O tema sustentabilidade se torna cada vez mais importante para a cadeia da carne brasileira. Com o aumento das exportações, o Brasil se tornou foco das atenções, muitas vezes atacado por países concorrentes. A maior velocidade da informação e intensa atuação de entidades (como ONGs ambientalistas) aumentam a cada dia a presença na mídia (e na cabeça dos consumidores) dos impactos, dos problemas e da importância da questão ambiental. Não há como negar que, hoje, esse tema é chave.
O tema sustentabilidade se torna cada vez mais importante para a cadeia da carne brasileira. Com o aumento das exportações, o Brasil se tornou foco das atenções, muitas vezes atacado por países concorrentes. A maior velocidade da informação e intensa atuação de entidades (como ONGs ambientalistas) aumentam a cada dia a presença na mídia (e na cabeça dos consumidores) dos impactos, dos problemas e da importância da questão ambiental.
Não há como negar que, hoje, esse tema é chave. A grande questão é: Como a cadeia da carne vai melhorar sua sustentabilidade, baseada em três pilares: econômica, social e ambiental? Ou seja, como vamos tornar a pecuária ambientalmente mais correta ao mesmo tempo que precisamos aumentar a rentabilidade do setor? Além disso: Como vamos comunicar ao mercado, ao mundo, aos consumidores dos avanços, vantagens e qualidades da pecuária brasileira?
Contar nossa história
A pecuária de corte é de extrema importância para a economia brasileira. São mais de 1,8 milhão de estabelecimentos rurais, mais de 6,8 milhões de empregos diretos.
Com grande capilaridade e pequena dependência de infra-estrutura, é uma atividade pioneira no desenvolvimento regional e que interioriza a riqueza. A pecuária é também uma reserva de valor e um minimizador de riscos para o fazendeiro que também é agricultor.
No interior do Brasil, onde há um pólo de desenvolvimento agropecuário, o índice de desenvolvimento humano (IDH) é maior. O IDH leva em conta educação, longevidade e renda.
Na questão ambiental, poucos sabem que o Brasil é muito mais exigente do que a grande maioria dos países do mundo. Nos EUA, em uma fazenda privada, o proprietário tem total autonomia sobre como maneja suas áreas florestais. Na Nova Zelândia, não há legislação requerendo APPs na beira de rios, e o bom manejo dos pastos garante a preservação e evita o assoreamento. Ao se comparar o percentual de florestas preservadas, o Brasil é líder mundial, com uma diferença gritante com outras regiões, como a Europa, por exemplo.
Além de tudo isso, o Brasil tem fundamental papel na segurança alimentar do mundo. Sem a evolução do agronegócio brasileiro, que deve aumentar sua produção de alimentos nos próximos anos, o mundo terá um grande problema em alimentar uma população crescente e que come cada vez melhor.
São muitos pontos positivos, que não são conhecidos por não serem contados, divulgados. Um dos grandes desafios da cadeia da carne nos próximos anos é melhorar significativamente sua capacidade de contar sua história, mostrar o que é feito de positivo no setor.
Demanda por carne e oferta de recursos
Nos próximos anos, a demanda por carne bovina tende a aumentar. O Brasil é um dos únicos países que pode aumentar consideravelmente sua produção, com ganhos de produtividade. Por outro lado, a pressão contra desmatamento e a expansão da agricultura continuam. Dessa forma, a pecuária terá que produzir mais, com menos.
Pastagens degradadas: o grande entrave da pecuária
Há no Brasil cerca de 60 milhões de ha com capacidade de suporte de 0,6UA/ha ou menos. Isso significa um rebanho de apenas 20 milhões de cabeças. As pastagens degradadas são um enorme passivo para a pecuária de corte, na questão ambiental e também econômica.
A mitigação de problemas ambientais, ao mesmo tempo em que se aumenta a produção de carne, passa pela recuperação de áreas degradadas.
O Incra também não ajuda
Outro problema importante a ser resolvido são os índices de produtividade do Incra, medidos por lotação. Essa medida deveria ser por produção por hectare por ano. É possível produzir mais com menor lotação. Infelizmente, na maioria dos casos, em pastagens degradadas, a lotação é maior do que a ótima para produtividade. O índice do Incra é mais um fator que influencia negativamente.
Econômico e ambiental cada vez mais juntos
A questão ambiental e produtiva estão cada vez mais alinhadas. E por incrível que pareça, de forma cada vez mais positiva.
Os financiamentos estão sendo avaliados também pela questão ambiental. Ou seja, quem faz um bom trabalho ambiental, terá mais facilidade em acessar recursos.
