A oferta de bois para abate está reduzida em Mato Grosso após 15 dias da decisão unânime tomada pelos pecuaristas durante reunião do Fórum Permanente da Pecuária de Corte realizada no último dia 18, na Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat).
Segundo o diretor financeiro da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Eduardo Alves Ferreira Neto, a redução na escala dos frigoríficos caiu cerca de 50%. Em média são abatidos 17 mil animais/dia no estado.
Há cerca de 15 dias, os 1,8 mil pecuaristas que representaram na reunião as principais regiões pecuárias de Mato Grosso, decidiram reduzir a oferta de bois aos frigoríficos estaduais com o objetivo de segurar o preço da arroba, atualmente em média de R$ 50, e tentar obter, para a entressafra, rentabilidade para a atividade. A decisão segue o exemplo da atividade em Goiás, onde a oferta caiu em cerca de 30% a 40% em menos de um mês.
Neto explica que a reunião de março já tem frutos em Mato Grosso. “A cadeia está sendo organizada e nosso objetivo é trazer para mesma mesa estes dois lados do processo produtivo (pecuaristas e frigoríficos). Esta redução é considerada muito positiva ao nosso movimento”, avalia o diretor da Famato.
Ele explica que em média, as escalas de abates, que eram de 20 dias, passaram para 15 dias, 12 dias e até mesmo para cinco dias apenas. “Em alguns casos, a redução passa de 50%”, aponta.
Como conseqüência, Neto destaca que a arroba ensaiou uma ligeira alta. “Em Rondonópolis e Cáceres, por exemplo, houve ganho por arroba de cerca de R$ 1 e R$ 1,50, passando a R$ 50 e R$ 51,50, respectivamente”, comemora.
O presidente do Sindicato dos Frigoríficos de Mato Grosso (Sindifrigo), Milton Belincanta, conta que as escalas de abate estão normais. “Ontem, por exemplo, houve compra de animais para abate no dia 25, por isso, observa-se que os trabalhos estão normalizados”, rebate.
Para Belincanta há menos volume de animais em certas regiões, como norte e no Xingu, em função das fortes chuvas que caem sobre essas localidades e da falta de condições de tráfego nas estradas, também prejudicado pelo excesso do fim do ciclo das águas. “É um problema localizado e com motivo conhecido”, afirma.
O presidente do Sindicato Rural de Cáceres (MT), Amarildo Merotti, confirma que na região, onde concentra-se a maior parte do rebanho de corte estadual, houve reação da cotação da arroba, passando a R$ 52 e R$ 53, mas logo esfriada. “Primeiro em função do ciclo do mercado, porque estamos em plena safra e depois porque é final de mês, duas situações esperadas”, conclui.
O diretor da Associação dos Produtores Rurais (APR/MT), Paulo Resende, avalia que as escalas estão de fato sem alterações. “Se há escala de dez dias, significa que está tudo bem. Só vamos poder dizer que há redução, quando este prazo cair para três dias, por exemplo”.
Ele acrescenta que é normal o ensaio de uma pequena redução. “Se é que está havendo, afinal estamos em pico de safra até maio e é comum que o produtor segure seu produto a espera de um preço melhor, isso é automático e na verdade não existe boicote nenhum”, sentencia.
O diretor do Frigorífico Marfrig, que possui duas plantas industriais em Mato Grosso, Fábio Dias, confirma que mesmo com a movimentação dos pecuaristas estaduais, os trabalhos seguem sem alteração no ritmo. “Estamos em um período de transição de entressafra para a safra. Geralmente há uma tendência natural do produtor segurar o gado para conseguir melhor preço. E se há alguma redução, certamente é por esse motivo”, explica.
Dias destaca ainda, que se esse movimento realmente tiver como foco a organização da cadeia, será bom para todos os envolvidos nela.
Com relação a cotação da arroba, ele afirma que a safra torna o mercado menos rentável também para os frigoríficos. “Temos um preço histórico da arroba em US$ 22 e hoje temos cotação de US$ 22,50, mas com queda o câmbio de US$ 1”, observa.
Fonte: Diário de Cuiabá/MT (por Marianna Peres), adaptado por Equipe BeefPoint
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Seria muito interessante para o pecuarista que quando se falasse @ em U$, se comparasse com @ com o Euro. Com certeza notaremos diferenças substanciais, pois estamos exportando mais para a União Européia, salvo engano.
E aí sim, poderemos sentir quanto o pecuarista perdeu estes anos e quanto o frigorífico ganhou a mais.
Estou aguardando um furo jornalístico nesse setor: Quais são as empresas européias que importam carne desses frigoríficos? Quem são seus maiores acionistas?
Abraço e no aguardo,