Por John Nalivka
Com os preços da carne bovina em níveis recordes, o grande tema continua sendo quando os pecuaristas começarão a reter novilhas para reposição e expandir os rebanhos. A maioria dos analistas do setor acredita que o número de cabeças de gado continuará diminuindo e, consequentemente, também a produção de carne bovina. Essa é uma conclusão inevitável. Os números só poderiam aumentar nos próximos dois anos se as novilhas da safra de bezerros do ano passado tivessem sido retidas, cobertas este ano para parir em 2026. Esse cenário não ocorreu.
Essa situação é ainda mais agravada pelo problema da mosca-da-bicheira (New World screwworm) no México e pelo fechamento da fronteira para qualquer gado entrar nos EUA. Em relação a isso, preocupa-me mais o impacto potencial, de longo prazo e mais sério, caso a praga entre nos rebanhos de gado dos EUA, do que o impacto imediato da falta de 1 milhão de bovinos de engorda mexicanos disponíveis para os confinamentos americanos.
Qualquer ameaça de doença representa um grande risco para todas as partes da indústria de carne bovina dos EUA — pecuaristas, confinadores, frigoríficos — assim como para todos os setores envolvidos na comercialização da carne.
Voltando à perspectiva para o rebanho de gado dos EUA: a decisão de reter novilhas para expansão do rebanho envolve tanto o custo de oportunidade quanto o risco. O custo de oportunidade é a renda perdida resultante de uma decisão.
Em 2025, a decisão de reter uma novilha este ano para expandir o rebanho apresenta um custo de oportunidade de US$ 2.000 a US$ 2.500 — o valor de venda dessa novilha. Além disso, essa decisão envolve o risco em relação à renda que ela poderia gerar em comparação com seu valor de venda atual. Ela seria coberta no ano seguinte e pariria no ano seguinte a esse.
Isso estende o tempo para obter qualquer renda dessa decisão para dois anos. Mas primeiro, ela precisa ter um bezerro saudável e comercializável. Em segundo lugar, quanto custará mantê-la durante esses dois anos até que seu bezerro seja vendido? E, em terceiro, qual será o mercado para esse bezerro?
Essas são todas considerações importantes para a decisão inicial de retê-la como novilha de reposição, e todas envolvem riscos. Claro, esses dois anos podem ser reduzidos para um se ela for vendida como novilha prenhe, o que por sua vez reduz o risco e pode compensar o custo de oportunidade, caso a decisão de retê-la tenha sido tomada um ano antes. Seu valor de mercado como novilha prenhe poderia facilmente aumentar de US$ 1.000 a US$ 1.500. Esse é um valor bruto que não leva em consideração o custo de mantê-la por um ano.
E a decisão de um pecuarista de reter uma novilha vai muito além da motivação movida pelos preços atuais do gado. Trata-se de uma decisão de peso, que envolve não apenas o mercado atual, mas também o custo de oportunidade e os preços dois anos à frente. É mais do que apenas o número de bezerros carregados no caminhão hoje; trata-se, cada vez mais, de criar e capturar maior valor com cada bezerro carregado naquele caminhão.
E, por fim, há um fator adicional a considerar que nunca muda: não existe um pecuarista “médio”. Pecuaristas e agricultores têm circunstâncias únicas que influenciam diretamente suas decisões de negócio.
Fonte: Drovers, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.