A revista inglesa The Economist usa há alguns anos um curioso e divertido índice para medir a paridade do poder de compra do dólar em diversos países, o "índice BigMac". Esse índice é uma maneira muito prática e interessante de acompanharmos o aumento do interesse dos frigoríficos pelo mercado interno brasileiro. Para a cadeia da carne, o índice do BigMac é ainda mais útil, uma vez que seu principal ingrediente é a carne bovina (em custo relativo). Esse ano, o índice mostra que o BigMac está mais caro no Brasil do que na maioria dos países.
A revista inglesa The Economist usa há alguns anos um curioso e divertido índice para medir a paridade do poder de compra do dólar em diversos países. Esse índice é uma maneira muito prática e interessante de acompanharmos o aumento do interesse dos frigoríficos pelo mercado interno brasileiro.
O “índice BigMac” compara os preços do sanduíche da rede americana em diversos países, transformando seu preço em dólares e comparando as diferenças. Por ser um produto padronizado e presente em mais de 120 países, a comparação é fácil de ser feita e torna mais simples a compreensão do conceito “paridade do poder de compra” (PPC). Segundo a Wikipedia, a PPC é cada vez mais utilizado para se calcular o poder de compra de dois países. A PPC mede quanto é que uma determinada moeda pode comprar em termos internacionais (normalmente dólar), já que bens e serviços têm diferentes preços de um país para outro.
Para a cadeia da carne, o índice do BigMac é ainda mais útil, uma vez que seu principal ingrediente é a carne bovina (em custo relativo). Esse ano, o índice mostra que o BigMac está mais caro no Brasil do que na maioria dos países.
Alguns países onde o BigMac é mais barato que no Brasil:
• EUA
• Argentina
• Austrália
• Reino Unido
• Canadá
• Chile
• China
• Egito
• Indonésia
• Japão
• México
• Nova Zelândia
• Rússia
• Arábia Saudita
• Filipinas
• Uruguai
Isso mostra que por acompanhar o BigMac, a carne muito provavelmente está mais barata nesses países que no Brasil. Logo, é mais interessante vender no mercado interno que exportar.
Alguns países onde o BigMac está mais caro que no Brasil:
• Países que adotam o Euro (€)
• Noruega
• Suécia
• Suíça
• Islândia
Percebe-se que o grande mercado que paga hoje mais pela carne é a União Européia. Mas infelizmente o Brasil tem conseguido cadastrar um número muito pequeno de fazendas na lista de habilitadas a exportar a esse grupo de países, o que impede exportações em volume significativo.
A Economist também usa os preços do BigMac para calcular um “câmbio” de equilíbrio com o índice do sanduíche. Essa “taxa” de câmbio é calculada buscando equalizar a PPC entre países, ou seja, que o preço do BigMac em dólares se torne igual nos dois países. Para o Brasil, essa “taxa” de equilíbrio segundo o índice BigMac é de R$ 2,10. A diferença desse “câmbio pela PPC”, com o câmbio atual mostra que o Real está 33% valorizado em relação ao dólar.
Acompanhe a relação de valorização (+) e desvalorização (-) das moedas dos principais países exportadores de carne bovina em relação aos EUA (US$), utilizando a PPC calculado com base nos preços mundiais do BigMac:
• Argentina +2%
• Austrália -6%
• Brasil +33%
• Países que adotam o Euro +50%
• Nova Zelândia +4%
• Uruguai -11%
Nessa comparação, Austrália e Uruguai são os dois países melhor posicionados em relação ao valor de suas moedas para exportar. Os países que adotam o Euro (€) são os únicos mais valorizados que o Brasil, o que favorece a exportação do Brasil para a UE. O estudo de 2008 é datado de 24 de julho. No ano passado, em 5 de julho, a valorização do Real frente ao dólar, usando-se os mesmos critérios, era de apenas 6%.
Essa é uma situação inédita no Brasil, pelo menos desde que o Brasil se tornou um importante exportador de carne bovina. Os preços da carne no mercado interno, o poder de compra do brasileiro, e a valorização do real frente ao dólar têm estimulado os frigoríficos a atuarem mais fortemente no mercado interno.
Estudo recente da FGV mostra que a classe média (famílias que ganham entre R$ 1.064 e R$ 4.591) já são a maioria da população (de 42% da população econômicamente ativa em 2004 para 52% em 2008). Além disso, as famílias das classes A e B passaram de 12% para 16% da população.
