Breno Carvalho Pereira e Paulo R. Zemella Miguel
Os recentes trabalhos publicados pelo Clay Center de Nebraska e pela Johns Hopkins University School of Medicine de Baltimore sobre o gene da miostatina, que é associado à hipertrofia muscular (dupla musculatura), mostram que não existe uma única variação genética ligada à característica, entre as raças descritas no artigo: “O outro lado da moeda”, de 20/07/01 publicado nesta seção do BeefPoint.
Assim, não é correto generalizar as características fenotípicas que as raças de dupla musculatura apresentam. No tocante a Raça Piemontesa, afirmamos que os problemas de parto são pequenos e na sua maioria solucionados com manejo adequado. Com relação à performance de crescimento e conversão alimentar, a raça é reconhecida como uma das melhores no mundo para estas características (demonstrada pela sua precocidade tanto produtiva como sexual). Deformações ósseas não são preocupações e nunca foram descritas, assim como as alterações no ritmo respiratório e frequência cardíaca, sendo que os animais dificilmente procuram a sombra por desconforto térmico nas regiões quentes do Brasil. No aspecto reprodutivo é evidente a precocidade sexual, tanto que as coletas de sêmen para teste de progênie são feitas aos 12 meses de idade nos machos e a puberdade das fêmeas já ocorre aos 8 meses. A produção leiteira também é alta para os padrões de uma raça de corte, tanto que no último controle leiteiro feito pela Associação Italiana da raça a média do rebanho foi de 2400 kg de leite para lactação de 305 dias.
A Raça Piemontesa tem contribuído exatamente aumentando os índices zootécnicos produtivos e reprodutivos naquelas propriedades nas quais está sendo utilizada.
A recomendação, que podemos generalizar aos pecuaristas brasileiros, é que utilizem o touro piemontês sobre vacas zebuínas, principalmente. Em muitos casos, como uma das raças participantes de um tricross, também é recomendada. Nossa própria experiência comprova que em dez anos de cruzamento com o nelore não houve um único registro de problema de parto e, em compensação, o aumento no rendimento de carcaça foi, e tem sido, da ordem de 14% e a redução na idade de abate da ordem de 40% .
A este fenômeno damos o nome de realidade brasileira.
É muito fácil apontar defeitos e recomendar atitudes do tipo “não façam isto porquê não vai dar certo”. A pouco assistida categoria dos pecuaristas brasileiros precisa de contribuições positivas e soluções que resolvam seus problemas. É necessário arriscar e é imprescindível acertar, se quisermos recomendar alguma coisa boa para alguém. Felizmente, neste caso, o grupo de criadores de piemonteses do Brasil que fazem o puro ou cruzam com a raça tem esta prerrogativa, pois arriscaram e acertaram.
P.S. A Assoc. Bras. Dos Criadores de Piemontês apoia e incentiva debates sobre pecuária de corte e está à disposição dos interessados para informações sobre a raça.
014. 3732.4118 Avaré SP
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Breno Carvalho Pereira é Eng. agrônomo, consultor da Correnteza Consultoria Rural Scl e presidente do Conselho Deliberativo Técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Piemontês.
Correnteza – Tel. 11 3081.3968 e 3083.1553 – www.correnteza.com.br
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Paulo R. Zemella Miguel é médico veterinário