Quando se constata algumas propostas sugeridas na nova IN do MAPA que pretenderá substituir a IN-17, a sensação que suscita é estarmos diante de algo realmente inovador: um processo de certificação com incomum simplificação, propondo extraordinárias facilidades operacionais de execução dos procedimentos e ainda a possibilidade de identificação "coletiva". Mais uma incrível criação à brasileira? E a propósito: Rastreabilidade com identificação coletiva dos bovinos e bubalinos; é inacreditável a essa altura que se insista nisso.
Um título emprestado da matéria da revista Veja de 27/10/1999 que tempera com uma dose de sarcasmo um perfil bem brasileiro; para alguns, tido como nossa maior virtude: O famigerado jeitinho.
Saci – personagem do folclore brasileiro – neste caso é uma ironia da revista. Na verdade, ao que se refere a matéria é SACI – acrônimo de Satélite de Aplicações Científicas. Mas no que isso é relevante para a rastreabilidade bovina?
Vejamos o que trata a matéria: “A perda do Saci-1 é um duro golpe na ambição brasileira de desenvolver ciência aeroespacial com pouco dinheiro”. Até ai tudo bem, se não possuímos as mesmas condições financeiras dos países desenvolvidos, mas temos gente criativa vamos tentar fazer dessa forma.
Ok, a matéria prossegue: “O grande trunfo do satélite era exatamente seu baixo custo, menos da metade do de seu antecessor, o SCD-2. Para isso, economizou-se em vários componentes e inventaram-se tecnologias mais baratas.”
Opa! Aqui a coisa começou complicar. Inventamos componentes e inventamos tecnologias baratas? Será que os países desenvolvidos com comprovada e longa experiência no desenvolvimento de satélites nunca pensaram nessa possibilidade?
Se eles têm dinheiro de sobra para gastar, problema deles. Ou quem sabe durante todos esses anos eles tiveram sorte e nós tupiniquins vamos mostrar como se fazem as coisas?
É pode ser…
Porém essa saga brasileira não para ai: “Até mesmo o lançamento foi adaptado, já que o Saci viajou de carona num foguete…”
Ou seja, resumindo: construímos um satélite com um custo baixo. Aliás, muito mais baixo como jamais fora feito no mundo civilizado, embarcamos tecnologias baratinhas, baratinhas (quem sabe muita coisa comprada na Rua Sta. Ifigênia em São Paulo) e para concluir colocamos de “carona” em um outro veículo lançador. Carona; Essa última foi de mestre!
Mas o resultado é a conclusão do artigo da Veja: “Se tivesse dado certo, teria provado que o Terceiro Mundo pode competir na indústria espacial. Como não deu, talvez tenha demonstrado o contrário…”
Espera ai. Esse texto parece que está fora de contexto. Mas não está!
Isso vem à mente ao deparamos com informações que já são de domínio publico a respeito da nova IN do MAPA que pretenderá substituir a IN-17, em vigor atualmente e regulamentando os procedimentos da certificação Sisbov.
Quando se constata algumas propostas sugeridas na minuta, a sensação que suscita é estarmos diante de algo realmente inovador: um processo de certificação com incomum simplificação, propondo extraordinárias facilidades operacionais de execução dos procedimentos e ainda a possibilidade de identificação “coletiva”. Mais uma incrível criação à brasileira? E a propósito: Rastreabilidade com identificação coletiva dos bovinos e bubalinos; é inacreditável a essa altura que se insista nisso.
Mas vamos em frente.
Outro detalhe da proposta realmente chama a atenção. Um instante: Por que se está querendo mudar o Sisbov se atualmente quase duas mil propriedades estão certificadas ERAS e pela primeira vez, desde 2002, recebemos elogios em auditoria da Comunidade Européia?
Logo agora quando produtores organizaram a gestão das suas propriedades, se adequaram as Normas do Sisbov, demonstrando que na pecuária de corte também é possível evoluir dentro de padrões de normatização já perfeitamente incorporados no comércio e na indústria?
Fica a questão.
Voltemos às inovações: “Entidade Certificadora Profissional Liberal”.
De acordo com a proposta, um profissional graduado em ciências agrárias será habilitado pelo MAPA para realizar procedimento de certificação Sisbov-ERAS. Um profissional liberal, pessoa física, depois de “treinado” pelo MAPA torna-se uma certificadora. Interessante que até o momento o Mapa reiteradamente se recusou em treinar os técnicos das Certificadoras habilitadas, tão pouco os seus responsáveis técnicos, não obstante, o tenha feito várias vezes para os fiscais federais e técnicos das unidades de defesa sanitária estaduais, inclusive contratando auditores da União Européia como instrutores.
