Mercado Físico da Vaca – 23/06/10
23 de junho de 2010
Mercados Futuros – 24/06/10
25 de junho de 2010

Oferta diminui e arroba do boi gordo tem semana de alta

Essa semana foi marcada pela menor oferta de animais para o abate e encurtamento das escalas dos frigoríficos. Assim o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista teve valorização de 1,44% na semana, sendo cotado a R$ 82,87/@ na última quarta-feira. O indicador a prazo registrou cotação de R$ 83,74/@, com variação positiva de 1,58% no período analisado (16/06 a 23/06). Nos últimos 30 dias, a valorização acumulada foi de 2,86%.

Essa semana foi marcada pela menor oferta de animais para o abate e encurtamento das escalas dos frigoríficos. Assim o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista teve valorização de 1,44% na semana, sendo cotado a R$ 82,87/@ na última quarta-feira. O indicador a prazo registrou cotação de R$ 83,74/@, com variação positiva de 1,58% no período analisado (16/06 a 23/06). Nos últimos 30 dias, a valorização acumulada foi de 2,86%.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo a prazo

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

Na BM&FBovespa a semana também foi de alta, com todos os vencimentos acumulando valorização. Junho/10, que será liquidado na semana que vem, fechou a R$ 83,19/@, acumulando variação positiva de R$ 0,97 na semana. Os contratos que vencem em outubro/10 registraram alta de R$ 0,35, fechando a R$ 85,14/@.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 16/06/10 e 23/06/10

No mercado físico, as escalas de abate encurtaram e durante essa semana os compradores têm encontrado maior dificuldade em adquirir lotes de boi gordo, assim os preços foram reajustados na maioria das regiões.

Segundo os pesquisadores do Cepea, apesar da cautela de compradores em função do ritmo das vendas de carne, responsável por influenciar na diminuição estratégica das escalas, a dificuldade para compra de novos lotes dentro e fora de São Paulo acaba por exercer maior influência na formação das médias, que em geral foram maiores que na semana anterior.

O leitor do BeefPoint, Francisco dos Santos, de Campo Grande/MS, nos enviou o seguinte comentário: “o mercado fisico do boi gordo aqui no MS, abriu a semana com pouca oferta, frigoríficos com escalas curtas oferecem preços até R$ 77,00, à vista, para não ficarem sem escalas. Acredito que se começar a ofertar mais pelo boi, vai despertar o animo dos invernistas e ai vira aquela novela conhecida, vai subir, vai subir, ai vira aquela queda de braço entre indústria e pecuaristas. Vamos torcer para que o consumo aumente para que o boi acompanhe também”.

José Luiz Martins Costa Kessler informou que em Pelotas/RS os frigoríficos iniciaram esta semana com ofertas de R$ 5,50 para o quilo de carcaça, aproximadamente R$ 2,75/kg vivo, com prazo de 30 dias para o pagamento. “Para vacas as ofertas estão na faixa de R$ 5,10 a 5,20 ou o equivalente a R$ 2,30 a 2,40 no kg vivo”.

Como está o mercado na sua região? Utilize o formulário para troca de informações sobre o mercado do boi gordo e reposição informando preços e o que está acontecendo no mercado de sua região.

Na reposição, o indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 712,85/cabeça, com desvalorização de 3,70%. Com este recuo no preço do bezerro e a valorização de 1,44% registrada para o indicador de boi gordo, a relação de troca melhorou, subindo para 1:1,92.

Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista (R$/cabeça)x relação de troca (boi gordo de 16,5@ por bezerros)

O Frigorífico Frialto, que pediu recuperação judicial, poderá retomar as atividades de abate de gado em Sinop, a partir do mês que vem. A data ainda não pode ser confirmada porque estão sendo definidas análise de viabilidade econômica, técnica e operacional, por uma empresa especializada, contratada pelo grupo para gerir a crise financeira que paralisou as atividades, mês passado, em Sinop, Matupá, Nova Canaã, além de plantas no Mato Grosso do Sul e Rondônia.

