O boi não é o culpado

A história do homem sempre foi pautada pelo crescimento da espécie. Passamos de nômades para agricultores, e, com o domínio dos combustíveis fósseis após o ano de 1800 iniciamos nossa decolagem industrial.

A espécie humana só se desenvolveu e cresceu porque se apropriou dos sistemas naturais do planeta. Esse foi e ainda é o nosso padrão de crescimento econômico. Estamos e vivemos nesse mundo em razão de termos transformado os recursos naturais em proveito próprio. A natureza disponibiliza o essencial para nossas vidas; alimentos, combustíveis, água… Crescemos e ficamos mais ricos porque dominamos os recursos naturais.

Este modelo de crescimento econômico a custa dos recursos naturais precisa ser modificado. Nosso caminho atual não é sustentável. O planeta parece dar sinais de esgotamento. O aquecimento global, se persistir, parece ser um desses sinais. Se nossos recursos globais estão caminhando para um colapso, outros sinais virão para alertar a espécie humana.

A capacidade humana de mudar e criar novas formas de produzir riquezas foi uma constante em nossa evolução. Talvez uma de nossas virtudes principais. Grandes epidemias, guerras, regiões inóspitas, nada nunca deteve a evolução e o crescimento humano. Parece que nossa próxima mudança será no sentido de buscarmos formas sustentáveis de desenvolvimento econômico de longo prazo. Nossa ameaça mais visível é o colapso do planeta terra pela exaustão.

A fórmula não existe, teremos que desenvolver algo globalmente. Alguns padrões já estão sendo criados e as metas do milênio são tentativas nesse sentido. A tecnologia certamente desempenhará um papel muito importante na busca de fontes de energia sustentáveis; o crescimento populacional deverá ser encarado globalmente, ele é incompatível com o caminho a ser trilhado; a pobreza, em áreas específicas do nosso planeta, precisará ser combatida de forma eficaz e participativa; governos e mercados devem criar mecanismos para levar o consumidor a escolher produtos e serviços sustentáveis.

Nossas escolhas podem causar o esgotamento do meio ambiente ou a salvação do mesmo, o mercado consumidor fará toda diferença. Todas essas são tarefas enormes e globais e devem ser implementadas conjuntamente. Vamos precisar da tão falada globalização para solucionar o problema.

Entretanto, o que devemos repudiar de forma definitiva são as fórmulas mirabolantes, isoladas e localizadas, sem qualquer conexão ou comprometimento global. Fórmulas tendenciosas, com aparentes motivações econômicas.

Um bom exemplo é a opinião isolada de alguns “cientistas” que apontam a criação bovina como uma das grandes causas do aquecimento global. Palpiteiros com motivações secretas colocam a emissão de metano pelos bovinos como uma das vilãs do efeito estufa. Alguns, ainda mais radicais, pregam a eliminação do produto carne de nossas mesas. Apresentam números que ninguém tem condições de conferir e jogam no lixo toda a história da nossa espécie, desconsiderando a evolução humana e seu relacionamento com a natureza. Teria a disseminação desta idéia simplista e primária segundas intenções? Estarão querendo tirar o foco de algumas industrias sabidamente poluidoras?

A pecuária, como todos os setores, precisa romper com maus hábitos. Se quisermos ser bem sucedidos as tecnologias estão disponíveis e possibilitam processos produtivos limpos. A correta lotação animal por hectare, o descanso necessário de nossas terras para reposição natural de nutrientes, a integração social dos colaboradores, a certificação dos processos, a rastreabilidade, o uso correto da água, cuidados com o bem estar animal, são algumas objetivos a serem alcançados.

Culpados pelo efeito estufa somos todos, vamos assumir nossas responsabilidades e buscar uma saída para o planeta e ela não está nas formulas simplistas.

A adoção de processos produtivos sustentáveis precisa ser reconhecida pelo mercado, nosso consumidor é quem vai acelerar o processo. As escolhas corretas na hora de comprar produtos e serviços será o motor da grande mudança rumo a preservação do meio ambiente. A palavra de ordem é consumo responsável.

Fórmulas prontas, isoladas e tendenciosas devem ser evitadas. Vamos ter que criar mecanismos sérios e globais rumo a preservação da nossa querida mãe natureza.