Claramente se descortina o pano de fundo dessa nova IN que além de tentar indiretamente extinguir com as certificadoras (pessoa jurídica) atualmente credenciadas pelo Mapa, as substituindo pela Entidade Certificadora Profissional Liberal quer oferecer a ilusão da simplificação. Realmente uma idéia revolucionária. Jamais utilizada num sistema de certificação decente. Opa lá! Um novo Saci?
Primeiro é necessário entender o que é uma certificadora em termos internacionais e em termos normais. Aqui vale destacar que não foi o Brasil que criou no mundo o conceito de certificação por 3ª parte (Entidade independente de avaliação de conformidade) como também não foi o Brasil que inventou os satélites de órbita terrestre. Os que funcionam pelo menos.
O Inmetro, órgão oficial normativo do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, define a acreditação como sendo a atestação de terceira parte relacionada a um Organismo de Avaliação da Conformidade – OAC (na prática conhecemos como certificadora), comunicando a demonstração formal da sua competência para realizar tarefas específicas de avaliação da conformidade (auditoria, inspeções). Representa o reconhecimento formal da competência de um OAC para desenvolver tarefas específicas, segundo requisitos estabelecidos (geralmente uma Norma). Além disso, realiza-se um formal e efetivo compromisso do Organismo acreditado no cumprimento das cláusulas das Normas referência de uma determinada acreditação; e com o objetivo de verificar se o Organismo continua atendendo aos requisitos e aos regulamentos da acreditação, são promovidas avaliações periódicas de supervisão e de reacreditação.
Evidentemente, não existe em lugar nenhum do mundo civilizado essa figura de Certificadora Pessoa Física proposta para a nova IN. Embora o Mapa como órgão oficial responsável pela sanidade animal e vegetal tenha autonomia para criar um sistema, terá que atender pressupostos mínimos consagrados e capazes de promover a confiança aos produtos e serviços disponibilizados, por meio do reconhecimento da competência dos Organismos de Avaliação da Conformidade, com credibilidade e consonância com as práticas internacionais.
Fora disso estaremos criando novos Sacis, nos expondo novamente como o país do jeitinho e não confiável. Embora forças políticas unicamente comprometidas com seus projetos pessoais se esforcem em vender uma idéia eleitoreira e xenófoba de “La garantía soy yo”, toda a população de uma forma ou outra paga a conta de qualquer perda de credibilidade do país.
É certo que o Mapa tem a prerrogativa de alterar o sistema de certificação. Aliás, como está propondo agora. Uma vez que detém o controle da BND (Base Nacional de Dados) e realiza auditorias nos ERAS, por exigência da UE, porque não assume integralmente o Sisbov, incluindo seus bônus e ônus? A resposta parece muito lógica. As certificadoras se tornaram indevidamente um grande escudo e uma válvula de escape para o próprio Mapa. Todas as deficiências na coordenação do sistema pelo Mapa se credita a responsabilidade para a iniciativa privada. As certificadoras se tornaram a “Geni” da rastreabilidade! Cômodo não é?
Interessante que em outras certificações do próprio Mapa, Orgânicos, PIF (frutas), Armazéns, para citar alguns exemplos, tudo caminha normalmente incluindo parceiras com o Inmetro, e não se cogita em eliminar as certificadoras.
Vender ao mercado a idéia que é possível e vantajoso criar um sistema de certificação da rastreabilidade bovina, extremamente simplificado, baseado na GTA eletrônica e se utilizando da certificação por lote pode seduzir num imediatismo ingênuo. Como seduziu a idéia, ou melhor, a tentativa do Brasil ensinar o mundo como se constrói satélite de baixo custo. Ê Saci!
Porém, é difícil acreditar que técnicos do Mapa envolvidos na coordenação do sistema Sisbov que adquiriram experiência com sistemas da qualidade, gestão e conformidade, desde 2002, tenham gestado essa proposta para a mutilação do IN-17, senão por uma enorme pressão política completamente divorciada das reais questões técnicas.
