A oferta restrita de boi gordo em função da entressafra, aliada à estratégia do pecuarista de reter os animais no campo, seguirá dando sustentação aos preços nas regiões de produção, acreditam analistas e corretores.
Na sexta-feira (22), tanto o gado rastreado quanto o não-rastreado tiveram cotação de R$ 60,00 por arroba (para descontar o Funrural) em São Paulo, apurou a Scot Consultoria. Também houve negócio a R$ 61,00 para boi rastreado. Fontes de grandes frigoríficos disseram que ainda conseguiram comprar boi a R$ 59,00. O Paraná teve o maior preço: R$ 60 no dia 15, registrando um crescimento de 3,5% em apenas dois dias.
“A oferta continua reduzida por causa da entressafra e da quantidade pequena de animais rastreados”, afirmou o analista da Scot, Fabiano Tito Rosa. Élio Michelloni, da Hencorp, acrescentou que o mercado tem fôlego para subir já que a demanda para exportação é crescente. No Mato Grosso do Sul, o preço foi R$ 59,00 na sexta.
Fontes de frigoríficos admitiram que há dificuldade de compra e que o mercado continuará firme por conta da retenção das ofertas.
Nem o desempenho fraco no mercado doméstico de carnes afetou o mercado de boi, lembrou Rosa. Segundo ele, as ofertas seguem enxutas porque há redução no volume de abates. O quilo do traseiro fechou a semana a R$ 4,00 e o dianteiro a R$ 2,80 em São Paulo, segundo a Scot.
A reduzida oferta de gado pressiona os compradores. As programações de abate permanecem curtas, atendendo, em média, três a quatro dias, ainda com falhas e redução do volume de abates diários. E os animais que deverão sair do confinamento ou semiconfinamento no final de setembro não deverão ”refrescar” a demanda.
Há poucos dias o mercado trabalhava com uma perspectiva de R$ 65 para a arroba em outubro, pico da entressafra. Agora, previsões indicam que já é possível acrescentar, no mínimo, de R$ 1 a R$ 2 a esse valor. ”A arroba tem mais chance de chegar nos R$ 70 do que parar nos R$ 63,” admitiu Rosa, que ainda prefere trabalhar com uma previsão que considera ”conservadora” em R$ 66 a R$ 67 para outubro.
O fechamento de fronteiras entre EUA e Canadá faz com que os americanos se interessem mais pela carne brasileira. Outros países como a China também demonstram interesse. ”Dentro do País a alta do dólar e o fraco consumo forçam a exportação, como no ano passado. A demanda externa ajuda e se o dólar voltar aos R$ 3,20 ou R$ 3,30 a chance da arroba passar dos R$ 65 é muito grande”, considerou.
O que pode impedir que a arroba chegue aos R$ 70 é a retração do mercado interno, pelo baixo consumo. No entanto, existem sinais de que esse mercado pode reagir.
Fonte: Valor On Line (por Alda do Amaral Rocha) e Folha de Londrina/PR (por Cláudia Barberato), adaptado por Equipe BeefPoint