Mas o grande salto positivo da união entre as questões ambientais e econômicas na busca da sustentabilidade da pecuária são as boas práticas de produção, ou o uso inteligente dos recursos.
As técnicas sugeridas para se aumentar a produtividade e lucratividade da pecuária de corte são as mesmas indicadas para aumentar a sustentabilidade da pecuária, quando se fala em redução de emissão de gases de efeito estufa, redução do desmatamento, oferta de área para produção de grãos.
Isso é uma grande vantagem, que ocorre em poucos setores da economia. Na maioria dos casos, o cuidado ambiental vai “contra” o retorno econômico. Na pecuária, andam juntos.
Conhecimento é insumo fundamental
O mais importante para se conseguir aumentar a produtividade, lucratividade e sustentabilidade ambiental da pecuária de corte é a adoção de tecnologia. O conhecimento aplicado é o insumo fundamental para essa mudança na pecuária.
O primeiro passo é usar tecnologias de baixo custo, ou seja, tecnologias que não requerem grandes investimentos. O ponto principal é investir em conhecimento aplicável. Nesse ponto o grande desafio dos técnicos, pesquisadores e empresas é fazer com que o conhecimento se traduza em mudança na forma como se produz carne bovina no Brasil.
A dificuldade é fazer com que o conhecimento disponível hoje sobre boas práticas de produção sejam adotados em grande escala. Essas tecnologias de baixo custo, ou baixo insumo, são: manejo de pasto, bem-estar animal, uso de subprodutos na alimentação animal, seleção do rebanho, controle sanitário, suplementação mineral, entre outros.
No Brasil há uma grande área dedicada a produção pecuária que é sub-utilizada. O primeiro passo é aplicar conhecimento nessas áreas, melhorando enormemente a produção, apenas utilizando de forma mais racional e inteligente os recursos.
Resumindo, pode-se dizer que no Brasil, em muitos lugares há: pouco boi gordo, e muito rebanho, muita área de pastagem e pouco pasto. E em pouco tempo, será preciso reverter isso. Mais bois gordos com menos rebanho, mais pasto em menos área. A questão chave deixará de ser quantidade ou área e passará a ser produtividade (por área e por cabeça).
É importante destacar que grande parte desse conhecimento já existe, só precisa ser melhor aplicado.
É possível?
O que me anima nessa questão é a possibilidade, o potencial de se transformar a pecuária de corte. Não será fácil, em especial devido a tradicional pouca rapidez da pecuária de corte em mudar.
Por outro lado, a informação e o conhecimento fluem cada vez mais rápido e é incrível como encontramos cada dia que passa mais pessoas buscando a mudança. Essa é a diferença: cada vez mais gente querendo mudar e cada vez menos gente não querendo mudar.
Produção e conservação andam juntos. Retorno econômico e respeito ambiental estão cada vez mais alinhados, diretamente e positivamente. Redução do desmatamento, menor emissão de gases de efeito estufa e maior produção de alimentos estão interligados com melhor retorno financeiro, maior lucratividade, no curto e no longo prazo.
De onde virá a liderança mundial
Para finalizar, gostaria de convidá-lo a ler o parágrafo abaixo, que retirei de um artigo do Prof. Ricardo Abramovay, da FEA/USP, publicado no jornal Valor Econômico.
“A liderança mundial dos próximos anos não estará nas mãos dos países que vão crescer, vencer a pobreza e reduzir a desigualdade, e sim daqueles que conseguirem fazê-lo modificando o conteúdo material e energético da vida econômica. O que supõe não o mimetismo de acreditar que petróleo, biocombustíveis para motores a combustão interna e grandes obras para exportação formam o caminho do futuro, e sim a transição para sistemas produtivos que preservem o patrimônio natural, se apoiem no consumo cada vez menor de matéria e energia e valorizem a biodiversidade”.
Sim, é possível construir uma pecuária com sistemas produtivos que preservem, com lucro. Deixe sua opinião e sugestões do que é possível ser feito, usando o espaço abaixo de cartas do leitor.
Esse artigo é reflexão pessoal, a partir dos dados apresentados por Luis Gustavo Barioni (Embrapa), Geraldo Martha Jr (Embrapa) e Adilson Aguiar (Fazu), e debatidos por cerca de 50 técnicos e pesquisadores no fórum sustentabilidade em pecuária a pasto, patrocinado pela Dow Agrosciences, na semana passada, em São Paulo, SP.
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Olá Miguel,
Parabéns pelo artigo e chamada para que encararmos os problemas que afetam a cadeia agropecuária de maneira holistica e integrada e não fugindo de nenhuma delas.
