José Ricardo Rezende comentou sobre o artigo BeefPoint, entitulado: Confira a proposta da criação de uma taxa de carbono para a pecuária ineficiente [Bernard Appy].
Leia o comentário de José Ricardo na íntegra:
Não sei bem como a pecuária acabou junto com a indústria petrolífera nesta conversa, mas suponho que seja em decorrência dos tais estudos de emissão de gases de efeito estufa da pecuária bovina. Certamente não foi pela lucratividade.
Da forma que vejo as coisas os seres vivos e o ambiente formam um todo indissolúvel. E o equilíbrio do planeta é dinâmico, desde o seu início. O planeta e seus habitantes estão mudando permanentemente.
Em outras palavras, viver sempre gera impactos, positivos e negativos. A questão é avaliar quais são os impactos negativos gerados pelo homem, comprometendo o equilíbrio dinâmico, e como agir para reduzí-los.
A elevação na atmosfera de teores de gases como o dióxido de carbono, decorrente da queima de combustíveis fósseis, pode estar contribuindo para o aquecimento do planeta. No final, ao extrairmos e queimarmos petróleo estamos pondo para circular novamente o carbono que estava “sequestrado” em nosso subsolo. Mas, infelizmente, não tenho nenhuma condição técnica de participar deste debate, ainda que importante.
Mesmo entendendo pouco, me parece que considerar apenas a emissão de metano pelos ruminantes para imputar-lhes 77% da emissão de gases de efeito estufa da atividade agropecuária brasileira ou 28% das emissões totais do Brasil, sem considerar o sequestro de carbono realizado pelas pastagens, na forma de matéria orgânica, é no mínimo simplório. Para não falar mal intencionado.
Afinal, estamos falando do ciclo do carbono e em qualquer atividade há sequestro e emissão de carbono. O que interessa de fato para esta análise não é a emissão bruta, e sim a emissão líquida de gases do efeito estufa, por uma atividade econômica.
Seria muito bom abrirem os dados destas pesquisas de impacto que geram estas afirmações bombásticas. Acho que resistiriam muito pouco tempo as críticas.
Há um tempo saiu uma outra matéria bombástica, afirmando que eram consumidos milhares de litros de água para produzir um kg de carne, dando a entender que existia um enorme desperdício de recurso valioso pelo produtor. Estranhei muito, pois o teor de água da carne bovina é muito semelhante a humana. Cerca de 60/70 %. Portanto em um kg de carne bovina existem cerca de 700 ml de água. Que não serão absolutamente desperdiçados. Servirão para alimentar e hidratar pessoas.
E onde foi gasta esta água toda? Não sei. Sei apenas que na conta do pseudo estudo científico além da água bebida pelo animal ao longo da vida entrava também a água consumida pelas plantas que alimentaram esta animal. E para onde foi esta água toda? Simplesmente voltou para a natureza, das formas mais variadas. Sem ser poluída. Isto é simplesmente o ciclo da água, que aprendi no primário, como o do carbono. A conversa faria sentido se apontasse 0% da água consumida no processo que é comprometida.
Mas, não há almoço de graça. E um imposto destes, se aprovado, ao elevar o custo de produção da carne bovina simplesmente deslocaria o consumo de proteína animal.
E dá-lhe frango.
Leia o artigo e demais comentários: Confira a proposta da criação de uma taxa de carbono para a pecuária ineficiente [Bernard Appy].
1 Comment
Parabenizo o sr. José Ricardo Resende por esta bela abordagem!
Antes de qualquer discussão sobre este tema , há necessidade de estudos sérios e profundos sobre o ciclo do carbono na pecuária , para se chegar a um número verdadeiro das emissões líquidas de carbono ( se houver) .
É válido ressaltar que o ciclo natural do carbono da biosfera, no qual está inserida a pecuária ,é auto sustentado e não gera excedentes!!!
A causa primeira do excedente do CO2 na atmosfera provêm da atividade humana ,pela liberação do carbono já retido pela natureza através do refino e queima do petróleo , gás e carvão .
Só não vê quem não quer ,não pode ou não tem interesse de mudar da matriz energética do planeta.