O mercado do boi gordo está numa encruzilhada. De um lado, a reposição está se tornando mais cara e mais escassa em inúmeras regiões brasileiras. O alto preço da reposição em relação ao boi gordo sempre é um fator forte de ajustes positivos nos preços do boi gordo. Por outro lado, a arroba em dólares segue se valorizando, pressionando os exportadores. Apesar disso, as exportações, mesmo com real valorizado, seguem aumentando.
O mercado do boi gordo inicia o ano com valorização, criando expectativa para aumento de preços em 2007. De 2 de janeiro a 27 de março (data que esse artigo foi escrito), o boi gordo se valorizou 4,53% em São Paulo (indicador Esalq/BM&F). O início do ano é um período tradicionalmente de recuo nos preços, com o aumento de animais para abate oriundos de pastagens. Em 2006, por exemplo, do início de janeiro ao final de março, o recuo foi de 4,75%. Na reposição, os preços estão ainda mais aquecidos, com o indicador de preços do bezerro no MS (Esalq/BM&F) se valorizando 9,87% desde o começo de 2007. No mercado futuro, os contratos negociados na BM&F indicam preços para outubro acima de R$ 61,00/@ e acima de R$ 60,00/@ para novembro, à vista. O cenário em 2007 é realmente mais positivo para os preços do boi gordo. Vamos analisar os principais motivos que interferem no mercado do boi gordo.
O mercado internacional continua demandando muita carne bovina brasileira e os preços em dólares da carne exportada têm aumentado. As exportações de janeiro e fevereiro de 2007 de carne bovina in natura foram 61% maiores que nos dois primeiros meses de 2006, em faturamento. Comparando-se esses dois períodos, o preço médio da carne exportada subiu mais de 9%. A expectativa é que as exportações novamente cresçam mais de dois dígitos em 2007. Dado o volume exportado em 2006, é um feito e tanto. Além disso, as barreiras a exportação devido a aftosa foram minimizadas e o Brasil já exporta para todos os países que vendia antes dos surtos de outubro de 2005.
Outro fator importante é a oferta de carne de frango, que está pressionada pelos altos preços do milho no mercado internacional e com a constante ameaça de gripe aviária. Os preços do milho são recordes, devido a crescente demanda dos EUA para produção de etanol a partir do milho. Em 2006, a carne bovina, e consequentemente o boi gordo foram impactados negativamente com a frustração das exportações de carne de frango, que precisaram ser “desovadas” no mercado interno. Prejuízo para a cadeia do frango e conseqüente redução dos preços da carne bovina no atacado, em especial os cortes menos nobres, como os de dianteiro, que competem diretamente com a carne de frango. Esse ano esse problema não deve ocorrer. Pelo contrário, a carne de frango tende a estar mais cara aqui e no exterior. A carne de frango é o principal substituto da carne bovina e influencia nesse mercado.
O preço do milho no mercado internacional também impacta o custo de produção de carne bovina de muitos países, que não tem seu sistema de produção como o do Brasil, onde o pasto representa a maior oferta de alimento aos bovinos. Com isso os preços brasileiros se tornam ainda mais competitivos, possibilitando também preços internacionais melhores para o Brasil.
No mercado interno, os preços dos bezerros sobem em todo o Brasil, dificultando a reposição. Compradores reportam escassez de produtos. Nos últimos meses os preços do bezerro aumentaram consistentemente. No início do ano a relação de troca era de 1:2,42, atualmente está em 1:2,30.
No Mato Grosso o IMEA indica redução do rebanho do estado em 2006, com queda de 2,5% do rebanho total. Em 2005 o rebanho cresceu 3,23%. As maiores quedas foram machos e fêmeas de 0 a 12 meses, com reduções de 7,3 a 10,8%. Além disso o IMEA reporta um aumento do abate de fêmeas, que de 2003 a 2006 cresceu 104%, enquanto que os machos cresceram menos, 32%. Isso indica uma redução conjuntural de oferta de animais para reposição, que irá pressionar ainda mais por aumentos no preço do boi gordo. Com a reposição mais cara, o pecuarista tende a segurar mais o boi gordo, diminuindo a oferta de gado gordo.