Concordo plenamente com você, temos que contar a nossa história muito melhor e também para um palco maior, no fim não tem pecuarista sem pasto e nem pasto sem passar pelas práticas agro e por isso devemos ser com muito orgulho agropecuaristas do Brasil.
Obrigado pelo artigo estimulante,
Um abraço,
Louis.
Hoje,em algumas regiões existe um total engessamento em relação as leis ambientais e se algumas medidas não forem tomadas ficará praticamente impossível se produzir alguma coisa que não seja mato nelas.
Paralelamente a isso, poucas ações estão sendo realizadas para se impedir que se derrube o que ainda existe de florestas nativas, seja pela fragilidade na fiscalização dessas áreas ou pela cobiça do lucro fácil de se explorar o que está pronto, através de redes de corrupção locais.
Nas regiões tradicinalmente produtoras, medidas como a inclusão das áreas de preservação permanente na área de reserva legal por exemplo ajudariam a resolver parte do problema. Políticas para fomentar a atividade florestal, visando o incremento da produção de madeira, reduziriam no médio prazo o interesse pelo corte ilegal de áreas, onde a biodiversidade transfoma a produtividade em algo em torno de 2m³ por hectare. O dia em que houver consciência de que em florestas planejadas se produz sem muito esforço 100m³/ha/ano, muita gente entenderá que é um péssimo negocio explorar florestas nativas.
Tenho a impreesão que há um certo preconceito quanto ao consumo de carne de pessoas que parecem estar mais defendendo a dieta vegetariana do que propriamente a ecologia.
Ontem li, em algum lugar, alguém argumentando que são necessários 5 kg de grãos para produzir 1 Kg de carne bovina e achando um absurdo “dar” esses grãos aos animais ao invés de alimentar diretamente a população.
Vejo pelo menos 2 problemas nesse argumento.
1- Essa não é a realidade da pecuária brasileira, pois, com excessão de um periodo de confinamento, e em apenas algumas propriedades, nosso boi nem sabe o que é um grão de cereal.
2- Não se leva em conta o quanto 1Kg de carne bovina alimenta. Eu não tenho dados sobre isso, mas não creio que, para o homem, comer 1 Kg de Carne seja muito diferente, em termos de valor nutricional, do que comer os ditos 5Kg de cereal. Se alguém tiver essa informação, gostaria de saber com exatidão.
Prezado articulista,
Cumprimentos pelo artigo.
A pecuária de corte realmente está sob a lupa dos ambientalistas e dos consumidores mais exigentes e bem informados. Nem se fala do MST, tradicional desafeto dos pecuaristas.
Cavacos do ofício!
Devido à importância do Brasil como produtor e maior exportador de carne do planeta, é lógico que isto iria acontecer um dia.
E temos que nos preparar para produzir carne preservando o ambiente natural e minimizando gastos com energia e água, e fundamentalmente: sem desmatamento.
Nós aqui do Sul, sempre tivemos uma condição natural de criação de gado diferenciada do Brasil tropical, já que o Bioma “Campos do Sul”, permite a exploração da atividade sem desmatamento, até porquê onde se cria gado de corte no Estado, nunca existiu floresta!
Por isso, torçemos que os pecusristas principalmente da região equatorial do Brasil, encontrem um novo modelo de produção, talvez integrado à silvicultura num modelo misto que permita ganhar dinheiro e preservar a Floresta.
Os estrangeiros, principalmente os europeus, não querem saber de carne produzida onde se derruba floresta!
É um grande desafio, mas perfeitamente realizável!
Parabéns Miguel.
Excelente editorial. Mais uma vez você nos brinda com novas informações e reflexões sobre o contexto da produção pecuária. Sabemos que são grandes os desafios a serem enfrentados neste início de século, mudanças de paradigmas, novas tecnologias, novos conceitos passam a fazer parte de nossas vidas.
Diante destes fatos urge cada vez mais organização do setor. Só um segmento coeso e forte pode contrapor a antipropaganda que é hoje veiculada pelos grandes meios de comunicação no Brasil, a qual responsabiliza os produtores pelas agressões ambientais e outras mazelas. Além de mostrar ao mundo como é produzida a nossa carne, temos muito a fazer ainda dentro de nossas fronteiras. Caso contrário nossos bois vão continuar sendo taxados de produtores de metano ao invés de produtores de carne e, ainda chamados de piratas.
