Há pouco tempo – antes de toda a crise deflagrada em Brasília – afirmei ser condição “sine qua non”, para o contínuo crescimento do moderno e invejável agronegócio brasileiro, a presença de instrumentos que apresentem garantias de cumprimento da estabilidade das instituições do Estado brasileiro e que, do contrário, o futuro do agronegócio estaria comprometido.
Grandes conquistas – porém ainda tímidas – foram alcançadas nos últimos oito anos, no campo institucional e econômico. Do ponto de vista econômico foi a política macroeconômica, mas ela ainda está longe de contribuir para o crescimento sustentado, e ainda não formou um consenso suficientemente forte sobre os seus méritos.
No que se refere ao campo institucional – atualmente – não vejo um Governo baseado em uma política segura e consistente, que de forma cada vez mais vocal promova a tão perseguida harmonia entre os Três Poderes. A fragmentação de poder hoje evidenciada no Governo representa, acima de tudo, um desafio à democracia.
Há muito saudosismo com relação a várias políticas macroeconômicas e institucionais erradas do passado, e por isso ainda corremos o risco de voltar a cometer erros que conduzam a uma “década perdida”, que conduzam à falta de governança e ao detrimento do processo administrativo.
A agricultura brasileira vem sofrendo fortemente os reflexos desse saudosismo e da falta de um programa claro e definido de desenvolvimento, poder e crescimento sustentado. O descaso com o agronegócio – e com todo o setor exportador brasileiro – pode ser verificado na condução da política econômica do atual partido que Governa o País.
As elevadas taxas de juros aplicadas no país reduzem a taxa de crescimento econômico e de investimento no setor, aumentam o desemprego e estimulam – de forma escancarada – a entrada promíscua de capitais especulativos na economia brasileira, além de, é claro, comprometer cada vez mais a dívida pública que cresce em níveis exponenciais.
Além disso, o agronegócio brasileiro sofreu o revés da redução dos preços das commodities no mercado internacional, a elevação nos custos de produção e dos insumos básicos, a seca que afetou fortemente a colheita da Região Sul do País, a desvalorização mundial do dólar – que provoca a queda da nossa competitividade externa – e finalmente, mas não menos importante, o sucateamento do parque logístico brasileiro.
Inegável registrar que o ano-safra 2004-2005 foi desanimador. De acordo com pesquisa da CNA/CEPEA/ESALQ/USP, o Produto Interno Bruto do setor agropecuário registrou uma redução de 3,6%, registrando o pior desempenho da década, desde 2000 (pecuária registrou crescimento de 0,1% e a agricultura queda de 6,1%).
Deve-se notar, todavia, que este cenário negativo registrado no setor agropecuário que bate à porta do Ministério da Agricultura reflete simplesmente o descaso político e econômico que o Governo petista impõe ao setor que mais gera renda, emprego e saldo na balança comercial.
Reflete, ainda, a completa e total desarticulação de um Governo que não sabe governar e gerenciar projetos que levem ao desenvolvimento do Brasil.
Há um velho ditado que diz o seguinte: “quando a agricultura vai bem o responsável é o clima”, no entanto, “quando a agricultura vai mal, a culpa é do Ministro da Agricultura”. Nesse caso, o ditado não é aplicável e perdeu, no meu entendimento, seu valor.
O Ministro Roberto Rodrigues, homem de bem, trabalhador e reconhecidamente competente é refém de um Governo que não tem como prioridade o agronegócio nacional. São muitos os desafios que se antepõem ao Ministro, que seguramente não merece ser comparado, confundido e levar a pecha da incompetência exclusiva da supremacia petista.
As magnitudes dos problemas e dificuldades na condução das políticas de interesse da agricultura de precisão e do conhecimento e a indefinição do Governo quanto às suas prioridades tornam ainda mais árduos estes desafios.
O histórico do Ministro Roberto Rodrigues, na inserção e na construção de um agronegócio que resultou em um quadro de mudanças no próprio processo de tomada de decisão, me deixa convencido e oferece grande credibilidade ao setor de que as dificuldades serão enfrentadas de forma positiva, propiciando as condições necessárias para uma ação bem sucedida na condução do interesse nacional.
Finalmente, desejo, respeitosamente, refutar a avaliação de um grande produtor que, em entrevista ao Jornal Correio Braziliense, afirmou que a popularidade do ministro Roberto anda em baixa. Na verdade, caros leitores, a baixa credibilidade e popularidade são distúrbios funcionais inerentes ao governo petista, e não ao ministro.
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Concordo com o articulista e gostaria de dizer que: GRAÇAS À DEUS o ministro Roberto Rodrigues está lá nos defendendo.
Pois se lá não estivesse, quem sabe nas mãos de quem estaríamos?