O único fator negativo ao aumento do preço do boi gordo é o dólar, que se desvaloriza frente ao Real. Isso ocorre, pois mesmo a desvalorização, o saldo da balança comercial brasileira anualizado continua muito alto, mais de US$ 40 bilhões/ano. Esses dólares em algum momento serão trocados por reais, causando a desvalorização da moeda norte-americana. Analistas econômicos acreditam que o dólar deve ficar entre R$ 2,00 e R$ 2,20. Atualmente a arroba do boi gordo em dólares está cotada em US$ 26,92, valor historicamente muito alto.
O mercado do boi gordo está numa encruzilhada. De um lado, a reposição está se tornando mais cara e mais escassa em inúmeras regiões brasileiras. O alto preço da reposição em relação ao boi gordo sempre é um fator forte de ajustes positivos nos preços do boi gordo. Por outro lado, a arroba em dólares segue se valorizando, pressionando os exportadores. Apesar disso, as exportações, mesmo com real valorizado, seguem aumentando. A relação de troca que mede a quantidade de arrobas de boi gordo comprada por uma tonelada de carne bovina in natura é uma das mais baixas da série elaborada pelo BeefPoint, estando acima apenas de outubro/2005.
Os frigoríficos exportadores são um dos principais formadores de preços do boi gordo, em todo país. É de se esperar que a pressão por redução de preços do boi gordo aumente. Do lado dos pecuaristas, a reposição encarecendo desestimula a venda imediata de gado gordo, mantendo as escalas curtas e dificultando recuos de preços.
Um dos fatores que pode alterar esse cenário é a grande participação de mercado do Brasil. Com a pressão interna por aumento do boi gordo e cotação do dólar se deteriorando, a saída será conseguir aumentar os preços médios da carne exportada pelo Brasil ou redução das margens do exportador. Como o Brasil tem uma participação grande no mercado, há mais força para aumentos de preços. No final de 2005, por exemplo, a redução das exportações brasileiras causou um forte aumento nas cotações internacionais. Hoje essa situação é mais factível, pois com o aumento dos custos de produção dos principais produtores (como EUA) e exportadores (como Austrália) que possuem uma pecuária de corte muito mais dependente do milho que a brasileira, o mercado mundial depende ainda mais de carne bovina brasileira.
Qual a sua perspectiva sobre o mercado do boi gordo para 2007? Dê sua opinião na seção de cartas do leitor, abaixo.
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Muito bem abordado o artigo acima, pois nos dá uma visão mais ampla do que realmente está acontecendo no cadeia produtiva da carne. Acredito que estamos vivendo um momento, ainda de incertezas, pois nos falta dados mais concretos com relação ao tamanho do nosso rebanho.
Como o novo senso do IBGE está por começar, vamos todos contribuir com dados precisos, pois só assim saberemos a exata medida da nossa capacidade de produção para conseqüentemente avaliarmos se estamos iniciando o tão esperado ´´ciclo de alta´´.
Realmente as perspectivas são muito boas, ainda mais com a recuperação do poder de compra do salário mínimo que sobe agora em abril e com o valor do quilo da carne onde o trabalhador pode comprar mais de 2kg com um dia de trabalho, o que no passado não era possível. Afinal não podemos esquecer que 70% da produção de carne é para consumo interno.
José Luiz
Mais uma vez trazendo informações e dados para os os integrantes da cadeia produtiva de gado.
Parabéns a equipe BeefPoint e ao autor do conjuntura do mercado de 2007 Miguel da Rocha Cavalcanti, e continuem fazendo este ótimo trabalho.
Leonardo S. F. O.
Olá Miguel,
Parabéns pelo seu artigo muito bem articulado e que fornece um Raio X da situação atual do mercado de boi gordo e faz a pergunta como nós leitores pensamos a respeito das perspectivas para o mercado.
Cada ano vai ficar mais complicado falar de maneira generalizada sobre os mercados de reposição e de boi gordo porque as variações existentes em termos de preços pagos para o produtor dependem cada vez mais da qualidade, alianças e contratos individuais que o produtor tem com os compradores tanto de reposição como os frigoríficos.
Eu entendo que o sinal de aumento de preço em geral da reposição é um recado claro de que o preço do boi vai subir mas o nosso eterno entrave é de não pegar um parcela justa do que os consumidores lá fora pagam pelo o produto final.
