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O que venho aprendendo ao trabalhar com a ABHB, ABCZ e Assocon

Esse ano, o BeefPoint teve o privilégio de trabalhar com três associações de destaque no Brasil. Estamos participando da realização de três eventos, em parceria com a ABHB, ABCZ e Assocon. Realizamos o Beef Summit Sul em parceria com a ABHB em Porto Alegre no início de abril, que foi nosso primeiro grande evento e um grande sucesso em todos os sentidos. Agora em maio, vamos realizar um evento durante a Expozebu com a ABCZ. E em setembro, somos o responsável pelo conteúdo do Interconf, o maior evento técnico de confinamento no Brasil. Tem sido uma experiência e oportunidade muito boas.

Tenho aprendido muito com essas três associações. O primeiro ponto de uma entidade é que ela precisa gerar valor para o associado. Ela precisa agregar mais do que custa. Parece simples, mas não é todo dia que vemos isso acontecendo. Essas três entidades, de formas bem diferentes estão trabalhando para trazer resultados para seus quadros, estão procurando melhorar e se reinventar a cada dia. É muito bom ver de perto esse processo.

Um ponto muito importante é que o produtor de gado de corte, antes de tudo, é um produtor de carne, um produtor de alimento. Uma das opções mais nobre e caras de alimentação. Um produto amado e desejado. Um produto muito importante para uma alimentação saudável. E um produto que também é fonte de alegria e satisfação de quem o consome. Isso é essencial para todos que produzem gado de corte e vejo que essas três associações, cada uma da sua forma, estão no caminho certo.

Em cada uma dessas entidades, reforço minha percepção de que precisamos de uma liderança forte, atuante e envolvida com as necessidades da pecuária. Como é bom ver pessoas fazendo a diferença, por estarem presentes, por acreditarem, por enfrentarem o que precisa ser enfrentado.

Evoluímos muito nos últimos anos, melhoramos muito. Tenho dito em muitos fóruns e eventos, que o melhor do mundo da pecuária está no Brasil, em especial na parte técnica. Ao mesmo tempo, muita coisa precisa mudar e melhorar. Em especial na parte de representatividade setorial, na parte de negociação e na comercialização.

Podemos mais como pecuária. Podemos e queremos mais.

A ABHB está fazendo um trabalho muito interessante de promover, de gerar demanda e dar resultado para quem cria Hereford/Braford. Para quem cria qualidade. Em todos os contatos que tive com eles, desde que começamos a conversar (em agosto de 2011) sobre nosso evento de abril de 2013, vejo que estão engajados nos mínimos detalhes em como fazer a associação dar certo.

E dar certo significa trazer resultado, gerar valor para quem produz com genética Hereford. Estão com esforços de exportação e também com promoção da carne, o produto final de todo produtor de gado de corte. O presidente da entidade, Fernando Lopa, é admirado e respeitado inclusive pela “concorrência”, ou seja, criadores de outras raças.

O próximo passo é criar maneiras que beneficiem diretamente quem compra genética Hereford, o que vai beneficiar indiretamente quem vende genética Hereford. Beneficiar primeiro o cliente do associado e depois, por tabela, beneficiar o associado. Vi isso muito claramente numa associação de raça na nossa viagem técnica ao Texas, EUA, em março último. Fez muito sentido. A realização de feira de terneiros certificados é um passo nesse caminho. Muito mais pode ser feito.

A ABCZ começa um programa de mostrar as vantagens do zebu como produtor de alimento (carne e leite), que se inicia na gestão do Duda Biagi e terá continuidade na gestão de Claudio Paranhos. Eu vejo a ABCZ como algo maior do que as feiras, exposições e julgamentos de gado de raça, de gado “elite”.

O desafio da ABCZ é conseguir focar em projetos maiores e mais arriscados, além do “elite”. Isso é difícil principalmente pelo fato de que o negócio “elite” é muito bem sucedido em tudo que você possa imaginar. Seria muito mais fácil perceber a necessidade de se ampliar o leque e o foco, se o negócio atual estivesse em crise, o que não ocorre hoje.