Resumo dessa ópera Tupiniquim:
A União Européia exige, minimamente, 90 dias de permanência do animal no Sisbov com 40 dias na última propriedade e identificação individual. Então é 90 dias nem um minuto a mais, é identificação individual no pau da viola. Até mesmo nos esforçaremos para reduzir a “noventena” e tentar conseguir identificação por lote, mesmo correndo riscos de comprometer as exportações.
Ao invés de atender esse importante cliente da carne bovina, buscando oferecer algo a mais, inclusive reforçando a credibilidade internacional do produto brasileiro, levantamos a bandeira anacrônica da luta de países pobres contra ricos, justificando as nossas deficiências como barreiras técnicas dos melhores compradores do nosso produto.
Lastimavelmente ainda no Brasil certos setores se comportam com o perfil típico do fornecedor tacanho, de mentalidade ultrapassada que só atende no máximo, o mínimo das expectativas dos clientes e ainda com fanfarronice se vangloria “eles tem que comprar de nós…”, quando no mundo globalizado e competitivo busca-se cada vez mais “encantar” os clientes.
Será que esse Saci além de não ter uma perna é cego?
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Prezado Altino lopes Filho.
Estava me recusando ate agora a comentar este primor gestado acho eu nas ante salas do MAPA, pois me recusava a creditar que “isto tivesse sido gestado pelo quadro tecnico do MAPA que considero super competente, mas acho como vc que cederam a pressoes politicas visto que as eleiçoes se aproximan, e sendo eu responsavel tecnico de uma certificadora iriam dizer que eu estava defendendo causa propria, mas nao é este o ponto porque o bom senso é uma caracteristica propria e pessoal ou se tem ou nao, mas voltando ao SISBOV, ele no meu entender precisava mesmo de simplificaçao, mas dai substitur por este “primor” que esta sob consulta publica é no minimo uma brincadeira de mau gosto que vai custar caro ao pais como um todo e aos pecuaristas serios do Brasil.
Isto no meu entender é a vitoria do atrazo e dos que nao querem é ter seus negocios as claras, se o problema para esse pessoal é as certificadoras, penso que nao tem problemas, pois sao poucas empresas e que estao fazendo das tripas coraçao para sobreviver e que bastaria entao o mapa passar todas as suas atribuiçoes para os orgaos oficiais dos estados e o problema estaria resolvido, e nao acabar com o SISBOV desta maneira, pois é isto que vai acontecer no meu entender, isto que estao propondo nao é certificaçao e muito menos rastrabilidade, vamos perder toda credibilidade conquistada a duras penas.
Acredito que voce tenha tocado no ponto certo, parabens pela lucidez do artigo, e acrescentaria que alem do saci, teremos um mico, ou talvez um monstro disforme, mas como diziam os mais sabios lá de Minas Gerais minha terra natal, o tempo cura queijo, vamos aguardar e assistir onde vai dar este “primor” inventivo ou essa ansia de reiventar a roda.
Parabéns, concordo com seu artigo.
Lendo as instruções se percebe que só podemos pedir brincos após zerado o estoque.
Tambem só temos 4 dias para a brincagem dos animais comprados, ou seja, impossivel comprar animais sem termos os brincos.
Caso o frigorifico não de baixa em animais abatidos o produtor devera faze-lo, o que quer dizer que teremos que fiscalizar o trabalho dos frigorificos.
Colocamos um brinco coletivo e depois o retiramos para colocar um individual?Caso já tenha um individual e o frigorifico nao queira pagar o agio de exportacao retiramos este brinco e colocamos novamente outro coletivo para que o frigorifico não fique gratuitamente com o animal exportável?
A cada compra que fizermos temos que levar o certificador para comecar a contar a noventena?
Realmente, deveriamos talvez tentar simplificar o processo retirando a Dia que apenas contem os numeros do brinco, e outras coisas como já existir uma via da gta para ser arquivada ao invez de tirarmos copia da mesma, além de outras, mas do jeito que propuseram me parece inclusive pior do que a anterior.
Joao Borges dos Santos Junior – engenheiro civil e pecuarista
Prezado Altino,
O pior, é que através de uma portaria mudaram o sentido da palavra “Certificação”…
Acredito que a palavra Certificação deva ser empregada como um atestado de que determinado produto, possui as características especificadas. Um produto possui determinada qualidade por ter sido produzido atendendo a requisitos pré-determinados, por exemplo: Controles de manejo que permitam uma produção que mantenha a dignidade de todos os envolvidos no processo: sanidade, alimentação, meio ambiente e mão de obra utilizada.