A intermediação entre frigoríficos brasileiros e os supermercados lá fora continua a existir e poder quebrar esta mamadeira teria um impacto enorme sobre os preços pagos aos frigoríficos que então teriam condições de passar um parte razoável desta melhora para os seus fornecedores de matéria prima.
Um outro entrave é a parte sanitária, os frigoríficos deviam destinar parte dos seus recursos financeiros para organizações tipo Fundapec para assegurar nossa classificação como país livre de aftosa com vacinação.
A nossa vantagem competitiva e sustentável é a produção de carne a pasto e aí temos enormes possibilidades de criar um imagem de produtos ecologicamente corretos e com potencial grande a agregar valor, para mim este é o caminho e não os megaconfinamentos que alguns estão pregando e praticando.
Um abraço,
Louis
Acredito que o atual custo da reposição criará um impacto direto no preço da arroba do boi gordo, deixando-o nos patamares de 58 a 60 reais, o que melhoraria um pouco a atual situação da pecuária aqui no Paraná.
O pecuarista a muito deixou de ter perspectivas, só nos resta agora ter esperança, e fé.
Parabéns Miguel pelo artigo
Também gostaria de lembrar que o provável aumento do poder de compra do assalariado brasileiro, mais as diversificações de mercados (hotéis, churrascarias, Ásia e outros) provocarão uma significativa valorização na @ bovina.
Porém teríamos por obrigação como os maiores exportadores mundiais deste alimento, discutir, dentro das propriedades rurais, programas de qualidade total e ainda resolver as novelas da aftosa
Parabéns pelo artigo, se a lógica prevalecer, temos aí todas as respostas do que pode acontecer no ano de 2007. Mas a grande expectativa deste ano, que pode mudar muita coisa, será o resultado do censo pecuário prometido para o mês de setembro. Foi uma irresponsabilidade muito grande demorar 11 anos para realizá-lo, teremos com certeza números positivos para o setor produtivo, e negativos para a indústria, estamos trabalhando com um número projetado de 200 milhões de cabeças, eu acho que o real não passará de 160 milhões.
Os preços que estamos vendo para o bezerro não são uma simples alta, são os novos patamares que deveremos trabalhar nos próximos anos, no segundo semestre teremos um enxugamento de oferta de carne, porque as novilhas de boa qualidade que estão sendo preparadas para o abate terão oferta de preços superiores das do frigorífico e seguirão para a cria, as vacas mais novas que estiverem prenhes também não serão abatidas, quem não está recriando o boi para confinamento terá dificuldade, vai ser difícil comprar.
Portanto mesmo que não diminua a oferta de boi gordo teremos menos oferta de carne no mercado, e aí começaremos a ajustar as coisas, com mais juízo, com o pé no chão, com o lombo ardendo mas de cabeça erguida e esperando ser mais respeitado.
Excelente a análise, Miguel.
Creio que o que está ocorrendo no Rio Grande, acontecerá no resto do Brasil. Com o terneiro chegando a valer R$ 3,00 0 Kg (90,00 a @) nos remates, as reprodutoras tornaram-se preciosas, e não estão indo ao abate. Aqui em São Sepé, neste trimestre houve redução em 48% no número de fêmeas enviadas ao abate, em relação ao mesmo período do ano passado. O fulcro, portanto do aumento nos preços do boi gordo no RS está no valor do bezerro.
Parabéns pelo artigo e muito bem colocada a análise do colega António Pereira, também acho que a oferta de carne irá diminuir devido a esta quebra na cadeia produtiva, também gostaria que as informações do senso mostrassem um rebanho mais enxuto e acredito na acomodação da cadeia com a valorização das fêmeas.
Espero que com esta realidade atual, o produtor possa ver que a valorização da nossa moeda somos nós quem fazemos e podemos ser soberanos na comercialização de nossa mercadoria, basta nos unirmos através das reais informações e não de boatos de “porta de açougue” se é que me entendem.
Parabéns pela análise criteriosa do mercado de gado de corte. Atualmente verifica-se forte pressão dos grandes frigoríficos aqui do Rio Grande do Sul para diminuir o preço do kg do gado gordo. Isso constituí motivo suficiente para considerarmos uma “jogada ensaiada” do “monopólio do mercado de gado gordo”, visando, como sempre, manter seus lucros às custas do prejuízo e descapitalização dos produtores.
