Por André Galassi Gargalhone1
É bom começarmos analisando se a qualidade está intrínseca ao processo de certificação ou se certificar um produto indica que o mesmo tem qualidade. Neste ponto chegamos na maior dúvida de todo o entendimento do que é certificar, pra que serve? E como conceituar e definir a qualidade dentro deste processo?
Qualidade poderia então ser definida como tudo aquilo de bom que espera o consumidor na hora de adquirir um determinado produto, ou que pelo menos ele esteja dentro de padrões pré-definidos de industrialização e comercialização que garantam o que exige os governos e o comprador.
Um programa de certificação deve responder a outras questões igualmente relevantes para o consumidor como, por exemplo a forma como estes alimentos são produzidos no campo no que diz respeito aos cuidados com o solo, ar, água e biodiversidade e respeito aos direitos dos trabalhadores e seus familiares, envolvidos na produção.
Estas práticas e controles estão especificadas em normas e padrões mundialmente reconhecidos, os quais são certificáveis.
A certificação realizada por organismos independentes, responde a estas expectativas, mas não consolida a questão. Poucas são as ONGs capacitadas para avaliar os empreendimentos segundo requisitos especificados em normas internacionais e nacionais, concedendo selo e certificado ao final do processo, monitorando-o periodicamente.
O dever de casa é “trilhar o bom caminho”. Compradores europeus, asiáticos e americanos, e também os consumidores e compradores internos, querem garantias reais do gerenciamento dos processos dentro do agronegócio nacional e se estes estão ambiental e socialmente corretos, além de eficazes quanto à qualidade e segurança do produto final.
A reação dos importadores é fruto da pressão dos consumidores residentes nos países desenvolvidos. Nosso consumidor também começa a definir padrões de qualidade.
Sendo assim voltamos à pergunta: Que qualidade é essa que quer o consumidor?
Não basta definirmos teoricamente a qualidade e sim poder garantir os anseios de compra das pessoas e contribuir para o desenvolvimento socioeconômico brasileiro por intermédio da elevação da responsabilidade social e ambiental no segmento produtivo, atendendo a demanda dos mercados interno e externo por empresas, produtos e processos mais éticos e seguros.
Então se certificar oficialmente processos e produtos garante segurança alimentar e “qualidade” e se isso traz no final do processo fidelização do nosso cliente à nossa empresa, o benefício maior para a empresa é sem dúvida, garantir sua sobrevivência, e para o cliente a satisfação da compra.
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1André Galassi Gargalhone é diretor de pecuária do IBCERT (Instituto Brasileiro de Certificação Ética) www.ibcert.org.br / andregalassi@ibcert.org.br