Mercado Físico da Vaca – 22/01/09
22 de janeiro de 2009
Mercados Futuros – 23/01/09
26 de janeiro de 2009

Oferta segue pequena, mas frigoríficos alongam escalas e pressionam preços

A semana foi marcada por pouco interesse dos frigoríficos pelas compras, poucos negócios efetivados e pressão sobre os preços da arroba do boi gordo. Nesta quinta-feira, o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 83,19/@, com variação negativa de 0,29% na semana. O indicador a prazo apresentou maior desvalorização (0,34%), sendo cotado a R$ 84,53/@.

A semana foi marcada por pouco interesse dos frigoríficos pelas compras, poucos negócios efetivados e pressão sobre os preços da arroba do boi gordo.

Nesta quinta-feira, o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 83,19/@, com variação negativa de 0,29% na semana. O indicador a prazo apresentou maior desvalorização (0,34%), sendo cotado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada -Esalq/USP (Cepea) a R$ 84,53/@. Desde o começo do ano este indicador já acumula recuo de 3,23%.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo a prazo

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

O Dólar registrou queda de 2,12% na semana, fechando esta quinta-feira a R$ 2,3291. Com esta retração a arroba do boi gordo em Dólares teve alta de 1,87%, sendo cotada a US$ 35,72/@. As incertezas quanto à saúde econômica mundial seguem fortes nesta quinta-feira (22), impulsionando o dólar frente às principais divisas de referência.

O FMI (Fundo Monetário Internacional) estima que o PIB (Produto Interno Bruto) alemão irá recuar 2,5% em 2009, tendo o pior desempenho desde a Segunda Guerra Mundial. Na França, o indicador que mede os gastos dos consumidores com bens manufaturados registrou uma queda superior ao esperado pelos analistas em dezembro.

O cenário também é desfavorável nos EUA, aumentando a aversão ao risco dos investidores. O número de casas em início de construção nos EUA atingiu seu menor nível desde o início das apurações. Além disso, o número de pedidos de auxílio-desemprego ficou acima do esperado na última semana.

Segundo o Infomoney, nesta sexta-feira, o Dólar se valoriza frente à divisa japonesa em sessão pautada por recuo no mercado de commodities.

Sem indicadores econômicos nos EUA, investidores norteiam suas perspectivas com base nos artigos primários. Tanto a cotação do ouro quanto a do petróleo apresentam variação negativa na sessão, o que favorece a valorização da moeda norte-americana, dada a correlação negativa existente entre o dólar e as commodities.

Segundo a revista britânica “The Economist”, o índice Big Mac vale hoje no Brasil US$ 3,39, ante US$ 4,73 em julho do ano passado, quando era o sétimo mais caro do mundo.

Com a valorização do Dólar em relação ao Real, o Brasil, que tinha no ano passado um dos Big Mac, mais caros do mundo, agora tem um preço menor que o cobrado nas lojas americanas. Como o Big Mac é vendido nos Estados Unidos por US$ 3,54, isso significa, pelo índice, que o Real está desvalorizado em 4,24% em relação ao Dólar.

O levantamento da revista calcula a relação entre o preço do Big Mac nos EUA e o seu valor em dólares em outro país. Se o preço em determinado país for superior ao cobrado nas lojas americanas do McDonald´s, isso significa que a moeda está valorizada na comparação com o dólar.

O Real menos valorizado favorece os frigoríficos exportadores, já que o produto brasileiro se torna mais competitivo no mercado internacional da carne. Porém esses ganhos foram minimizados com a “freada” nas importações dos principais clientes do Brasil, após o agravamento da crise econômica mundial. Com dificuldades para conseguir crédito e uma possível diminuição no consumo, clientes como Rússia – maior comprador de carne bovina brasileira – e UE diminuíram o volume de compras causando apreensão nas indústrias brasileiras.

Gráfico 2. Exportações brasileiras de carne bovina in natura para a Rússia

Gráfico 3. Exportações brasileiras de carne bovina in natura para a UE

O que mais preocupa é que a Rússia cada vez mais dá sinais de crise causados pela queda do preço do petróleo, falta de crédito, redução da atividade industrial, aumento nos índices de desemprego e perda de confiança na estabilidade da moeda nacional, o rublo.

O titular da Abiec ressaltou que em novembro, a queda nas exportações à Rússia se deveu a falta de crédito, e não a queda na demanda, que ainda não ocorreu, para alimentos. A Rússia já gastou mais de US$ 190 bilhões de suas reservas (de um total de US$ 600 bilhões) para conter fuga de capitais e desvalorização do rublo.