Tendo em vista essa conjuntura, existem duas hipóteses: por um lado a manutenção dos atuais preços, em torno de R$ 60,00/@, com os frigoríficos não atingindo seu objetivo ou, caso contrário, queda vertiginosa dos preços (grandes frigoríficos entraram a semana reduzindo em até 20 % os valores da @ ou do kg vivo do gado gordo).
No entanto, mesmo que consigam reduzir os preços nesse momento, a manutenção de preços baixos dependerá mais dos produtores. Se conseguirem segurar suas vendas por um tempo relativamente curto, os preços voltarão aos níveis de R$ 60,00/@ rapidamente. Por outro lado, no RS, a maioria das fêmeas em condições de entoure estão no rebanho de cria, tendo em vista o preço atrativo do kg vivo dos terneiros, R$ 3,00/kg vivo (equivalente a R$ 90,00 por @), não indo para o abate como no ano passado.
A entrada de carne com osso, outra pressão do monopólio, a qual estavam tentando inclusive introduzir no estado ilegalmente, terá algum efeito também na determinação do preço.
Esperamos que nessa “queda de braço”, o produtor possa continuar tendo seus produtos devidamente remunerados, não diminuindo o rebanho bovino do RS em mais de um milhão de cabeças, ou cerca de 10%, como no último ano.
Muito boa a análise feita, o fundo do poço já foi alcançado, nos resta sacudir a poeira e seguir em frente, melhorando nosso nível de tecnologia para começar a colher os frutos dos novos tempos.
Ótimo texto
O artigo trata das informações e analise da realidade que temos informação, porém, como não existe um consenso nas informações, só com um levantamento sério da nossa realidade de fato, é que poderemos programar nossa atividade e realizar um trabalho realmente profissional, ” sem achômetros e chutômetros”, que infelizmente não conseguimos, pois, a manipulação e as mentiras do setor nos deixam completamente desorientados.
Vamos esperar e torcer para que daqui para frente tenhamos um senso a pelo menos cada quatro anos. Que nossos representantes CNA, todas nossas entidades classistas, etc . Exijam dos nossos governantes um senso sério e sem manipulações nos números (gado sem cadastro ou origem, abates clandestinos , fêmeas e machos trocados, etc).
Parabéns, pelo artigo e espero que depois do senso, possamos, projetar melhor nossa atividade, e exigir com mais argumentos, apoio do nosso governo que é hoje cego e irresponsável ao setor.
Parabéns pela clareza da abordagem. Informações desta natureza, vêm de encontro às nossas necessidades. Quanto à questão da elevação do preço do milho, o bicho pode pegar, pois a tendência é crescer a demanda por etanol de milho nos Estados Unidos, para compor uma matriz energética menos agressiva ao meio ambiente.
Prezado Sr.Cavalcanti
Existe migração do setor de recria para o ciclo completo, com o advento de cruzamento industrial? Se houver não seria um dos fatores de alta da reposição?
O Cenário é esse mesmo: o Brasil se consolidando como potência mundial na produção e exportação de carne bovina.
Com isso, as responsabilidades aumentam na mesma proporção, obrigando-nos à ser cada dia mais competentes na questão sanitária (aftosa principalmente) e rastreabilidade.
E aqui no Rio Grande temos um outro desafio: “padronizar nosso produto final”, e isso se faz com genética e alimentação. Que tipo de animal temos que produzir para satisfazer nossos clientes internos e externos?
Conhecimento e tecnologia já temos, então mãos à obra!
O RS no momento, se transformou no paraiso da pecuária espero que se mantenha,mas a pressão dos frigoríficos é grande e os produtores culturalmente, não são unidos portanto tudo pode acontecer.
Prezado Miguel, elogio a abordagem do tema e aproveito para manifestar uma outra visão, com o único intuito de somar no entendimento deste mercado.
O mercado de exportação de 1996 a 2007, deve atingir um aumento acima de 800 %, considerando declaração do Sr. Pratini de Moraes/ABIEC.
O fornecedor de matéria prima carne, leia-se o pecuarista, até esta data, nunca participou deste mercado.
