O ano começou com mudanças significativas na competitividade da indústria exportadora argentina. Nesse sentido, um de seus componentes, o gado, deixou de ser o mais caro dos países produtores do Mercosul, devido a uma combinação de fatores. Por um lado, durante os últimos dez dias, registrou-se uma baixa de US$ 1 (-2%) no preço que os frigoríficos pagam pelos novilhos pesados e com rastreabilidade, o que somou-se à desvalorização de 6% da moeda local com relação ao dólar. Desse modo, o preço em dólares do novilho argentino caiu em 24 centavos, ficando em US$ 3,20 por quilo, 10 centavos a menos que no Uruguai.
Assim, a Argentina deixou de ter o novilho mais caro da região pela primeira vez desde a forte liquidação do gado de 2008-2009, que foi seguida por aumentos substantivos nos preços, em 2010 e 2011, e pelo aparecimento do chamado “cepo cambiário”, que afastou os valores domésticos dos internacionais.
Já desde a segunda metade de dezembro, os frigoríficos argentinos vêm baixando seus preços de compra em virtude da maior oferta de animais. Segundo o habitual levantamento realizado pelo Valor Carne, os compradores estão enfrentando uma situação bastante cômoda, com gado suficiente. Em geral, encontram-se com operações de compra fechadas que cobrem uma semana de trabalho. Além disso, a redução dos preços no Mercado de Liniers exerce pressão de baixa sobre os preços, de forma que os exportadores esperam uma operação tranquila para o que resta do mês.
Panorama regional
No Brasil, repetiu-se uma cena muitas vezes vista em 2015: um aumento no preço do novilho terminado, medido em reais, acompanhado por uma desvalorização superior da moeda local que se traduziu em uma nova queda de valor em dólares. Nesse contexto, a cotação alcançou os US$ 2,46 e continua sendo a mais baixa da região.
Vale destacar que o país terminou 2015 marcando três anos consecutivos de aumentos nos preços, medidos em moeda local, ajustada pela inflação, em todos os elos da cadeia: fêmeas, bezerros, invernada, novilhos gordos e carne atacadista. Com uma redução nos abates de 10%, o preço do novilho gordo aumentou em 9% em termos reais sobre 2014, registrando em abril passado o maior valor real em amis de 20 anos.
No Paraguai, o mercado foi alterado pelas chuvas muito importantes em quase todo o país, o que complicou o trânsito por caminhos regionais e a chegada de animais aos mercados e às plantas de abate. Esta situação provocou um aumento nos preços de 8 centavos de dólar nos últimos dez dias, chegando a US$ 2,65 por quilo.
No imediato, a necessidade de manter o ritmo de trabalho nas plantas forçará novos aumentos se cumprirem-se os prognósticos de chuvas renovadas nos próximos dias.
Por último, no Uruguai, os preços se mantiveram estáveis, a US$ 3,30 o quilo, com uma oferta restrita. Os abates na última semana do ano foram de 27 mil cabeças, 19% a menos que na semana anterior e 39% abaixo da média das dez semanas anteriores. O valor foi idêntico ao observado nas últimas dez semanas de 2014.
Fonte: Valor Carne, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.