Amigos, concordo com a proteção do meio ambiente, mas colocar toda a culpa nos estados do Norte, Nordeste, Mato Grosso é demais, todas as outras regiões derrubaram suas matas, APP, e até córregos foram destruidos, naquele lugar onde ninguém vai, onde se atola os carros para ir trabalhar, onde para se produzir é preciso plantar, vocês me desculpem.
Mas para eles dou parabéns, pois tiveram coragem de ir sofrer lá, no fim do mundo, onde o progresso chegou a 5 anos, pouco progresso né.
Garanto a vocês que pagar mais caro pela carne o Brasil não quer nem o mundo quer, tentar produzir com área de reserva de 80% não é viável sei disso, a 50% duvido que seja interessante, mas eles estão lá trabalhando para vender um boi, que ainda tem que sofrer com os pouquissimos frigorificos que tem. Já para nós pecuaristas tinhamos muito era que apoiar, pois temos parceiros pecuaristas que vão ser notificados e autuados.
Eu apoio, a pecuaria e a agricultura na Amazônia.
Prezado Miguel,
seu artigo é importante e oportuno. A pecuária brasileira precisa ser vistas com outros olhos pela sociedade (nacional e internacional). Porém essa mudança deve começar dentro do próprio segmento ao unir esforços por sua modernização e consequentemente utilizar as áreas antropizadas.
No Pará, através do Projeto Preservar, do Instituto Alerta Pará, lançamos uma proposta inovadora nesse sentido, que se intitula: “Modernização da Pecuária como Fator de Desenvolvimento Econômico e de Preservação Ambiental no Estado do Pará”. Com origem endógena no segmento, o próximo passo será o marketing com a opinião pública. O Brasil tem amplas possibilidades no agronegócio da pecuária sem se tronar vilã do meio ambiente e do contexto social.
Sds.
Caro Miguel,
Parabéns pelo artigo! Primeiramente por trazer a este importante veículo de comunicação, a sustentabilidade na bovinocultura, e também pelo respeito com que a questão foi colocada.
O Brasil como o grande fornecedor de carne bovina para o mundo e também “proprietário” dos mais importantes biomas (não só o Amazônico, mas também o Pantanal, o Cerrado, a Caatinga, a Mata Atlantica…), sofre constantes ataques por parte de seus concorrentes comerciais externos. Trazer esse fato para o setor produtivo e torná-lo público é o primeiro passo em busca da sustentabilidade. Pois só assim será possivel provocar a mundança de postura, por parte dos pecuaristas, para o bem da cadeia produtiva.
É incontestável que nosso sistema de produção de bovinos é, em geral, a pasto. Ou seja, o mais próximo possiível do natural. Este fato é um grande trunfo para o marketing do produto nacional e também um alerta para a importância da preservação dos recursos naturais como garantia da longevidade e a competitividade da cadeia produtiva.
Outro ponto importante na busca da sustentabilidade na pecuária, é a aplicação, em grande escala, das boas práticas agrícolas – manutenção da fertilidade do solo, uso responsável de substâncias químicas, manejo reprodutivo adequado, e o bem estar animal – no sentido de reduzir os custos de produção de carne bovina, através do aumento dos índices zootécnicos. E a difusão dessas práticas serão forçadas pela própria competitividade do mercado.
Um olhar inteligente sobre a necessidade da utilização da mão-de-obra capacitada, saúde e segurança ocupacional, representa um gargalo para se conseguir eficiência produtiva.
Não podemos deixar de considerar, também, a necessidade de uma defesa sanitária respeitada nos países consumidores, afim de garantir a segurança alimentar da carne brasileira.
Enfim, a pecuária brasileira, está a um passo da sustentabilidade. Saber contar esta história e para quem contar, talvez seja o maior dos desafios. Para tanto podemos contar com a atuação de ONGs de reconhecimento internacional, instaladas no Brasil, para certificar nossa produção e realizar uma atuação de mercado a altura das necessidades desse gigante do agronegócio – Brasil.
A simplicidade ensina admirar o essenial das coisas, com isto, vou citar algumas tecnologias baratas, que não criam boletas no final do mes.
Ganho compensatóro – Fantástico
Consorciação de pastgens – fundamental
Integração lavoura pecuária, sustentabilidade, garantida de retorno econômico viável, aumento de produtividade
Se aplicarmos estas três tecnologias simples e baratas, qualquer produtor sai de 0,7 U.A/ha. para 1,5. precisa de desmatar mais?. e por fim precisamos praticar o mercado justo, que nada mais do que o produtor receber lucro, se não recebe lucro ele vai atrás de novas áreas, e ai está o problema, mais e mais desmatamento e maior aumento de área, pois a liquidez é baixa , com isto você tem que ter grande escala de produção para faturar o seu lucro. Como viver num projeto onde os segmentos de qualquer atividade crescem 600% e o seu cresce 23%. Isto é sustentabilidade?
