O início das exportações de carne bovina in natura do Brasil aos EUA enfrenta obstáculos no Congresso americano, depois de ter sido liberada no fim de junho pelo governo do presidente Barack Obama. Iniciativas no Senado e na Câmara dos Deputados, exigindo avaliações adicionais dos riscos da compra de carne do Brasil e da Argentina, podem adiar “potencialmente por anos” a entrada do produto brasileiro no mercado dos EUA, segundo avaliação do Escritório da Administração e Orçamento (OMB) da Casa Branca.
Resultado da pressão do lobby dos produtores americanos, as comissões de dotação orçamentária do Senado e da Câmara dos Deputados incluíram emendas aos projetos que tratam dos gastos do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) no ano fiscal de 2016, requerendo medidas adicionais para verificar qual a possibilidade de a importação do produto brasileiro levar febre aftosa para os EUA. A versão aprovada pela comissão da Câmara prevê até mesmo novas visitas do USDA a unidades de abate e processamento de carne no Brasil e na Argentina.
As propostas, porém, ainda precisam passar pelo plenário das duas casas, e o tradicional impasse fiscal entre democratas e republicanos sugere que são grandes as chances de não haver um acordo sobre o orçamento para o próximo ano fiscal, que começará no mês de outubro.
O lobby do setor pecuarista mostrou sua força, ao conseguir que as comissões de dotação orçamentária do Senado e da Câmara incluíssem medidas que bloqueiam a implementação das regras que tornam possíveis as compras de carne do Brasil e da Argentina. Segundo uma fonte que acompanha o assunto, a alegação do risco de introdução da aftosa é “protecionismo disfarçado”, já que a possibilidade é irrisória e o USDA fez várias visitas ao Brasil – em 2002, 2003, 2006, 2008 e 2013 – para atestar a eficácia do programa brasileiro contra a doença.
Fonte: Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.