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O rabo do touro

Por Luiz Meneghel Neto1

Antes de tudo quero dar a minha opinião, deixando de lado a emoção, e embasando o meu raciocínio apenas na razão.

Sou criador de Nelore e Limousin há mais de 25 anos – em parceria com o meu pai Serafim Meneghel – e, como me considero um defensor árduo da atividade, estou perplexo com os últimos artigos e comentários de técnicos e criadores que tenho lido e ouvido em diversos meios de comunicação do país.

Ao invés de ficarmos discutindo se o cruzamento industrial é viável; qual é a melhor raça para formar uma heterose precisa com a raça base (o Nelore) ou qual é a melhor raça zebuína ou taurina do país, creio que devemos se preocupar em discutir ações que fortaleçam a cadeia produtiva da carne. Sabemos que temos um produto de excelente qualidade, mas infelizmente estamos nos prendendo a pequenos detalhes ou a atitudes precipitadas.

Temos que sentar à mesa, pecuaristas, agroindustriais e líderes governamentais, para traçarmos ações que melhorem o marketing do produto brasileiro; para que corrijamos as falhas do setor, como a falta de programas oficiais de tipificação de carcaças e de padronização de cortes; e para que, fortalecidos por estes mecanismos, possamos brigar de igual para igual com os outros países competidores no mercado mundial de produção de carne vermelha.

Dados estatísticos divulgados recentemente por órgãos do Governo Federal e pela imprensa nacional mostram a cada dia uma forte tendência de que o país, em breve, irá assumir a posição de 1o colocado neste setor. E aqui volto a advertir a todos: talvez seja fácil alcançarmos esta posição, mas se continuarmos agindo sem união, será muito difícil nos mantermos nesta colocação.

É inadmissível continuarmos presenciando no nosso setor campanhas difamatórias contra qualquer tipo de raça ou insinuações pejorativas contra quaisquer associações de criadores! O que vamos conseguir com isto? Vamos apenas desestabilizar o nosso setor, criar inimizades e facilitarmos o caminho dos competidores internacionais. Sem mencionar ainda que outros setores do agronegócio brasileiro, como a avicultura, vão continuar se aproveitando da falta de organização da atividade pecuária para angariar novos “nichos” de mercado. Em 2002, a indústria avícola exportou mais de 1,6 milhão toneladas de carne de frango, com uma receita cambial de U$ 1,393 bilhão de dólares!

Precisamos acordar!! Além de apenas olharmos para o “rabo” do touro, é necessário que cuidemos de todo o rebanho. Senão, vamos correr o risco de vermos os nossos sonhos irem rapidamente para o brejo.

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1 Luiz Meneghel Neto é presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Limousin

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