Na semana passada, a planta de Matupá/MT voltou a funcionar com aproximadamente 600 cabeças sendo abatidas diariamente e aproximadamente 500 funcionários trabalhando. O plano para pagar pecuaristas e demais credores ainda será apresentado para o Poder Judiciário, que autorizou a recuperação judicial para o Frialto, proporcionando prazo de até 180 dias para começar a quitar os débitos. O montante da dívida não foi informado pelo grupo.

Atacado da carne bovina

Segundo o Boletim Intercarnes, ontem o preços sinalizaram maior estabilidade, ensaiando um recuperação. A procura se mostrou mais aquecida e os preços terminaram o dia mais firmes e em alta. As ofertas ainda seguem apenas regulares. Nos próximos dias, o aumento da especulação tende a tornar os preços mais estáveis e definidos, já que as ofertas não sinalizam recuperação, ao menos de imediato, e o mercado já apresenta-se com melhor equilíbrio (oferta e procura).

No atacado paulista, o traseiro foi cotado a R$ 6,30, o dianteiro a R$ 4,30 e a ponta de agulha a R$ 3,90. Na semana, o equivalente físico teve retração de 0,74%, sendo calculado em R$ 78,12/@ na última quarta-feira. O spread (diferença) entre indicador e equivalente está em R$ 4,75/@.

Tabela 2. Atacado da carne bovina

Gráfico 4. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico

Irã

As sanções contra empresas que negociarem com o Irã, aprovadas na Europa e nos Estados Unidos, são inofensivas para os interesses dos empresários brasileiros que exportam àquele país, garantiu o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. “A maior parte de nossas exportações para o Irã é de alimentos”, argumentou. Segundo dados do ministério, 91% dos US$ 654 milhões exportados do Brasil ao Irã vêm das vendas de carnes, milho e soja.

As sanções são dirigidas principalmente ao setor financeiro e de energia iranianos. Miguel Jorge admite que a ameaça afeta eventuais planos de investimento da Petrobras para o país. A própria estatal já tem evitado comprometer-se com projetos de exploração no Irã, por temer represálias nos Estados Unidos – embora esse temor não seja admitido oficialmente pela empresa, que prefere lembrar ter outras prioridade de investimentos, como a exploração das reservas na camada pré-sal.

Jorge comenta que, longe de prejudicar os negócios brasileiros, a aproximação dos dois governos tem facilitado o aumento do comércio. Ele prevê aumento do comércio para empresas brasileiras, beneficiadas pela redução da concorrência de exportadores de outros países, que adotaram políticas mais agressivas contra o governo iraniano, acusado de manter um programa nuclear clandestino. O aumento nas vendas já pode ser notado desde o início do ano e chega a três dígitos em itens importantes da pauta comercial.

Somente de janeiro a maio as vendas brasileiras ao mercado iraniano aumentaram quase 60% quando comparadas ao mesmo período de 2009. Houve crescimento de 335% para o principal item da pauta comercial, as carnes desossadas congeladas de bovinos, que representavam pouco mais de 16% das exportações e agora respondem por quase 45%.

Independência

A sétima Assembleia Geral de Credores (AGC) dos frigoríficos Independência S/A e Nova Carne Indústria de Alimentos Ltda., foi tranqüila e aprovada pela maioria dos credores presentes. Dos quatro credores da Classe II (Garantia Real – Bancos), três votaram a favor da proposta apresentada pelo frigorífico e dos 142 credores da Classe III (Quirográficos – Pecuaristas e fornecedores), 139 disseram “sim”.

A AGC desta terça-feira (22) foi continuidade da assembleia convocada no dia 17 de maio e realizada, na primeira chamada, no dia 02 de junho. Por duas vezes suspensa, esta foi a terceira tentativa dessa convocação feita pelo Independência, e a sétima assembleia realizada desde da homologação do pedido de recuperação judicial no início de 2009.

“O novo Plano de Recuperação Judicial não muda em nada a vida do pecuarista, pois, conforme prometeram (frigorífico), foi feito um enxugamento no texto da proposta, retirando compromissos que já tinham sido cumpridos”, explica o assessor jurídico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Armando Biancardini Candia, que acompanha o processo desde o início. Candia ainda ressalta, “que outras assembleias podem ser convocadas, tanto pela empresa como pelos credores caso seja necessária alguma mudança importante do Plano, mas acreditamos e torcemos que essa seja a última”.