Algum sábio, pressionado ou não, determinou que a partir da “portaria 459” certificação passa a ser o ato de : identificar bovinos e bubalinos, e garantir que tal identificação foi efetivamente realizada e de forma correta.
Pena que na 1ª auditoria externa (européia ou não), os auditores perceberão que a tal certificação nada mais é do que identificar o animal, para determinar sua origem (física), e o caminho (físico) que percorreu até o abate no frigorífico..
É muito pouco para quem deseja competir com produção efetivamente controlada, como a deles. Não se fala de sistemas de manejo (sanitário ou alimentar). Como foi criado? com que foi alimentado? que moléstias teve? que produtos veterinários utilizou? a carência de tais produtos foi observada?
A propriedade de onde se originou, possui estrutura de manejo e algum controle para garantir ou comprovar que as questões mencionadas acima foram observadas?
Após tal portaria (459) nada disso importa, desde que a propriedade produtora, tenha curral, tronco de contenção, embarcadouro, todos animais acima de 10 meses tenham sido identificados, suas identificações sido “certificadas” por alguém credenciado, e tais animais registrados na BND… Esta é uma propriedade ERAS, e apta a ter seus animais exportados… não importando nem mesmo o manejo sanitário / alimentar utilizado…
Continuamos nos achando muito espertos, continuaremos a viver a rotina de reprovações nas auditorias externas, continuaremos a reclamar do rigor com que somos auditados, culparemos o protecionismo dos países que nos auditam, continuaremos tentando seguir adiante, sem nunca sair do lugar… continuamos no país do “finge que faz, que eu finjo que acredito…
É triste, mas nunca comeremos omelete algum, se não nos prepararmos para, pelo menos quebrar alguns ovos!
Prezado Otavio Cesar Bucci,
Quando tive os primeiro contatos com a rastreabilidade bovina, ainda na década de 1990, despertou-me para uma fantástica revolução técnica, sanitária e comercial sem precedentes que se iniciava. É certo que sua implantação tem sido complexa em todo o mundo.
Talvez o principal fato anterior mais próximo em importância, aqui dentro do país, tenha sido o código sanitário federal nos fins dos anos 60. Retirou-nos do Jurássico sanitário, no que tange a produtos de origem animal, e guindou o Brasil, à época, para a modernidade, permitindo um ciclo de exportações que posteriormente se interrompeu, dentre as várias razões, pela febre aftosa, retomado pós abertura comercial.
Claro, não podemos esquecer-nos da globalização; quando então o Brasil de um sistema meio soviético de economia absurdamente fechada e a contra gosto de muitos se viu como ator em meio ao comércio mundial e teve que atuar dentro de regras de concorrência querendo ou não. Lembra-se como teve gente formadora de opinião e respeitada que se manifestou contra a globalização?
Diziam em alto e bom tom que seria o fim da economia brasileira engolida pelo projeto maquiavélico do capitalismo internacional!
Com um incrível paralelismo ao que vemos hoje com a rastreabilidade, ocorreu enorme pressão política contrária a implantação do código sanitário federal que se dizia ser de absurdas exigências e nem a própria Europa cumpria esses requisitos (parece alguma coisa que estamos ouvido atualmente com referencia a rastreabilidade ou não?). Pois bem, os motivos das reclamações da época referiam-se, por exemplo, aos controles higiênicos, sanitários e de limpeza nas indústrias, tão comuns hoje e incorporados a nossa rotina que chega ser hilariante, cômico mesmo pensar que relativamente poucos anos atrás destacados lideres de classe e políticos se opunham ferrenhamente a essas mudanças.
Nas palavras do filósofo faço as minhas: “Aquele que não observa o passado corre o risco de repeti-lo.”
Portanto o futuro será o juiz.
Grato pelos comentários.
Abraços
Altino Lopes Filho
Prezado Jose Mnanuel de Mesquita,
O que o senhor vê como necessário já existe na certificadora que nos presta serviço. Basta o ministério ter registro também na BND. A certificadora que nos atende disponibiliza software para gerenciamento integrado com rastreabiliade sisbov, nossa propriedade desde 2004 possui vários lançamentos de eventos.
