Braziliam Beef destinada a diferentes nichos de mercado, atendam de fato as características exigidas por aquele mercado. A inclusão do nome do País na marca aumenta ainda a responsabilidade pela confiabilidade da mesma.