Segundo o presidente da Comissão de Credores da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), Leôncio Brito, as alterações apresentadas ficaram dentro do previsto, ou seja, houve apenas mudanças nas garantias oferecidas pela indústria, com substituição da instituição bancária credora. “A pedido do banco J.P. Morgan, foram mantidas as clausulas que dão garantias aos produtores, inclusive a previsão de empenho de bens pessoais”, afirmou Brito.

O presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, ressaltou que a entidade, bem como as federações, continuará acompanhando o cumprimento do acordado com os pecuaristas até que todos os valores devidos sejam pagos. “Nosso trabalho termina quando o plano for cumprido na íntegra”, enfatizou Nogueira.

Código Florestal

A discussão sobre a votação do relatório do Novo Código Florestal segue bastante aquecida e ambientalista tentam adiar essa discussão alegando que o texto do deputado Aldo Rebelo não garante a preservação do meio ambiente como deveria.

Do outro lado, a bancada ruralista anunciou ontem (23) ter fechado acordo com os líderes dos principais partidos da Câmara dos Deputados para discutir e votar o relatório final do novo Código Florestal Brasileiro nos dias 5 e 6 de julho.

“Já temos consenso para votar. Nosso líder já fechou questão”, disse o presidente da comissão especial de reforma do código, Moacir Micheletto (PMDB-PR), em referência ao líder do partido, Henrique Alves (RN). Mesmo contrário a aprovar o texto no plenário da Câmara neste ano, o PT avalizou o acordo: “O PT também concorda em votar”, afirmou o vice-presidente da comissão, Anselmo de Jesus (PT-RO). “Há um esforço para votar. Não há atritos dentro do partido”, garante o vice-líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP). Mas o líder do PV, Edson Duarte (BA), rejeita qualquer acordo. “Conosco não tem acordo com esse relatório. Não queremos que seja votado agora. Deixar para 2011 seria melhor”, diz.

Os deputados correm para aprovar o texto de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) antes do recesso parlamentar e do início da campanha eleitoral. “Houve tempo suficiente para conhecer o relatório e fazer emendas. Agora, é votar o texto e os substitutivos que forem apresentados em plenário”, diz Micheletto.

A bancada ambientalista insiste em deixar o tema para 2011, mas os ruralistas já começaram uma mobilização para pressionar o Congresso a votar o relatório no início de julho. A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e a Associação Brasileira de Agribusiness (Abag) trabalham em sintonia com a bancada ruralista para iniciar uma ampla campanha nacional de “esclarecimento” da população sobre as alterações propostas pelo relatório de Aldo Rebelo.

Em conversas com parlamentares e dirigentes de ministérios, o relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP) já recebeu várias propostas de alteração no texto. Mesmo contrário à votação do relatório neste ano, o Ministério do Meio Ambiente pediu, entre outros pontos, a retirada da “anistia” a desmatamentos feitos até junho de 2008 e a “moratória” de cinco anos para multas por crimes ambientais. Os ruralistas também fizeram um arrazoado de argumentos para tentar modificar alguns pontos do texto considerados “pouco claros” no relatório de Aldo Rebelo. O relator receberá novas propostas até segunda-feira (28).

Campanha Carne Legal

O Ministério Público Federal do Pará lançou uma campanha chamada Carne Legal sobre carne oriunda de áreas com desmatamento ilegal, trabalho escravo e lavagem de dinheiro. Clique aqui para ver o material da campanha e deixe sua opinião sobre ela, na próxima segunda-feira iremos compilar os comentários dos leitores do BeefPoint e enviar ao MPF como observações e sugestões da cadeia produtiva. Quanto mais construtivas forem as possíveis críticas, melhor será para podermos convencê-los de que a campanha pode ter um enfoque diferente.

0 Comments

  1. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Fico feliz diante da possibilidade de votação imediata do relatório do Dep. Aldo Rabelo na comissão especial. Óbvio que depois de votada a matéria na referida comissão ainda terá que ir ao Congresso, mas a análise e votação do relatório é o primeiro passo. E mesmo no Congresso há sempre espaço para aperfeiçoamentos e negociações. O que não podemos é continuar nesta insegurança e indefinição eternamente.

    Att,