Utilizo a rastreabilidade e a identificação individual em nossa propriedade em primeiro plano como ferramenta de gestão (manejo e administrativa) e em segundo lugar para obter diferencial de mercado. Se hoje lançar no sistema um animal, tenho registros de eventos aplicados desde 2004. O sistema inclusive fornece árvore genealógica com busca até dos bisavós dos animais (tudo com composição racial e etc). Abaixo o que podemos informar de eventos aos animais:
Eventos de reprodução
Cobertura em regime de pasto
Cobertura por inseminação artificial
Cobertura por monta controlada
Diagnóstico de prenhez
Estação de monta
Exame andrológico
Monta automática
Parto
Retificação de diagnóstico
Eventos de Produção
Avaliação de Característica
Castração
Animal para descarte
Desmame da vaca
Mudança de categoria
Mudança de Regime Alimentar
Seleção para Reprodução
Eventos Sanitários
Combate a ectoparasitas
Medicamentos
Nutrição
Sêmen
Vacina
Vermífugo
E outros necessários
Eventos de Movimentação
Mudança de local
Mudança de lote
Cadastro particular de pessoas
Avaliador
Cliente
Criador de animais
Inseminador
Revendedor de insumos
Relatórios Diversos
Pesagem de animais
Genealogia
Relatório de avaliação
Previsão de parto, Intervalo Inter-parto
Fêmeas a diagnosticar
Desempenho de vacas
Resumo estação de monta
Cadastro de animais
Consolidado de eventos
Basta o mapa querer que poderá em qualquer momento obter as informações.
Sou da opnião como a de vários produtores que o sistema deve permanecer como está hoje. Em 2008 de 10 fazendas passavam 2 e agora de 10 passam 9, isto pq o MAPA FLEXIBILIZOU suas próprias travas que dificultavam (não se podia aprovar fazenda que frigorifico não baixava animais, fazenda com saldo bagunçado não entrava, documentos entregues fora do prazo e demais, hoje com salvos se pode). Os obstáculos não visualizados pelos produtores em 2008 são atualmente. O sistema hoje é tranquilo e fornece registros.
A quantidade de animais rastreados europa hoje é abaixo da demanda o que é fundamental para se obter diferença na @, os frigorificos renovaram seus contratos no inicio de 2010 e terão que cumprir cota hilton e isto beneficiará produtores se a oferta for equivalente ou abaixo da demanda ou beneficiará a outra ponta se um sistema fácil e frágil puder fornecer uma oferta em abundância com relação à demanda. Mas acho que o mercado comprador não quer isto, algo de pouco registro e credibilidade.
Jose Manuel de Mesquita,
A certificadora que nos atende disponibiliza software que utilizamos desde 2004 para gerenciamento de nossa propriedade. Desde esta época que aderimos ao SISBOV o fizemos em primeiro lugar pela posibilidade que nos foi apresentada de identificação individual dos animais e ferramentas que nos proporcionou utilizar a identificação individual sisbov correlacionada com o manejo da fazenda como ferramenta de gestão administrativa e de manejo. Tal trouxer vários benefícios, inclusive financeiros (desaparecimento de gado, troca de ERA do gado, gestão dos insumos e etc).
Em segundo lugar veio a questão do spread que poderíamos conseguir a mais no frigorifico. Vale ressaltar que naquela época como tinha animais rastreados em abundância, os frigorificos só compravam rastreados. Desta forma todos os produtores perdiam, o boi teve deságio, tinhamos que rastrear para ganhar vender do mesmo preço e se não rastrease ai sim era pior perdiamos R$2,00.
O sistema hj com 2.000 fazendas e com animais com quantidade igual ou abaixo da oferta proporciona SIM ganhos reais, que durante 2009 variaram de R$10,00 à R$2,00 de acordo com o cumprimento dos contratos fechados pelos frigorificos.
Este novo modelo proposto por nossos representantes é muito ruim para os produtores por vários motivos, sendo o pior a questão do retorno financeiro. Deve permanecer como está hoje, quem não tá no sistema não perde e quem está ganha efetivamente, e de acordo com a epoca do ano e cumprimento de contrato dos frigorificos esse retorno é bom.
Temos que prestar atenção nestes que dizem nos representar, essa conversa de que o sistema atual é exclusivista e esta nova proposta é inclusivista me cheira muito mal. Ou estão dando tiro no pé e não visualizaram que financeiramente para o produtor que aderir e que não aderir é pior ou vão nos prejudicar para beneficiar os frigorificos, pois esta nova proposta só visa uma coisa, ter animais em abundância rastreados.
