De acordo com a CNA, se for aprovado o aumento da intervenção estatal, as exportações terão perdas
A nova Lei Agrícola dos Estados Unidos (Farm Bill), que está tramitando no Congresso daquele país, vai prejudicar ainda mais as exportações de produtos agrícolas brasileiros nos próximos anos. A afirmação foi feita ontem pelo presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Antônio Ernesto de Salvo.
Representantes da entidade estiveram nos Estados Unidos em fevereiro, durante o fórum internacional de agricultura (Agricultural Outlook Forum) promovido em Washington pelo Departamento de Agricultura Norte-americano – USDA, e constataram que a Farm Bill aumentará o intervencionismo estatal no setor.
Pelos cálculos da CNA, os investimentos oficiais na proteção da agricultura norte-americana podem chegar a US$ 172 bilhões nos próximos dez anos, contra US$ 98 bilhões aplicados desde 1996 até agora por meio da lei atual (Fair Act). A confederação concluiu que a nova lei agrícola formará excedentes de estoque e preços internacionais muito baixos, causando enormes perdas, principalmente para os países emergentes, como o Brasil.
As perdas serão mais acentuadas nas exportações de produtos também produzidos pelos Estados Unidos, como a soja, carne bovina e carne de frango. No caso da soja, o prejuízo previsto para os próximos quatro anos é de US$ 5,289 bilhões.
Salvo lembrou que, mesmo antes da nova lei, as perdas já são muito superiores quando comparadas à queda prevista de US$ 200 milhões/ano na exportação de aço após a sobretaxação do produto pelo governo norte-americano. Só em 2001, os exportadores de soja tiveram prejuízo de US$ 1,2 bilhão, volume seis vezes maior do que o previsto para o aço.
O presidente da CNA teme uma onda de protecionismo generalizado no mercado agrícola mundial. “O mundo está caminhando, ao contrário do que se pregou, para um protecionismo maior do que o que vem acontecendo. Temos que ter posturas internacionais firmes e alianças comerciais duradouras e concretas”, disse.
De acordo com Salvo, a previsão é de que a Farm Bill afete a credibilidade dos Estados Unidos nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) e da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Salvo cobrou ainda ações mais enérgicas do governo brasileiro contra o protecionismo americano. “Nós temos que ter uma Alca inteligente. Não vamos ser massa de manobra de outros países. Na OMC temos que perder a vergonha e negociar e denunciar tudo de errado que está sendo praticado”, afirmou.
Fonte: Diário de Cuiabá/MT (por Ricardo Mignone), adaptado por Equipe BeefPoint