Fiquei muito feliz que finalmente os frigoríficos começam a sair da toca, querendo assumir o papel principal de liderança na questão de gestão de qualidade nas fazendas fornecedoras de matéria prima.
Fiquei muito feliz que finalmente os frigoríficos começam a sair da toca, querendo assumir o papel principal de liderança na questão de gestão de qualidade nas fazendas fornecedoras de matéria prima.
Sempre achei que a grande falha do Sisbov era que os frigoríficos foram chutados para o escanteio junto com o Serviço de Inspeção Federal (SIF), quando na realidade eles deviam estar na linha de frente para assegurar o rastreabilidade e certificação da matéria prima e de fato ser totalmente responsável pelos produtos que produzam. É também a única maneira de colocar garantias de qualidade e rastreabilidade nos produtos e assim melhorar os preços para os fornecedores do gado.
A controle de qualidade da matéria prima volta a ter a sua sede dentro da indústria, onde devia ter sido implantado desde o iniciou, e o poder de convencer os fornecedores do gado de aderir plenamente ao SisBov vai ser grande e com efeitos quase imediato. È como de repente as peças do quebra-cabeça se encaixem.
Com o projeto do Friboi “Quality Farms”, um passo gigantesco é dado no caminho certo que vai também abrir as portas para a classificação de carcaças e melhores preços tanto para a indústria como também para as suas fornecedoras.
A tão sonhada possibilidade de imprimir as marcas do frigorífico na carne e seus derivados nas gôndolas dos supermercados, passa a ser possível e até recomendável uma vez que vai existir um certo grau de verticalização na cadeia com um quadro de fornecedores e sistemas de produção conhecidos e avaliados pela indústria e, porque não, certificados pelos certificadores no sistema Sisbov.
Aliás para os certificadores também a situação pode melhorar muito porque pode tirar o processo das margens da legalidade e da manipulação do papel e brincos. Somente o IBD de Botucatu tem experiência há anos com a certificação de sistemas de produção e seus produtos, os demais partiram de zero sem apoio dos elos da cadeia e o governo que, depois de uma blitz inicial, deixou todo mundo a pé por um bom tempo.
Os novos conceitos em nutrição humana saudável rezam o uso quase sem limites de proteínas nas refeições diárias mesmo em forma de carne vermelha, mas com a condição praticamente “sine qua non” que o carne fossa produzido exclusivamente no capim sem uso dos grãos.
Aí tem um nicho de mercado gigante para o Certified Pasture Beef, o que não é uma boa notícia para os confinadores e principalmente para aqueles que usam altas dosagens de grãos, mas é uma ótima noticia para o Brasil porque enaltece um sistema de produção a pasto na qual estamos praticamente imbatíveis e onde temos a tão sonhada vantagem competitiva sustentável sobre os nossos grandes competidores.
Sem dúvida é o nosso grande diferencial porque temos condições e escala para fornecer este tipo de carne com um custo de produção altamente competitivo.
Porém o consumidor final tem que ter a plena confiança e garantia que o produto que vai comprar realmente foi produzido no sistema de criação e engorda a pasto, e este é por enquanto o grande problema brasileiro que somente pode ser resolvido quando os frigoríficos assumem a qualidade do carne produzido e tem um certificado como aval, e um processo transparente, verificável e auditável nos moldes do Sisbov.
Por isto um movimento como Friboi “Quality Farms” é música para mim e finalmente chega ter uma luz no fim do túnel.
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Excelente artigo.
Finalmente a racionalidade começa a imperar em toda a cadeia produtiva pecuária. O autor descreve clara e didaticamente os pontos fundamentais que vão nortear o desenvolvimento da pecuária brasileira em futuro próximo.
Seria muito bom que todos lessem o artigo e entendessem a nova “musica” do setor. Sem especulação, posturas radicais e espertezas.
Só trabalho e competência são suficientes.
Parabéns a Louis Pascal de Geer
Eduardo Miori