O uso da suplementação de bovinos é uma prática muito comun na bovinocultura de corte, como forma de diminuir a idade de abate dos animais através do aumento do aporte de nutrientes na dieta. Os suplementos vão disponibilizar nutrientes além dos presentes nas pastagens. A associação dos alimentos da composição do suplemento e a pastagem disponível ao animal, pode ter como resultado uma maior ou menor digestibilidade da dieta total. Se a digestibilidade da mistura dos alimenos for maior que a soma das digestibilidades dos alimentos separadamente, temos o chamado efeito associativo positivo. Já se a digestibilidade da mistura dos alimentos for menor, teremos efeito associatvo negativo.
Os efeitos associativos nos ruminantes estão diretamente relacionados ao ambiente ruminal, podendo ser positivos quando as mudanças produzidas nas condições ruminais favorecem os microrganismos aí presentes, melhorando a digestão dos alimentos. Em geral, o efeito associativo negativo ocorre quando o valor nutritivo da dieta é reduzido devido à depressão da digestão da celulose ou do amido, como resultado direto da suplementação, do processamento ou de efeito direto sobre o trato digestivo.
A suplementação de animais em pastagens com fontes de carboidratos rapidamente fermentáveis, em níveis acima de 0,5% do peso vivo, levam a efeitos associativos negativos devido à depressão da digestibilidade da porção fibrosa dos alimentos. A queda nos valores de digestibilidade das fibras ocorre em razão da sensibilidade dos microorganismos celulolíticos à queda do pH ruminal. Também poderá ocorrer efeito de substituição, com queda na ingestão da forragem. Apesar da menor ingestão de forragem, a suplementação proporciona uma maior ingestão total de matéria seca, sendo possível a utilização de uma carga animal mais elevada, sem diminuição do desempenho individual dos animais.
O efeito associativo entre alimentos ocorre devido a vários fatores, como: sincronização de degradação de energia e proteína, ingestão e fatores dinâmicos sobre o ambiente e pH ruminal. Efeitos positivos podem ser conseguidos para o aumento da ingestão de forragens de baixa qualidade. O fornecimento de suplementos com nutrientes prontamentre disponíveis, aumentando a população microbiana e conseqüentemente a digestibilidade da porção fibrosa dos alimentos, levando a uma maior ingestão.
A suplementação de dietas à base de palhadas com pequena quantidade de forragem verde, leva ao aumento da ingestão de matéria seca, provavelmete devido ao aumento da concentração de amônia ruminal acima de níveis considerados críticos. Segundo Minson (1990), a digestibilidade de fibra fica comprometida com alimentos que apresentam teores de proteína bruta (PB) abaixo de 6,2% da matéria seca (MS). A suplementação protéica pode levar a aumentos na ingestão de MS de 14 a 77% em dietas com baixos níveis de proteína.
Em razão da estacionalidade de produção forrageira, concentrando as maiores produções durante o verão e somente 10% da produção anual durante o inverno, nos sistemas intensivos de produção é necessário que se faça a conservação de forragens para utilização durante os períodos de escassez forrageira. Confinamentos com objetivo de altos ganhos de peso diários, usam forragens somente como fontes de fibra para a manutenção das condições fisiológicas no rúmen, sendo a grande maioria dos nutrientes oriundos do concentrado.
Tabela 1. Fatores que afetam a ingestão de matéria seca de forragem
Dietas com altos teores de fibra de baixa qualidade (altamente lignificada) vão limitar a ingestão por limitação física de enchimento do trato digestivo, devido à baixa velocidade de digestão e passagem da fibra adiante no sistema digestivo. A ingestão de MS também pode ser manipulada pela quantidade de alimento disponível aos animais. Grande quantidade de alimento disponível, permite que os animais selecionem porções mais palatáveis e nutritivas, melhorando assim a qualidade da dieta ingerida. O processamento também é uma forma de aumentar a ingestão de MS em alguns casos, como por exemplo, com volumosos de baixa qualidade, onde pretende-se aumentar a taxa de passagem e aumentar a ingestão de MS. O aumento da taxa de passagem vai levar a queda na digestibilidade do alimento por permanecer menos tempo no rúmen. Porém, como a digestibilidade do alimento já é baixa, não haverá prejuízos, e sim favorecimento por maior quantidade de alimento passando pelo trato.
Tabela 2. Formas de manipulação da ingestão de MS de bovinos
Os efeitos associativos entre alimentos ocorrem e interferem nas quantidades de energia digestível e metabolizável utilizadas pelo animal para produção. Portanto, será de grande importância a determinação dos efeitos entre os alimentos e suas conseqüências para utilização nos programas de formulação de ração para ruminantes, que atualmente não levam em conta esses efeitos.
Referências Bibliográficas:
NUSSIO, L.G.; CAMPOS, F.P.; MANZANO, R.P. Volumosos suplementares na produção de bovinos de corte em pastagens. Sociedade Brasileira de Zootecnia – A produção Animal na Visão dos Brasileiros, Piracicaba, Fealq, 2001.
MINSON, D.J. Forage in ruminant nutrition. Academic Press, San Diego, California, USA, 1990.