Além disso, a Rússia tem sérios problemas internos. Corrupção, governo centralizador e que interfere muito nas empresas, muitas vezes de forma injusta. Tudo isso leva o país a ser considerado de risco elevado, diminuindo ainda mais a oferta de crédito, que se tornou escasso no mundo inteiro.

Para 2009, Giannetti acredita que a participação russa nas exportações brasileiras pode passar de 38% para 20%. Uma queda significativa, que precisará ser compensada por expansão nas vendas a outros países.

Quanto à 2009, “nunca tivemos um nível de incerteza tão grande quanto vivemos agora”, disse Giannetti, ressaltando que este é um momento difícil para fazer previsões. A ABIEC espera recuperar a participação brasileira em dois importantes mercados, não atendidos em 2008: o Chile e a União Européia.

Nesta semana chegou ao Brasil uma missão da UE que irá avaliar a defesa sanitária brasileira e o sistema de rastreabilidade (SISBOV). As autoridades brasileiras estão otimistas com a visita, acreditando que as mudanças que foram realizadas durante 2008 irão agradar aos europeus.

Uma resposta positiva desta missão é importante não só para o aumento das exportações para esse bloco econômico, mas também para a abertura de outros mercados que valorizam a opinião dos exigentes técnicos da Europa.

Mercado físico

A semana foi marcada por certa lentidão no mercado físico. Muitos frigoríficos conseguiram alongar escalas, alguns completando as programações de abate até o final do mês e passaram a demonstrar pouco interesse pelas compras oferecendo preços menores pela arroba do boi gordo. Porém em muitas praças o pecuarista não vendeu a preços mais baixos e o mercado travou.

Apesar da oferta de animais ainda ser relativamente pequena, tem sido suficiente para atender a demanda, e com os preços da carne no atacado apresentando recuo a maioria dos compradores prefere aguardar melhores definições do mercado tanto interno quanto externo.

O Cepea divulgou, nesta quinta-feira, que “a oferta de animais prontos para abate continua pequena, o que tem impedido recuos maiores nos preços da arroba”.

O leitor do BeefPoint, Manoel Torres Filho, de Tupi Paulista/SP, nos enviou o seguinte comentário, “a arroba do boi e da vaca gorda está num sobe e desce. Cada dia num preço, de acordo com o interesse de compra dos frigoríficos. Sobe R$ 2,00 hoje, amanhã desce R$ 2,00; e por ai vai”.

José Abritta de Vilhena/RO, leitor do BeefPoint, informa que o preço oferecido pelo boi gordo na região de Chupinguaia – também no Estado de Rondônia – é de R$ 70,00/@ e a vaca é negociada a R$ 63,00/@. Ele comenta, “preço com tendência de baixa se não aumentar a demanda”.

Como está o mercado do boi gordo e reposição em sua região, em relação a preços, oferta e demanda e número de negócios efetivados? Por favor utilize o box de “cartas do leitor”, abaixo para nos enviar comentários sobre o mercado.

Mercado futuro

Segundo Rodrigo Brolo, broker da TradeWire Brazil, “o mercado futuro vai fechando o mês em alta na BM&F. Mesmo com preços no MS pressionados, o boi em SP é raro e com isso os preços não caem. Das 4 praças pesquisadas pelo CEPEA, 3 delas ainda tem preços de R$ 84,00 livre, o que indica que realmente para que as ofertas andem é preciso pagar desse preço para cima. Acreditamos que o mercado deve fechar janeiro firme e de olho na demanda de carne para trabalhar no mês de fevereiro, a chave para as operações agora é quantificar o consumo de carne, já que a a oferta de boi é pouca e sabida pelo mercado”.

Na BM&FBovespa, os contratos com vencimentos mais próximos (janeiro, fevereiro e março) apresentaram variação positiva na semana. Janeiro/09 teve valorização de R$ 1,98, fechando nesta quinta-feira a R$ 82,26/@. O contrato que vence em outubro/09 fechou a R$ 80,75/@ (-R$ 2,04).

Gráfico 4. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 15/01/09 e 22/01/09

O diretor executivo da Associação Nacional de Confinadores (Assocon), Juan Lebron, comenta que estes preços podem desestimular o confinamento de bovinos este ano. “Hoje, o custo de produção de uma arroba em confinamento é de R$ 85,00, mas o mercado futuro para outubro me sinaliza um preço de R$ 82,00 por arroba”, afirma Lebron.

Segundo ele, no mesmo período do ano passado, o cenário que existia para os confinadores era muito diferente do que se observa hoje. “Tínhamos os custos praticamente definidos e uma sinalização de preços muito positiva para a atividade”, afirma Lebron. No ano passado, os associados da Assocon confinaram 550 mil cabeças, 8 mil a mais do que em 2007.

