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Novas técnicas para inseminação artificial em búfalas

Por Leandro F. Gofert1

A criação de búfalos é uma alternativa bastante interessante no cenário da pecuária brasileira.

Animais rústicos e adaptados a regiões onde os bovinos não conseguem bons desempenhos produtivos, capazes de converter alimentos fibrosos de baixo valor nutritivo de maneira eficaz, apresentam ainda uma boa qualidade de carne e leite.
Essas qualidades tornam a bubalinocultura uma atividade viável economicamente em várias regiões.

Dessa forma, tecnologias capazes de disseminar a genética de animais melhoradores, visando o aumento de produtividade, como a inseminação artificial, por exemplo, tornam-se necessárias.

Mas algumas características reprodutivas das fêmeas bubalinas tornam a utilização da inseminação artificial um desafio nessa espécie.

As fêmeas bubalinas são estacionais, ou seja, apresentam atividade reprodutiva (ciclos estrais) durante o período de outono e inverno, e durante a primavera e verão entram em anestro, cessando a atividade ovariana. Esse fato faz com que a produção de leite e carne seja estacional também.

Além disso, o comportamento estral da fêmea bubalina é diferente da fêmea bovina, apresentando cios mais curtos e de difícil detecção por parte dos tratadores, pois as búfalas não apresentam comportamento homossexual, ou seja, outras fêmeas do rebanho não montam naquelas que estão em cio, exigindo a presença de rufiões.

Assim sendo, a detecção de cio e a estacionalidade reprodutiva são fatores limitantes à utilização de inseminação artificial em búfalas.

Visando melhorar essa situação, pesquisadores da área de reprodução animal vêm trabalhando em tecnologias capazes de contornar esses problemas e viabilizar a utilização de inseminação artificial em búfalas.

Uma alternativa que têm apresentado bons resultados é a sincronização da ovulação através do protocolo Ovsynch.

A utilização do Ovsynch durante a estação reprodutiva de búfalas possibilita a eliminação das falhas de detecção de cios nessas fêmeas e têm apresentado resultados satisfatórios em relação a taxas de prenhez:

Protocolo Ovsynch:



Dia 0 (16:00 hs): Aplicar GnRH (IM)
Dia 7 (16:00 hs): Aplicar Prostaglandina (IM)
Dia 9 (16:00 hs): Aplicar GnRH (IM)
Dia 10 (8:00 hs): Inseminação

Mas, em períodos de anestro estacional, não existem respostas ao Ovsynch, pois nessa fase a liberação de LH pela hipófise da fêmea bubalina é totalmente inibida, impossibilitando o crescimento folicular e ovulação.

Assim, novos protocolos utilizando progesterona e gonadotrofinas exógenas foram testados, visando obterem-se gestações em períodos de anestro estacional, viabilizando produções de carne e leite durante o ano todo.

Atualmente, o protocolo que têm apresentado melhores resultados nessa situação é:

D0 (18:00 hs): Inserir disp. de Progesterona + 2 ml de Benzoato de Estradiol


D9 (18:00 hs): Retirar disp. + 2 ml Prostaglandina + 400 UI de eCG


D11 (18:00 hs): Aplicar 1000 UI de hCG ou 7 mg de LH.


D12 (8:00 hs): Inseminar.


Esse protocolo têm apresentado boa taxa de prenhez, e consegue ser viável economicamente, pois as búfalas que se apresentam vazias no início do período de anestro estacional teriam de esperar até 6 meses para voltarem a ciclar e emprenhar, alongando o intervalo entre partos e diminuindo a eficiência produtiva.
Com essa tecnologia, isso não é mais necessário, podemos utilizar os avanços tecnológicos recentes na área de reprodução animal para obtermos melhores resultados.

Pesquisador consultado: Pietro S. Baruselli – Prof. Associado do
Depto. de Reprodução Animal – FMVZ-USP

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1Médico Veterinário, Tecnopec.

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