A ABCZ pode ser uma frente de representatividade de uma grande parcela dos produtores de gado de corte do Brasil. Pode gerar muito resultado. O desafio é conseguir olhar o “zebu de ponta a ponta”, como é o nome do projeto que realiza um evento com o BeefPoint e a Scot em 8 de maio próximo. A ABCZ que é um gigante, com presença em todo país, pode ampliar muito seu impacto na pecuária ao focar na produção de carne e leite, e não apenas no mercado de genética.

A Assocon tem sido um exemplo de entidade que percebeu o tamanho dos desafios e também o tamanho dos resultados que pode trazer se trabalhar de forma inteligente e profissional. Já percebeu que precisa ter executivos de alto nível trabalhando integralmente. E também que muito pode ser conseguido. A Assocon está ativamente trabalhando em temas de interesse dos confinadores, junto ao governo por exemplo, como questões de rastreabilidade, liberação de novas tecnologias entre outros. Se isso não for feito, muito se perde, muito dinheiro (do produtor) é deixado na mesa. Eduardo Moura tem se engajado num trabalho que demora para trazer resultados, mas é fundamental: influenciar as políticas públicas.

Quando pensamos em técnica, é fácil dizer que o melhor do mundo da pecuária está no Brasil. Mas temos e podemos melhorar muito em todas as frentes de negociação. Precisamos melhorar nossa comunicação com a sociedade, nossa negociação com o governo. E também nossa capacidade negocial com os frigoríficos.

Desde 2009, quando começamos a estudar e analisar as associações de sucesso, percebo que as perguntas essenciais são: 1- qual a governança? Ou seja, como os recursos são investidos em relação aos interesses de todos os associados? 2- qual a geração de valor para o produtor? Ou seja, de tudo que o pecuarista investe, como e quanto ele tem de retorno? 3- qual é o foco e objetivo? Ou seja, está claro para que a entidade existe e trabalha e como ela será medida e avaliada?

Ao acompanhar o trabalho dessas três entidades, de forma mais próxima pelo envolvimento em projetos conjuntos, vejo que estamos no caminho certo. Há muito para ser feito, mas estamos melhorando.

Aproveito também para reforçar a necessidade de trabalhos que envolvam várias associações, conjuntamente. Na viagem técnica do BeefPoint a Austrália ano passado, aprendi que eles conseguiram reunir, há mais de 30 anos, todas as associações de produtores numa só entidade, que tem muito mais força por ser única.

Há muito o que ser feito, de forma convergente e sinérgica por entidades como ABHB, ABCZ e Assocon. Meu desejo é que entidades que já fazem um bom trabalho, expandam seus resultados ao somar forças com outras que têm objetivos, visão de futuro e princípios semelhantes. A pecuária e o produtor tem muito a ganhar.

Esse artigo é a forma que encontrei de saudar, elogiar e estimular quem está fazendo um bom trabalho. Um trabalho de excelência que eu pude ver de perto. Precisamos celebrar mais quem faz a diferença.

2 Comments

  1. Jose Ricardo S Rezende disse:

    Três belos exemplos de sucesso de associações de produtores, ainda que muito diferentes entre si. Concordo com tudo que disse Miguel, mas sinto falta de uma ação em prol dos interesses mais gerais / amplos do segmento pecuário. Entendo que é difícil calcular o custo / retorno ou geração de valor deste tipo de ação, mas dependemos de uma representação política forte para fazer valer nossos interesses maiores. Hj praticamente só a CNA, como entidade de classe, faz este papel com um bom destaque na mídia. Torço para que outras entidades representativas se juntem nesta função. Vamos pensar o que queremos para dez ou vinte anos.

  2. Maria Cristina Bertelli disse:

    Parabéns Miguel pelo excelente artigo e pelo merecido elogio. Nao acredito que seja coincidência mas também tenho tido bastante contato com estas entidades o que acaba nos incentivando a querer fazer sempre mais pela cadeia da carne, novos projetos com estes parceiros que tanto se esforçam para que a nossa pecuária seja a melhor! Meus parabéns ao Duda Biagi, ao Fernando Lopa e ao Eduardo Moura pelo trabalho incansável, é sempre muito gratificante trabalhar com eles e com estas e entidades.
    Um abraço
    Cristina Bertelli