Associação acredita que em 2009 o número de animais confinados poderá sofrer uma redução de 20% em comparação ao ano passado. O motivo para a provável redução no número de cabeças confinadas é o aumento do custo de produção, especialmente o boi magro. No ano passado, o insumo ficou escasso, chegando a ficar em falta em determinados momentos, fato que poderá acontecer novamente neste ano.

Atacado

Segundo o Boletim Intercarnes, o mercado segue calmo e aparentemente estável no tocante a preços. A procura está evidentemente mais lenta, porém observam-se ainda especulações já que existe expectativa das ofertas permanecerem reduzidas, pois as escalas abates devem retrair-se.

O traseiro foi cotado a R$ 6,70, o dianteiro a R$ 3,80 e a ponta de agulha a R$ 3,80. O equivalente físico foi calculado em R$ 77,88/@, com valorização de 0,43% na semana e o spread (diferença) entre indicador e equivalente ficou em R$ 5,31/@.

Tabela 2. Cotações do atacado da carne bovina

Gráfico 5. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico

0 Comments

  1. Antonio Pereira Lima disse:

    As escalas estão sendo feitas com 50% da capcidade operacional dos frigoríficos, desta forma fica difícil analisar o mercado por este lado. Com relação a demanda acho que está um pouco maior que a oferta, no mes de dezembro por exemplo ganharam muito dinheiro com a carne, se a demanda fosse menor que a oferta o quadro seria outro principalmente com relação aos preços da carne para o consumidor, teríamos grandes promoções, o que não está acontecendo, a carne é um produto perecível, isto a gente não pode esquecer.

    Falando no boi gordo tivemos uma seca em novembro e dezembro que eu nunca tinha visto, isto também atrapalhou, o broto que era para sair em novembro está saindo agora, não vamos ter grandes reservas de capim para o inverno e não vejo mudanças na oferta neste ano. Vamos ter um ano estável e mercado firme, esta crise tão falada nós já passamos em 2006 e 2007 naquela época o problema era só nosso, aqui no MS o plantel diminuiu 20%, agora o problema é deles, crise é assim mesmo nem todo mundo perde, quando o dono da funerária falar que a coisa tá feia, está bonito para nós que estamos vivos.

    Vergonha devem estar os empresários do setor de insumos, que dizem ser nossos parceiros, que no ano passado sem justificativa, a não ser o momento de euforia que estava o produtor com uma melhora no valor da arroba, aumentaram seus preços tirando a oportunidade do produtor recuperar o que tinha perdido em 2006 e 2007 e agora estão com o rabo no meio das pernas e de cabeça baixa voltando os preços e reclamando da crise que eles criaram.

    Na nossa classe crise é quando tem alguém doente ou quando falta chuva, falta de dinheiro só sente quem já teve, nós que nunca tivemos pode ter certeza que não vai fazer tanta falta.

    Um abraço.

  2. Estêvão Domingos de Oliveira disse:

    Parabéns pelo comentário caro Antonio Pereira Lima.

    Concordo plenamente com você. Nós produtores estamos acostumados a termos as contas apertadas e sobreviver, criar a família e trabalhar para o crescimento de nossas propriedades mesmo quando há crises.

    Agora vamos ver como os demais segmentos da cadeia irão se comportar quando a falta de crédito atingir eles em cheio.

    Abraços.

  3. ELIEZER NISHIKAWA ALMEIDA disse:

    Na região do triângulo mineiro, os frigoríficos estavam pagando pela arroba do boi, R$80,00 e R$74,00 pela arroba da vaca na semana de 05 a 09 de janeiro deste ano.

    Hoje, a arroba do boi caiu para R$ 77,00 e a @ da fêmea caiu para R$ 70,00. Como os frigoríficos estavam trabalhando com 50 a 60% da sua capacidade e hoje já está trabalhando com 90%, isso significa que a oferta aumentou na região.

    Essa oferta foi devido às boas condições climáticas e a regularidade de chuvas na região, o que não aconteceu no restante do país.

    Acredito que a crise internacional com reflexo aqui em nosso país não seja o fator principal para a queda do preço do boi e sim apenas um momento que estamos vivenciando na nossa região.

  4. João Henrique Salomão Sobrinho disse:

    Aqui No Vale do Mucuri os Frig.estão pagando o Boi gordo.Rastreado a vista
    72,00 e 28D. 73,00 – Vaca gorda Média de 15@ 69,00 A Vista e 70 28D

    estes preços pode subir de acordo escala dos frig. ou descer.ou seja: Opera a lei de oferta e procura……….