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O que aprendi sobre vida, carreira, felicidade e sucesso? Por José Luiz Tejon Megido

Por José Luiz Tejon Megido, Diretor Vice Presidente de Comunicação do Conselho Cientifico para a Agricultura Sustentável (CCAS), Dirige o núcleo de agronegócio da ESPM, Comentarista da Rede Estadão-ESPN.

Esta pergunta me foi feita num grande evento, o BeefSummit Brasil, na cidade de Ribeirão Preto. Cerca de mil pessoas, empresários, personalidades de sucesso. E minha missão era responder o que eu aprendi, a partir de tantas adversidades sobre a vida, os negócios, a felicidade e o tal do sucesso.

Pergunta fácil, resposta difícil. Muita curiosidade de todos, e minha também. Os aprendizados da vida são constantes, mas transformá-los numa peça pedagógica é bem complicado. E o mais complexo de tudo é que não paramos de aprender, e como não chegamos ao final da linha da vida, algumas conclusões antecipadas podem ser totalmente equivocadas.

Por isso sábios gregos já conjecturavam que sucesso e felicidade eram coisas só possíveis de serem auferidas após a morte. Diziam eles que alguma coisa que ocorresse um minuto antes da morte de uma pessoa poderia transformar tudo o que se havia imaginado como sucesso em fracasso e, mesmo uma vida que poderia ser considerada uma derrota, numa grande vitória.

Mas vamos ver por partes. Pegar períodos e fases já concluídas. O que aprendi como menino, com o rosto queimado? Aprendi que o maior preconceito do mundo é aquele que formamos e forjamos dentro dos nossos sentimentos. Aprendi que Bullying agride, mas também ensina a resistência, a defesa, e nos prepara para provocações muito mais sutis, ferinas e mesmo polidas, no futuro. E ainda mais, reparei ao longo de todos esses anos que aqueles que mexeram com as queimaduras do meu rosto rindo e apontando foram poucos, mas esses eram sempre os feios, muito feios geneticamente falando, nunca bonitos!

Aprendi enquanto menino que podemos fazer grandes e espetaculares amigos, e que nossas deficiências aparentes e físicas não nos impedem de termos uma vida feliz, intensa e de brincar com tudo e com todos. Enquanto criança nos hospitais públicos por onde passei, anos e anos semi-internado, dos 4 até os 16 anos, aprendi que existem sofrimentos imensos, mas existem seres humanos sensacionais que conseguem fazer de um fim de vida um exemplo de carinho e amor. Vi e senti olhares plenos de amor e de solidariedade de gente humilde.

Senti a força de corajosos, e ouvi conselhos dignos e sensacionais sobre a vida. Aprendi também que maldade existe, que violentos e cruéis fazem parte de um pequeno percentual humano, e que podem vir a dominar e influenciar muitos, se ficarem sem o contraponto, e sem a luta dos bons. Como criança aprendi que muitas famílias podem ser nossas famílias. Como filho adotivo aprendi que pais e mães que adotam podem amar intensamente mais do que os biológicos.

Como jovem aprendi que a música salva. Que poder criar eleva a autoestima e que a beleza pode ser inventada nas obras e essa beleza se transfere mesmo para um rosto queimado como o meu. Como jovem descobri que nos transformamos na qualidade das relações e dos ambientes onde convivemos. Aprendi que precisamos nos expor a tudo, ou quase tudo, mas que saber voltar aos fundamentos da Dignidade humana exige o aprendizado e o ensinamento de valores.

Como homem descobri que mulheres belas não se apaixonam só pelos galãs, e que mesmo com meu rosto deformado me apaixonei e fui amado por belas mulheres. Como profissional e executivo aprendi que se trabalharmos convictos de estarmos pensando na empresa em primeiro lugar, nada irá possibilitar o atraso das nossas carreiras. Que se colocarmos a sociedade, o país e o planeta acima de tudo iremos colher de um sucesso inevitável. Pensar como dono, fundamental. Liderar com amor e apaixonado pelas equipes promove êxitos impressionantes. Como alto executivo aprendi que os resultados contam, mas que os meios utilizados para atingi-los contam muito mais, ao longo do tempo. Como professor aprendi que quanto mais posso doar mais a vida cisma de me retornar.