Prezado Miguel,
Certamente as barreiras que encontramos ainda são enormes, mais aos poucos a conscientização, não diria que geral mais virá, e exemplo claro que tambem me chamou a atenção é o comentario feito pelo amigo Emerson Figueira de Jussara- Goias, e tambem me recordo recentemente de um artigo me parece
que foi a reunião do G8, onde tentavam estimular o menor consumo de Carne Bovina. Vamos aguardar.
Parabéns pelo artigo e comentários.
Paulo Colavitti Neto
Parabéns pelo artigo,texto este que relata o camminho a seguir ,pelos pecuaristas, em busca da sustentabilidade de todo sistema.
A de lembrar que grande parte das terras ocupadas pela pecuária, se encontra sem regularização fundiária, motivo este que eleva a dificuldade de investimento, principalmente hoje com as exigências ambientais, pricipalmete se falando em região amazonica.
Infelismemte o percurso é longo, mas está provado que um novo modelo de produção há de ser implantado.
Bom dia Miguel,
Gostei imensamente da tua reflexão. Mais ainda em saber que foi estimulada por dados apresentados no fórum sustentabilidade em pecuária a pasto.
A produção de pecuária a pasto e as vantagens ambientais decorrentes dessa atividade são inúmeras, seria necessário um espaço bem maior do que esse para listar essas vantagens.
Falar em Produção e Conservação nos remete ao Zoneamento Sócio Economico Ambiental, extenso estudo sobre o uso dos recursos naturais no Brasil, das fragilidades de cada bioma diante da intervençao humana/agrícola e das condições sócio economicas regionais que nos colocam diante de novos desafios para a antropização.
Um desses desafios seria encontrar soluções que atendam a um conceito de sustentabilidade que inclua o homem, seus direitos e necessidades, sem esquecer a globalização e todos os fenomenos que decorrem da interrelação de mercados e incremento de demandas por matérias primas agrícolas, quando se sabe que as terras viáveis para agricultura no mundo, tem suas dimensões relativamente definidas ha muito tempo.
A solução para o impasse Ecologia X Economia, está na Ciência, na difusão do conhecimento, fundamentalmente na quebra de paradigmas arcaícos sobre a adoção de novos sistemas de produção de carne.
Para começar, seriam necessários investimentos comparativamente pequenos diante dos ganhos decorrentes das mudanças de manejo de pastos e do gado. Temos dados importantes que corroboram os resultados economicos dessas mudanças e da relativa facilidade didática para implantação de novos manejos.
Ao mudar paradigmas arcaícos o primeiro a ser considerado é o velho conceito de aumento de rebanho apoiado no desfrute percentual do mesmo. O que se soprepõe a esse sistema é a adoção do critério de produção de carne cabeça/ano. É fácil entender isso quando se pensa em custos cabeça/ano e capacidade de suporte das pastagens em UA/ano.
Tudo que precisamos é do apoio e da participação de maiores recursos do Estado para difusão massiva de novos conceitos e tecnologias sustentáveis para produção de carne.
Abraço,
Janete Zerwes
Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso
Comissão de Produtoras Rurais
Coordenação em Tecnologia e Pecuária
Leio e volto a ler essa matéria desde que foi colocada no site.
Por viver entre o Brasil e a Europa, sei que essa temática é fundamental para o futuro da pecuária brasileira. Só se a pecuária conseguir trilhar o caminho definido pelo Professor Abramovay é que vai se tornar o grande fornecedor de carne de que o mundo de amanhã precisa.
Agora que o Miguel lançou esse debate, resta criar o grupo, a rede de trabalho que vão poder colocar em prática o programa de trabalho aqui mencionado.
Cabe ao BeefPoint a grande responsabilidade de organizar isso.
Cabe a nós a responsabilidade de participar com os nossos diversos talentos.
Parabéns.
JY Carfantan
Parabéns Miguel!
Você como sempre escreve muito bem.
Também acredito na pecuária sustentável.
Tanto que produzimos aqui na fazenda (oeste do Est.SP) com 2,4 UA/Ha em pastagens reformadas com milheto+stilosantis em rotaiocando intensivo.
Você sabia que a FAO/ONU, ciente de que o grande problema está nas pastagens degradadas, está organizando um fundo pra recuperação de pastagens ao redor de todo o mundo?
Parece que o desafio tem luz no fim do túnel!
Abraços,