Tanto o aumento do volume de exportação e/ou a variação do US$ em relação ao R$, não fazem parte do universo comercial do pecuarista. Salvo, quando este mercado entra em falso declínio (crise da aftosa, desvalorização do dólar/real etc.) e desvaloriza o valor da arroba recebida em Real para o pecuarista.
Neste período de dez anos o setor de exportação de carne cresceu continuamente e bate recorde todos os meses. Este fato vem ocorrendo pela crescente competência dos frigoríficos e permanente incompetência dos pecuaristas.
A matéria prima adequada (macho, 3 anos, 18 @, + 3mm de gordura, rastreado etc. ) para cumprimento dos contratos de exportação, firmado, entre os frigoríficos e distribuidores estrangeiros, esta sendo fornecida pelos pecuaristas com alto custo de produção e sem nenhum acréscimo no valor da arroba recebida.
A mensagem aqui é clara: Produtor você não exporta nada, você não participa da formação do valor da arroba recebida, você só consegue aumentar a sua margem de lucro se aumentar a eficiência e diminuir o seu custo de produção.
Os frigoríficos devem ser admirados pela sua capacidade empresarial e devem servir de exemplo para todos os produtores de carne. É dever de ofício de qualquer indústria comprar sua matéria prima ao menor custo possível.
Na minha opinião quem esta na encruzilhada é o produtor que segue no negócio acumulando perdas por vender o seu produto a valores inferiores ao custo de produção.
Prezado Miguel Cavalcanti
Parabéns pelo novo editorial, como sempre bem fundamentado. Permita-me algumas considerações, a seguir.
O atual e preocupante panorama dos preços da arroba do boi gordo parece ser diferente dos outros eventos cíclicos de altos e baixos preços do passado.
Os tempos são outros. O mundo mudou, e continuará mudando.
É urgente e necessário um novo tipo de relacionamento entre todos os integrantes da cadeia produtiva da carne bovina. Precisamos sair do cenário de disputa entre pecuaristas, frigoríficos, distribuidores e varejistas e partir para uma relação comercial marcada pelos modernos e profissionais princípios associativistas. Todos nós estamos no mesmo barco. Alguém já disse: é preciso pensar na floresta e não apenas na árvore.
Acredito importante a lembrança que apesar da extrema importância das exportações a esmagadora maioria da nossa produção pecuária é absorvida pelo mercado interno. Precisamos, portanto, de estratégias eficazes para atingir e satisfazer aos diversos segmentos desse mercado consumidor brasileiro. Parcerias e alianças setoriais devem ser implementadas. As organizações classistas e os integrantes da cadeia precisam e devem dialogar.
O consumidor precisa ser melhor informado e orientado para dirimir as dúvidas, desfazer os equívocos e mitos sobre o produto e a produção e compreender a carne como um alimento saudável.
A indústria precisa ser incentivada para desenvolver melhores práticas tecnológicas e mercadológicas no sentido de cada vez mais agregar valor à matéria prima boi gordo, modernizar os cortes, desenvolver novos produtos e melhor aproveitar os subprodutos. Como resultado disso surgirão os retornos mais favoráveis permitindo o pagamento de preços mais justos e melhores aos pecuaristas, unidos e organizados, sem repasses inviáveis ao consumidor.
Não pretendemos e não podemos mostrar caminho único e definitivo. O que nos motivou é o desejo de desenvolver o conhecimento solidário, compartilhar idéias, pois daí sim é que poderão surgir as soluções para um melhor e sustentável desempenho do agronegócio da carne bovina.
Felicitaciones por el artículo. La situación por la que atraviesa la ganadería de carne vacuna brasileña, tiene algunos puntos en común con lo que sucede con la uruguaya (por otra parte, las dos ganaderías exportadoras que más crecen en el mundo). Desde hace más de una década se viene incrementando la faena, en razonable equilibrio con la producción de terneros, pero en los últimos años el dinamismo de la extracción es tan fuerte, que presiona sobre una oferta relativamente más rígida, como es la de terneros, y sube su precio significativamente. En Uruguay hoy el kg. vivo de ternero es de usd 1.4-1.5, algo que ni el más optimista de los criadores hubiera imaginado.
