Por Miguel da Rocha Cavalcanti1
Semana passada ocorreu em Paris uma das principais feiras de alimentos do mundo, SIAL 2002 (Salon International de L´Alimentation). Durante cinco dias, 5240 empresas mundiais de alimentos expuseram seus produtos e novidades para mais de 135 mil visitantes de mais de 170 países. Além disso, mais de 1300 jornalistas de todo o mundo estiveram presentes para cobrir o evento. Foi um evento que mostrou como é forte e dinâmico o mercado agroalimentar mundial.
O setor de carnes teve forte presença, tendo uma área especial em um dos 6 pavilhões da feira. Empresas e instituições da Argentina, Uruguai, Austrália, Nova Zelândia, Irlanda, Bélgica, Reino Unido, Holanda estavam presentes com o objetivo de ganhar novos clientes e novos mercados. Em todos os stands era visível o esforço de impressionar, mostrando que tinham uma carne segura, saudável e saborosa.
O Brasil também esteve presente de forma forte. Os treze maiores frigoríficos exportadores brasileiros tinham stands na feira. Segundo a ABIEC foram realizados negócios num total de US$ 200 milhões, superando em muito as expectativas iniciais de US$ 150 milhões.
O fato é que o Brasil vem ganhando a concorrência com outros países por ter quantidade, preço e qualidade. A carne da Argentina e do Uruguai tem uma melhor imagem no exterior, mas estes países não conseguem fornecer a quantidade ofertada pelo Brasil. Tendo exportado mais de US$ 750 milhões até 30 de setembro, é provável que iremos alcançar a marca de US$ 1,1 bilhão em 2002.
Com certeza ainda temos muito a fazer para alcançar a primeira posição entre os países exportadores de carne bovina do mundo. Ainda precisamos nos posicionar melhor como produtores de carne de alta qualidade, como já fazem Argentina, Uruguai e Nova Zelândia. Em açougues, supermercados e restaurantes da Europa sempre se encontra cartazes e anúncios lembrando e informando que a carne vendida é proveniente de alguma região francesa, ou que a carne de cordeiro é da Nova Zelândia, ou ainda, que aquele restaurante serve exclusivamente carne argentina.
O lançamento de carnes especiais brasileiras no mercado internacional talvez represente um pequeno acréscimo no valor total das exportações por serem direcionadas a pequenos e especializados nichos de mercado, mas isso será muito importante para que o consumidor de outros países conheça e aprecie a carne bovina brasileira.
Nas próximas semanas estaremos lançando vários artigos relacionados ao marketing internacional da carne, originados da visita feita ao SIAL 2002, onde pudemos conhecer importantes players do mercado internacional e conhecer as estratégias de promoção e divulgação da carne bovina de diversos países.
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Miguel da Rocha Cavalcanti é Engenheiro Agrônomo pela ESALQ/USP, pecuarista e coordenador do BeefPoint.
A viagem à França e Holanda feita com o objetivo de se realizar um estudo de marketing internacional de carne bovina contou com o patrocínio do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte e da Serrana Nutrição Animal.
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Miguel,
Não poderia concordar mais com sua análise. No Brasil ainda não se verifica a noção imperativa de se estabelecer “marcas” (brands) fortes e imediatamente identificáveis.
Até em café, no qual somos antiquíssimos no mercado, temos algo parecido com o personagem “Juan Valdez” colombiano ?? Infelizmente, não.
Bem-vindo de volta, abraço,
Carlos Arthur Ortenblad