As exportações de carne bovina para os Estados Unidos até o último dia 21 de julho somaram 9,7 mil toneladas. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
Ainda sem a tarifa de 50%, prevista para começar em 1º de agosto, julho poderá ter um bom desempenho na visão do diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres. Ele acredita que os resultados finais podem surpreender, já que há movimento de corrida para comprar carne bovina sem a tarifa de 50%. A partir do próximo mês, o valor final do imposto sobre a proteína brasileira vai passar de 36,4% para 76,4%.
“Este mês a gente deve bater um recorde de exportação nos meses de julho para os Estados Unidos. O que nós assistimos foi uma aceleração dos embarques justamente para pegar essas cargas sem a tarifa”, projeta Torres. No total de julho de 2024, as exportações para os Estados Unidos foram de 17,3 mil toneladas.
Quanto ao cenário a partir de agosto, o analista e economista da Safras & Mercado, Fernando Iglesias, vê que a situação pode ser pior para os americanos. Para ele, a tarifa de 50% vai afetar no “curtíssimo prazo” o Brasil, mas em contrapartida tira do páreo “o fornecedor mais competitivo” do mercado estadunidense de carne bovina.
“O Brasil vai conseguir se rearranjar, se reorganizar no mercado global, vai conseguir colocar produtos em grande proporção na Ásia, enquanto os Estados Unidos vivem uma crise que vai atravessando sua pecuária, que tem muita, muita dificuldade para encontrar produto”, afirma Iglesias.
Já Torres acredita que eles continuarão comprando carne brasileira, mas as margens dos importadores tendem a cair, já que a diferença entre o preço da arroba americana e brasileira favorecia eles. Isso porque a taxa de importação atual é de 36,4%. Apesar de alta, dá fôlego para os importadores, pois a arroba americana varia entre US$ 120 e US$ 130, enquanto a arroba brasileira com o imposto varia entre US$ 65 e US$ 75. Essa diferença era vantajosa para os compradores americanos, que depois revendem em níveis próximos aos praticados no mercado interno dos Estados Unidos. .
“Os Estados Unidos vão comprar a carne do Brasil, não mais em função do preço, mas em função da falta de carne. E vai pagar caro. A vantagem que eles tinham comprando carne do Brasil deixa de existir, mas não há necessidade”, pontua ao comentar também que a demanda por proteína continuará alta e a oferta mais escassa.
Fonte: Estadão.