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Oferta ainda é restrita e preços do boi gordo seguem firmes

Após os recuos da semana passada o indicador de boi gordo à vista acumulou valorização de 0,06% e o mercado do boi fechou mais uma semana de alta. O indicador a prazo teve valorização de 0,23%, na quarta-feira (23) a cotação foi de R$ 78,09/@. No mercado físico, os frigoríficos continuam reportando que a oferta está aumentando, mas as escalas seguem curtas.

Após os recuos da semana passada o indicador de boi gordo à vista acumulou valorização de 0,06% e o mercado do boi fechou mais uma semana de alta. O indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista apresentou variação positiva durante a semana, sendo cotado a R$ 77,16/@ (+R$ 0,05). Apesar da valorização, o preço do boi gordo levantado pelo Cepea ainda não alcançou os patamares da semana retrasada, 10 de abril, quando foi cotado a R$ 77,43/@.

O indicador a prazo teve valorização de 0,23%, na quarta-feira (23) a cotação foi de R$ 78,09/@. Em relação ao mesmo período do ano passado, quando a arroba do boi gordo em SP (com 30 dias de prazo) valia R$ 56,15/@, a alta é de 39,07%.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio


O dólar compra teve desvalorização de 0,70%, na semana, sendo cotado a R$ 1,657. Esse recuo contribuiu para a valorização da arroba do boi gordo em dólares, que hoje está cotada a US$ 46,55, 0,77% acima do valor da semana passada.

No mercado físico, os frigoríficos continuam reportando que a oferta está aumentando e tentando convencer que a safra do boi gordo está começando agora. Mas as escalas seguem curtas. Eventualmente algum frigorífico consegue alongar as programações de abate por mais de uma semana, na verdade o que acontece é que o comprador que aceita pagar valores mais altos consegue adquirir um volume maior de animais, mas logo volta a ter dificuldades na compra.

Agentes do mercado comentam que em Minas Gerais a oferta está mais folgada e alguns frigoríficos já possuem escalas até o início da segunda semana de maio. Enquanto nos frigoríficos paulistas a média das programações de abate gira em torno de 4 e 5 dias. A semana que vem será novamente curta, devido ao feriado de 1o de maio, tendendo a alongar artificialmente as escalas.

Tabela 2. Resumo das cotações do mercado físico do boi gordo, variação relativa a 16/04/08


A oferta restrita de todas as categorias de reposição e a procura crescente, continua causando valorização nos preços desses animais. O indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista foi cotado a R$ 568,69/cabeça, nesta quarta-feira. Na semana a alta acumulada foi de R$ 13,46/cabeça, que corresponde a uma valorização de 2,42%. Em relação ao mês passado o aumento já atinge 9,18%.

Como o indicador de boi gordo teve variação menor do que o preço do bezerro a relação de troca recuou 2,30%, ficando em 1:2,24. Apesar do recuo, essa relação ainda está melhor do que no mesmo período da ano passado, quando era de 1:2,22.

A margem bruta na reposição também recuou (-1,76%), passando a valer R$ 704,45. Porém se comparada ao mesmo período do ano passado (R$ 503,55), este valor é 39,90% maior. A margem bruta na reposição é o montante que sobra para o pecuarista após ele vender um boi gordo de 16,5@ e comprar um bezerro para repor o rebanho. Acreditamos que esta conta expressa melhor a realidade da atividade, já que normalmente o produtor vende um boi, compra um bezerro e utiliza o restante do capital para outras finalidades, como pagamento de funcionários e contas, investimentos e outros gastos.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista x margem bruta na reposição


No mercado futuro a semana foi de valorização em todos os vencimentos. O primeiro vencimento, abril/08, fechou a R$ 77,50/@, valorização de R$ 0,35, em relação à quarta-feira anterior (16/04). Setembro/08 foi o vencimento que apresentou maior variação, R$ 1,00, fechando a R$ 82,00/@. Ontem (quarta-feira), os contratos que vencem em outubro/08 fecharam a R$ 84,31/@, alta acumulada de R$ 0,90.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&F e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 16/04/08 e 23/04/08


No atacado da carne bovina, as cotações do traseiro (R$ 5,30) e da ponta de agulha (R$ 3,70) permaneceram inalteradas, enquanto o dianteiro (R$ 4,10) apresentou valorização de R$ 0,10. O equivalente físico teve alta de 0,85%, sendo calculado em R$ 69,36/@. Com esse aumento, o spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente físico recuou para R$ 7,80/@, mas ainda está acima da média dos últimos 12 meses que é de R$ 6,55/@.

Os frigoríficos seguem reclamando da dificuldade na compra de gado e na venda da carne, já que os preços do atacado não acompanharam as altas da arroba. Segundo o boletim Intercarnes, neste momento não observa-se alterações expressivas, em relação a demanda, ou seja, mantem-se somente as especulações (distribuidores), pois ainda visam posicionamento das compras para o final semana. Contudo existe a pretensão de melhores negócios, por parte frigoríficos, tornando o mercado instável entre o valor pretendido, e o contra ofertado. As ofertas de boi e vaca, seguem de fracas a regulares, porém não verifica-se falta da matéria prima.

Tabela 3. Cotações do atacado da carne bovina


Analisando o momento atual da pecuária de corte brasileira e as perspectivas para o futuro, o Editorial de Miguel da Rocha Cavalcanti, publicado no BeefPoint, avalia que as perspectivas para a cadeia da carne são boas, mas alguns pontos devem ser levados em consideração e acompanhados de perto. Entre eles estão os impactos da recessão norte-americana, o desenrolar dos problemas com a rastreabilidade do rebanho brasileiro, a diminuição da demanda interna e a redução das margens dos frigoríficos. Para ler o artigo na íntegra clique aqui.

Ontem publicamos um compilado de artigos publicados no BeefPoint que nos ajuda a entender um pouco os motivos para a oferta reduzida que estamos observando no momento. Esses artigos tratam de alguns pontos que contribuíram para o momento que estamos vivendo hoje, um mercado com pouca oferta e preços cada vez mais altos. Leia mais.

Dados da Organização Mundial do Comércio (OMC) indicam que o Brasil tem apresentado desempenho bem acima da média mundial em suas vendas para o exterior. A alta nos preços das commodities permitiu que o país registrasse taxa de crescimento em 2008 acima dos índices da China, pela primeira vez em décadas.

Segundo a análise da OMC, mais da metade da alta nas exportações ocorreu por causa dos preços, e não do volume embarcado. Em 2007 as exportações brasileiras cresceram 17% em valor, com US$ 161 bilhões. Em volume, porém, o Brasil viu suas vendas crescerem apenas 6,9%.

Nas exportações de carne bovina in natura podemos notar essa situação claramente, já que no primeiro trimestre de 2008 o crescimento da receita foi de 5,22%, em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o volume exportado recuou 27,64%. Esse aumento na receita só ocorreu porque o preço médio da carne bovina in natura exportada, em março, foi de US$ 3.229/tonelada, valor 32,16% maior do que o preço praticado no mesmo mês do ano passado.

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