Voltando a vaca fria, as ferramentas disponibilizadas pela certificadora que nos atende e que possuíamos registros no sistema desta desde de 2004 são:
Eventos de reprodução
Cobertura em regime de pasto
Cobertura por inseminação artificial
Cobertura por monta controlada
Diagnóstico de prenhez
Estação de monta
Exame andrológico
Monta automática
Parto
Retificação de diagnóstico
Eventos de Produção
Avaliação de Característica
Castração
Animal para descarte
Desmame da vaca
Mudança de categoria
Mudança de Regime Alimentar
Seleção para Reprodução
Eventos Sanitários
Combate a ectoparasitas
Medicamentos
Nutrição
Sêmen
Vacina
Vermífugo
E outros necessários
Eventos de Movimentação
Morte
Mudança de local
Mudança de lote
Venda para frigorífico
Venda para criador
Transferência entre propriedade do produtor
Cadastro particular de pessoas
Avaliador
Cliente
Criador de animais
Inseminador
Revendedor
Relatórios Diversos
Pesagem de animais
Genealogia
Relatório de avaliação
Previsão de parto, Intervalo Inter-parto
Fêmeas a diagnosticar
Desempenho de vacas
Resumo estação de monta
Cadastro de animais
Consolidado de eventos
Ou seja, a BND pode receber as informações acima de nossa propriedade quando quiser, basta prepar-se para receber.
Vejo como vc que informações de manejo são de fundamental importância e isto mais uma vezes está sendo deixado de lado.
O grande problema do SISBOV é justamente a quantidade de mudanças que já ocorreram, o sistema que ai está atende a alguns anos e toda mudança exige aprendizado e problemas ocorrem. Será que os produtores que ainda persistem estão dispostos a mais mudanças??? Será que o mercado comprador deseja mudanças??? Será que as mudanças não irão gerar mais descrediblidade ao sistema???
Em time que está ganhando não se mexe. Agora quando o time tem vários técnicos com interresses diversos qualquer risco vale a pena não é, no final quem sofre mesmo é a torcida “produtores”.
Tenho certeza que a grande maioria dos que estão na lista atual não desejam mudanças, tomará que o mercado comprador não aceite.
Prezado Fábio Henrique Ferreira,
Nunca duvidei de que existam empresas com os controles necessários para a correta rastreabilidade que prometeram aos importadores europeus.
Meus questionamentos, estão relacionados sempre a forma como o sistema foi definido. Não aceito como normal a interferência do “ente Estado – alguma forma de governo” entre um fornecedor e um consumidor/fabricante/frigirífico…
Se os frigoríficos desejam animais com determinadas especificações, que montem um sistema com fornecedores capazes, lhes pague o justo valor, e terão o animal que desejarem, com todos os controles especificados… não haverá problema.
Mas terão que pagar por isso… ao passo que fazendo da forma que fizeram agora, aparecerão centenas de milhares de animais, com o maldito brinco em uma das orelhas, nenhum controle sanitário / alimentar… desde que a propriedade tenha curral, tronco de contenção e embarcadouro…. pronto a mágica está realizada… são todos animais passiveis de exportação.
Em todas minhas observações feitas neste epaço (beefpoint), tenho mencionado que tudo está sendo dirigido aos frigoríficos e as certificadoras…
Veja meus comentários neste tópico “Reflexões sobre a rastreabilidade bovina e certificação de propriedades rurais no Brasil” e neste outro “José Ricardo Skowronek Rezende: precisamos definir melhor os papéis de cada agente da cadeia”
Ambos os tópicos pertencem a mesma pessoa “José Ricardo Skowronek Rezende”
trocamos umas 10 cartas sobre o tema, é clara a intenção dos agentes do estado a favor de grandes grupos corporativos.
O problema é que a festa será sempre bancada por quem produz, seja em taxas pagas diretamente a empresas terceirizadas, ou através de aumento de impostos existentes, oumesmo com a criação de novos.
É triste, mas infelizmente, nossos representantes no congresso e nas associações patronais (CNA inclusive) nada fizeram quando foi definido o Sisbov, nem quando foi seguidamente alterado… até chegar neste coisa mostrada pela portaria 459, que não representa o conceito do que está registrado na ultima lei assinada por nosso atual presidente.
O espaço é curto, o assunto é longo e nada podemos fazer… continuarão vencendo os interesses corporativos (governamentais ou privados).