Na vida aprendi que perdoar é sábio, mesmo se não pudermos esquecer. E que esquecer pode nos salvar. Já como um velho acadêmico, escritor e palestrante continuo aprendendo que as lições mais fundamentais são as das crianças. Que a criança pura revela a proximidade da alma. E aprendo todo dia com seres humanos que carregam vivas dentro de si as suas crianças interiores, não importa sua idade física. Não existe velho para uma alma que voa e brinca de esconde esconde e pega pega no universo.

Hoje, o maior de todos os aprendizados continua sendo a certeza das nossas imperfeições. A consciência da nossa necessária humildade, e os segredos do aprender a aprender com outros humanos admiráveis. Devo o que sou a construção de retalhos humanos que foram costurados e tecidos em mim. Desde a vida que me foi dada pela mãe biológica, pela coragem dos imigrantes pais adotivos e pelos amigos, conhecidos e anônimos com os quais aprendi centímetros novos no cerzir das colchas de retalho, no patchworking que nos transformamos.

A todos convido à expulsão do medo, e um convite a pular nas ondas mutantes dos mares das vidas, segurando pela mão, na mão de um pai valente que espera seu filho possa um dia também saltar, conduzindo pelas suas mãos outras crianças, outros seres e que essa corrente, esse embate de rochas e ondas jamais seja vencido pela omissão das ostras ou pela acomodação do limo escorregadio…

Descobri que felicidade antecede sucesso, mas que o sucesso precisa recompensar a felicidade, que sofrimento só é sofrimento se não tivermos um sentido e um significado que valha a pena perseguir. Amor surpreende e revigora. Ame, como Edith Piaf ensinou… Ame. Um brinde à vida, e o futuro que venha, e ele virá, e esse futuro vem carregado de imprevisibilidades, recheado de acasos. Mas, como ele virá mesmo, que venha então o futuro… Mas que nos venha pela frente. Feliz 2014!

Por José Luiz Tejon Megido, Diretor Vice Presidente de Comunicação do Conselho Cientifico para a Agricultura Sustentável (CCAS), Dirige o núcleo de agronegócio da ESPM, Comentarista da Rede Estadão-ESPN.

8 Comments

  1. Joao Hilario da Silva Jr disse:

    Tejon, obrigado por compartilhar tudo isso. Já imaginou como seria diferente se, antes de ver, nós legitimatente escutássemos todos os que nos cercam? O maior desafio são os nossos olhos. Os vereditos que damos através deles fazem com que percamos as oportunidades de aprendizado e crescimento pelos outros – que você bem descreve. Grande abraço e um “listen-active” 2014 para todos nós! JH

  2. Welton Cabral disse:

    Grande cidadão brasileiro.

  3. Leonardo José Lente disse:

    Parabéns ao José Luiz pelas suas colocações, sabias palavras.

  4. Daniela Liranço disse:

    Caro Jose Luis, me emocionei com suas palavras, parabens pelo texto, vou imprimir e guardar com muito carinho.
    Grande abraço

  5. Marcos Reis disse:

    Caro José Luiz Tejon
    Não o conheço pessoalmente mas sou um grande admirador da sua pessoa e de seu trabalho. Muito obrigado por toda essa riqueza de informação que de uma forma simples passa para nossa nação de pecuaristas e agregados ainda mais se tratando de uma carência enorme de informação, conhecimento,capacitação e propriamente o esclarecimento do verdadeiro papel do agronegócio no mundo ubarnóide.
    Muito Obrigado e Feliz 2014!!!!

  6. Antonio Santos Diez del Corral disse:

    Parabéns pelas sábias palavras. Que Deus nos abençoe nesse natal e sempre.

  7. Sonia M. Lopes de Felicio disse:

    Um dos textos mais belos e emocionantes que li nos últimos tempos. Um texto tão real e verdadeiro que nos leva a refletir sobre esse louco mundo e nos toca de forma suave e discreta o coração.

  8. José Geraldo de Andrade disse:

    INCRIVEL LIÇÃO DE VIDA!!!!!!!!1