Nuevamente la invernada (el engorde) es la actividad jaqueada, y estamos asisitiendo a una menor faena y consecuentemente (a diferencia de Brasil) a una reducción de las exportaciones, aunque los precios registran un aumento respecto a los mismos meses del año anterior. La disminución de la rentabilidad de la exprotacion brasileña y la esperada reducción de la misma serían una buena noticia para Uruguay, dado que mejorarían aun más los precios.
Gracias y reitero las felicitaciones
Falando como produtor, será que um dia verei o pecuarista, cooperativado, abatendo e comercializando seu próprio gado?
Enquanto isso não acontecer, não adianta reclamar do preço recebido pela @ do boi . A classe nunca foi unida porque falta humildade e principalmente lideranças. Não essas falsas que estão por aí se vangloriando e nada fazem de “concreto” para o produtor. Só vejo ôba, ôba, e cobrança de taxas para sustentar esses bacanas de bolso cheio.
O que ainda me faz acreditar em um futuro melhor é a perseverança do verdadeiro criador brasileiro, não desses jigolôs de vacas que estão na mídia a toda hora pensando que estão enganando a todos. Pecuaristas, uni-vos! Olhem para frente e me perdoem, olhem para a organização e poder de mobilização desses lascados de beira de estrada.
Quem sabe um dia chegaremos lá!
Miguel,
Parabéns pelo levantamento de dados e pela objetividade das informações. Através do artigo, temos mais subsídios para avaliar as diversas variáveis do sistema (preço da carne de frango, dólar, quantidade exportada, preço do milho e etc.) e procurar fazer uma projeção de como elas irão afetar o preço do boi nesta safra.
Eu particularmente, acredito em uma alta, porém não muito forte, pois os frigoríficos exportadores têm bastante peso na formação de preço do boi e estão com as margens reduzidas em relação a anos anteriores e por este motivo deverão forçar o máximo possível reduções de preço. No entanto, o pecuarista está encurralado pelo aumento do preço dos animais de reposição e o tamanho da alta deverá ser determinado pela quantidade de pasto e caixa que tiver para agüentar a pressão.
Meu recado é simples e direto, de nada adianta termos as melhores perspectivas, as melhores análises de mercado, as melhores projeções, se o cartel dos frigoríficos não for quebrado. Cartel já comprova a sua existência, e até agora nada feito pelo governo, polícia ou justiça federal. Até o nosso amado ex-ministro da agricultura hoje já apoia o cartel, dizendo que não é bem assim, a verdade não é essa, onde vamos parar, porque no fundo do poço já estamos.
Clecio, você disse tudo. A cartelização é tratada como crime em países sérios. Aqui, é até preferida pelo estado, que tira vantagens, diretas e indiretas. Mas existe outro grande entrave, a aposta do dólar baixo, feita em conjunto pelos bancos, capital internacional e o próprio governo, ao oferecer juros siderais aos especuladores. Abaixem os juros que o dólar se ajusta. Se o governo não quer a volta da inflação, que reveja seus gastos absurdos e a imensa corrupção.
Só posso dizer que os frigoríficos estão matando “a galinha dos ovos de ouro” deles mesmos. Nós pecuaristas, entramos com o pescoço e “eles” com o facão, corremos riscos e altas constantes no custo de produção, para depois recebermos uma ninharia no preço da @. Pior para os frigoríficos a curto ou médio prazo, pois grandes áreas de pasto estão virando canaviais em vários estados brasileiros, sendo evidente que vai diminuir muito a oferta de bois.
Parabéns Sr .Miguel pelas suas orientações.
Hoje, sei que finalmente chegou o tempo de se valorizar o produtor rural e principalmente o criador.
Tenho certeza que venderei a minha safra de bezerros este ano por algo em torno de R$ 1.000,00 e não acho que é muita coisa não. A cerca de 6 anos atrás, vendi minha safra de bezerros de cruzamento industrial, na fazenda, à vista, por R$ 500,00.
Finalmente o mercado começa a mostrar os sinais de novo ciclo de preços da pecuária. Por isso conclamo aos amigos criadores a valorizarem seus produtos. Só assim teremos uma pecuária justa, que remunera acertadamente a cadeia produtiva e o criador tão sofrido ao longo destes anos.
Abraço.