Boa sorte, e saúde.
JMM
Sr. Roberto,
A BND receber esta quantidade de informações de todas as propriedades se exigiria bastante sim. Só quis compartilhar com o colega jose manuel que pensa ser válido como eu tmb que o sisbov deveria verificar e armazenar informações além de rastreabilidade, já é feito por mim ele e vários outros e é possível caso o ministerio quissese.
Não defendo software para gestão do sisbov atual, até mesmo pq o que afirmei acima que utilizamos só funciona com internet, assim nossos documentos são todos gerados efetivados à mão na propriedade, como o da maioria das propriedades da lista traces e são processados em escritório. Como vc mesmo afirma e concordo cada um com seu sistema de produção.
Agora defendo que o sistema atual permaneça com uma quantidade de propriedades que é compatível ou inferior a demanda de animais rastreados. Pois desta forma os produtores que participarem do sistema efetivamente terão retorno com o investimento em rastreabilidade (falando somente em diferencial no frigorifico…com certeza bem implementado e utilizado gera outros vários beneficios).
Esta proposta pela portaria 459 dá retorno em meu ponto somente aos frigorificos e aos ESPECULADORES (aqueles que não produz boi e não compra boi para desossar, são os que especulam nas bolsas de valores em ações e etc) que aqui defendem um sistema inclusivista, sem identificação individual e demais para assim terem uma avalanche de animais rastreados no sistema. Tenho certeza que não é o seu caso.
Esta proposta de sistema com incontáveis animais rastreados que se pensa só gera prejuizo ao produtor. Se acontecer o que acho improvável e torço para que não, teremos custo sem retorno efetivo, haja visto voltaremos aquela época do deságio, onde os frigorificos só compravam rastreados. Ou seja, rastreavamos para ganhar a mesma coisa e quem não rastreava ai sim que levava prejuízo.
Só não quero retroceder principalmente numa pecuária que não remunerá e que vemos o ELO SEGUINTE DA CADEIA diariamente crescer (Gigantismo). Amanha se continuarem desta forma não sei o que será!!!
Prezado Dr. Altino
Parabens pela sua materia e creio que devemos semear as idéias de forma a sempre poder abris os olhos quando estamos a beira de um precipicio. Creio que inventar a RODA não seja a melhor maneira de atender os anceios politicos, creio que quando tivermos pessoas que conhecem o campo e muito bem de perto as necessidades do AgroNegocio Brasileiro e estejam interessadas de nos tornar um País competitivo e de respeito as Brasileiros que fazem esse Pais ai sim teremos um sistema eficiente e Justo trazendo o produtor rural ao status que ele realmente merece e que faz as nossas mesas com abençoada fartura. Tomara que as pessoas de bem que realmente queiram que as coisas melhorem acordem para essa nova IN como sendo um erro que não deva ser repetido. Um cordial abraço.
Prezado Sr Altino Lopes Filho,
Parabéns pela carta e pelas repostas aos comentários dos leitores.
Compartilho o receio de regredirmos por pressão daqueles que julgam o ritmo do avanço atual insatisfatório e clamam por um novo sistema.
Alguns ajustes no atual sistema poderiam simplificar o processo sem perda de garantias, risco de ruptura ou perda de mercados e permitiriam acelerar o ritmo atual de habilitação de propriedades sem gerar contudo uma oferta de animais rastreados superior a demanda.
Separar rastreabilidade de certificação seria um destes ajustes.
Permitir novamente a inclusão direta na lista de propriedades habilitadas a exportar para a UE de ERAS certificados pelas empresas / profissionais credenciados pelo governo e estabelecer um plano amostral profissional para as auditorias do Estado nestas propriedades.
Delegar a responsabilidade integral da rastreabilidade para o produtor, liberando seu acesso a BND, outro.
Racionalizar a documentação comprobatória e eliminar o envio da documentação para a certificadora, não mais responsável pelo lançamento dos dados na BND, mais um dos ajustes. Ela pode conferir a documentação em sua vistoria da propriedade.
Simplificar os procedimentos de re-identificação, regulando o vínculo de um novo código a um animal já rastreado que perdeu um de seus identificadores originais, etc, etc, etc …
Mas agora resta apenas ver se estas e outras sugestões encaminhadas na consulta pública por pessoas / empresas envolvidas em diversos papeis do processo serão ou não incorporadas a nova norma.
Att,