Ou seja, em quatro anos, o percentual de famílias com renda superior a R$ 1.064 passou de 54% para 68% da população brasileira. Outro estudo, também da FGV, mostra que até 2030, o Brasil será o quinto maior mercado consumidor do mundo, passando Alemanha, Reino Unido e França. Atrás apenas de Estados Unidos, China, Índia e Japão.
As exportações continuarão importantes, mas o mercado interno cresce em participação, relevância e vira o novo foco de atenção. Há espaço, e as empresas investem, no mercado de foodservice (refeições fora de casa) e para carnes de qualidade superior.
O índice do BigMac foi uma maneira simples e descontraída que a revista semanal mais conceituada do mundo encontrou para comparar o poder de compra entre países. Os dados mais recentes dessa pesquisa nos ajudam a entender com facilidade porque o mercado interno brasileiro ganha tanta importância hoje.
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É engraçado mas é mesmo uma boa forma de comparação. Eu posso perceber bem essa valorização que ouve no mercado interno brasileiro porque eu moro em Foz do Iguaçú no Paraná e trabalho em Ciudad del Este no Paraguai, e eu e muitos outros brasileiros que fazem isso, estamos percebendo isso ao longo de dois anos, nosso salário vem perdendo poder de compra no Brasil, mas aqui no Paraguai não.
obs: Eu só como no McDonald´s aqui no Paraguai, porque é muito mais barato do que em Foz do Iguaçu.
Parabéns pela reportagem Miguel!!!
Obrigado pelo seu artigo.
Embora seja uma forma simplista de ver o problema, é bastante esclarecedora.
Em vez de ficar pensando em exportação entendo que hoje compensa tratar o mercado interno com atenção.
Parabens.
É uma forma simples e pratica de comparação, mas no nosso Brasil, temos que considerar também o preço do trigo(outro componente importante do produto), mão de obra(encargos s/a folha) e o restante de tributos, pois a fome do nossos gorvenantes é sempre maior que um bigmac.
Ótimo artigo Miguel! Interessante, objetivo e curioso.
Digo ´curioso´, pois vejo que um país como o Japão, onde o custo de vida é, se não me engano, o segundo maior do mundo, tem um Big Mac a menor preço que o nosso. Ainda mais sabendo que o preço da carne bovina nipônica é elevadíssimo.
Lembro-me de um comentário, quando estive, há alguns anos, na terra do sol nascente que era mais ou menos assim: “…Não acredito que comemos carne bovina (Big Mac) à este preço!…”.
Acredito que deva haver outros fatores que influenciem no preço dos produtos do McDonald´s, além do custo do hambúrguer, pois não faria muito sentido.
muito interessante a comparação,outro fator relevate e a preferncia e tendencia dos paises frios da UE por optarem culturalmente pela produção de suinos e caprinos e de gado leiteiro o que possibilita uma menor oferta da carne no mercado e elevação do preço da mercadoria, escassa no mercado,dai a busaca pela carne verde(ração a base de vegetais),mais saudadavel e livre dos problemas enfrentados pelo “mal da vaca louca”,o que impede de imediato são as barreias colocadas pelos incentivos aos produtores(porco,peixe,etc) da UE, o que encaresse o produto Brasileiro no mecado europeu,diminuindo o consumo e com isso deixamos de exportar mais, a produção diminui,pois os produtores buscam outros meios de ter alto ganho, com produtos valorizados,soja,café, etc.a area efetiva de utilização da pecuaria extenciva cai,o produto diminui, o preço se eleva o que tem que parar é esse ciclo viciozo,dai no ano seguinte o preço aumenta pela falta no mercado, aumentando a produção em um tempo maior e quando o produto se encontra no mercado ele está em demasia enchando, e o preço cai outra vez,aqueles que mantem a produção alcançam mais rapido o lucro os que aplicam para coler mais tarde pegam os preços em queda, devido principalmente aos pequenos pois estes não se atem as ocilações do mercado e sim aos preços,só que como economia não é uma materia exata ela requer efeitos imprevisiveis as atitudes impensadas podem ter consequências desatrosas,por isso a qualificação dos produtores ao mercado seria o ponto mais importante para a estabilidade do produto,ou mesmo sua valorização.