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O erro mais comum é achar que o pasto não precisa ser cuidado como uma lavoura – Rodrigo Albuquerque

O Workshop BeefPoint sobre Engorda a Pasto foi realizado no dia 17 de outubro, em São Paulo.

Reunimos quem melhor engorda boi a pasto, que é responsável por 90% do gado abatido no país. Conhecemos o trabalho dos melhores invernistas do Brasil, com apresentação de estudos de caso, troca de experiências e conhecimento, num ambiente de conversa e debate. Foi um encontro de discussões em alto nível, para conhecer quem tem feito um excelente trabalho no Brasil.

Para conhecer melhor quem tem se destacado na engorda a pasto no país, preparamos uma série de entrevistas com essas pessoas.

Confira a entrevista com Rodrigo Albuquerque, médico veterinário da Fazenda Buritis & Marca, em Jussara – GO.

Rodrigo Albuquerque

Após trabalhar durante 10 anos no setor privado de nutrição, em cargos técnico-comerciais, Rodrigo Albuquerque assumiu o projeto de pecuária (recria e engorda) da família, estando nele há 7 anos.

Trata-se de um projeto em intensificação, baseado no conceito de produção de bois gordos a pasto, semi-confinamento e confinamento, com a característica marcante de ser anual. Eles trabalham com safra, igual à produção de laranja, cana, milho, soja etc. Eles identificam individualmente os animais no início da safra (01/nov) e para cada categoria de apartação eles têm um destino traçado, de modo que em novembro, já sabem o desenrolar zootécnico e financeiro, podendo aliar ferramentas de venda ao sistema de produção.

BeefPoint: Quais os maiores desafios para o pecuarista que trabalha com engorda a pasto?

Rodrigo Albuquerque: Os desafios vêm do fato que planta-se capim, cria-se boi e colhe-se carne. É muito mais complexo que agricultura, onde se planta milho e se colhe milho. No caso do boi, temos que interagir com 3 fatores de produção completamente diferentes, a saber: solo, vegetal e animal. A complexidade vem daí.

BeefPoint: Você poderia nos contar sobre os acertos, o que fez e deu certo no seu sistema de produção a pasto?

Rodrigo Albuquerque: Nosso principal acerto foi investir em técnicos especialistas da área, que têm base de conhecimento sólida, mas sobretudo vivência prática. Com isto, em cerca de 1 ano, dobramos nosso desfrute e nossa produção de @/ha.

BeefPoint: E o que deu errado, você poderia nos contar? O que você considera os erros mais comuns num projeto de engorda a pasto? 

Rodrigo Albuquerque: O erro mais comum é achar que o pasto não precisa ser cuidado como uma lavoura. Achar que ele é um fator de produção capaz de suportar erros grosseiros. Ele cobra a sua conta, mas da pior forma possível: aos poucos e devagarinho ele te cozinha…

BeefPoint: Quais as maiores dificuldades enfrentadas com a mão-de-obra nesse setor em específico? O que tem sido feito para solucionar esses problemas?

Rodrigo Albuquerque: A dificuldade é de colocar na cabeça de uma pessoa com pouca instrução (via de regra) que capim é lavoura. Temos dado a base de conhecimento sobre o assunto, para que o funcionário possa raciocinar por si próprio e não dependa única e exclusivamente de nossas orientações.

BeefPoint: O que você fez em 2012/2013 que te trouxe mais resultados?

Rodrigo Albuquerque: Investir em assessoria técnica de pastejo.

BeefPoint: O que é o mais importante para ter sucesso na engorda a pasto?

Rodrigo Albuquerque: Entender que o ciclo de produção da safra de capim é muito curto e muito dinâmico, exatamente o oposto do que a grande maioria pensa.

BeefPoint: Quais são seus planos para 2014?

Rodrigo Albuquerque: Investir em reforma de pastagens e em sistemas de geração de informação zootécnica-econômica com precisão e rapidez. É o que chamo de painel de controle. Informações rápidas e precisas, sempre a mão, sobre o seu negócio.

BeefPoint: Você gostaria de participar de um programa de carne de qualidade, de gado criado a pasto, com certificação?

Rodrigo Albuquerque: Sim, estamos totalmente abertos para isto.

BeefPoint: Que recado você deixaria para produtores de gado a pasto?

Rodrigo Albuquerque: Cuidado se você acha que engorda a pasto é um processo lento e pouco dinâmico. Ao raciocinar em cima do conceito de que safra pecuária não pode ser bi ou trianual, você verá que a velocidade que o sistema de produção requer é absurdo.

2 Comments

  1. Egon Valter Schwerz disse:

    Muito interessante o enfoque básico do valor da produção pecuária a pasto. Precisamos muito aprender neste sentido da correta utilização do pastoreio, contando que temos as diferenças fundamentais do clima no desenvolvimento do pasto.
    Concordo plenamente que devemos considerar pasto como lavoura, conhecermos profundamente a sua produção e aprendermos a colher, através do boi.

  2. Eng.Agr. Walfredo Genehr disse:

    Parabéns ao Sr. Rodrigo Albuquerque pelas observações feitas, apontando os pontos críticos que devem ser trabalhados para melhorar a eficiência na pecuária de corte.
    No caso da terminação animal, esta deve chegar, no máximo, até os 24 meses da idade do animal, esta condição deve ser avaliada, para, desta maneira, oferecer carne de qualidade para o mercado consumidor. Isto só é possível se trabalhamos com raças que tenham uma boa capacidade de conversão alimentar e que ofereçam genética que possa gerar uma carcaça de qualidade neste período.
    O rendimento de @ de carne/ha é uma condição de lotação animal por unidade de área e esta é dependente do volume de matéria seca produzida.
    Assim, o manejo do capim (pastagem) como lavoura é inquestionável e nisto devemos observar os seguintes pontos: a) Usar cultivares de capim que efetivamente possam produzir o maior volume de matéria seca por unidade de área e que possa ter um bom nível com relação a FDN; b) Com relação à Adubação, esta deve contemplar macro e micro nutrientes e realizada em momentos certos, isto é, conforme a necessidade real de demanda da pastagem de forma a possibilitar as melhores condições para o seu desenvolvimento; c) A Irrigação das pastagens, pois o custo/benefício desta é inquestionável, já que oferece um retorno garantido na eficiência de produção e terminando com a sazonalidade da produção.
    Abraço,
    Walfredo