Mercado Físico da Vaca – 04/06/09
4 de junho de 2009
Mercados Futuros – 05/06/09
8 de junho de 2009

Ofertas apresentam ligeiro aumento e boi gordo fecha semana em baixa

Com a queda nas temperaturas o mercado do boi gordo também esfriou. Na maioria das regiões produtoras o pasto já secou e esperando aumento na oferta compradores tentam forçar recuos nos preços da arroba. Porém, até o momento, o ritmo dos negócios segue lento e o aumento no número de animais disponíveis para o abate pode ser apenas pontual.

Com a queda nas temperaturas o mercado do boi gordo também esfriou. Na maioria das regiões produtoras o pasto já secou e esperando aumento na oferta compradores tentam forçar recuos nos preços da arroba. Porém, até o momento, o ritmo dos negócios segue lento e o aumento no número de animais disponíveis para o abate pode ser apenas pontual.

O indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 80,22/@, registrando queda de 1,75% na semana. O indicador a prazo apresentou recuo de 1,66%, sendo cotado a R$ 81,03/@, na última quinta-feira. Em relação ao mesmo período do ano passado o preço da arroba está 7,99% menor.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

Durante a semana o dólar caiu 3,21%, sendo cotado a R$ 1,9489, na quinta-feira. Depois da forte valorização vista na sessão anterior, nesta quinta-feira (4/06) o dólar comercial foi favorecido por referências externas positivas. Com o mercado recuperando o bom humor, a divisa norte-americana se manteve no campo negativo durante todo o dia.

Além dos indicadores econômicos divulgados nos EUA, a manutenção dos ratings soberanos do Reino Unido e dos Estados Unidos em “AAA” pela Fitch, o avanço do preço do petróleo e o noticiário corporativo apontando que o Morgan Stanley deve ser uma das primeiras instituições a devolver os aportes do governo norte-americano contribuíram para a tendência positiva.

Nem mesmo a nova intervenção do Banco Central do Brasil no mercado cambial foi capaz de amenizar as perdas da moeda-norte americana.

No âmbito interno, a produção industrial avançou numa média de 1,1% entre março e abril em 7 das 14 regiões pesquisadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No entanto, dados do CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostraram que o faturamento da indústria, o emprego e a massa salarial registraram queda no mesmo período.

“A perda de competitividade dos produtos industriais brasileiros gerada pela alta do real volta a preocupar o setor”, afirmou o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, em matéria do InfoMoney.

A queda nas cotações da moeda americana fizeram o preços da arroba em dólares subir e hoje essa cotação se encontra em US$ 41,16@, 13,68% acima do valor apurado em 04 de maio de 2009.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista, em R$ e em US$

No final dessa semana as compras demonstraram melhor desenvolvimento, com aumento das escalas em várias regiões, é o caso do Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. O mercado físico, que até dias atrás caminhava a passos lentos, começa a se mostrar mais ofertado, com um aumento na disponibilidade de animais para o abate, devido ao frio mais intenso em todo o pais, resta saber o tamanho dessa oferta.

Compradores dos frigoríficos apostam que a oferta maior será suficiente para atender a demanda do mercado – que pode ser considerada reduzida – e tentam forçar recuos nos preços, ofertando valores mais baixos pela arroba do boi gordo.

Do lado dos pecuaristas o sentimento é oposto e muitos acreditam que o aumento de oferta é apenas pontual. O leitor do BeefPoint, Antonio Pereira Lima, de Campo Grande/MS, nos enviou o seguinte comentário:

“Apostar que o boi vai aparecer devido ao frio, é o mesmo que trucar com ás na mão, a mais de 1000 anos que junho, julho e agosto são meses com muito frio e pouca chuva, isto todo mundo já espera, poucos estão desprevenidos, e são estes que correm do ás e perdem o tento.

Hoje temos muitos recursos para enfrentar esta normalidade, o que nos falta é o boi, teremos nos meses de julho e agosto, próximos, a maior falta de oferta de gado gordo da história, o verdadeiro “buraco negro”.

Portanto, continuem apostando, senhores da indústria, como apostaram que um tempo atrás o produtor estava aumentando a produção de carne, quando na verdade estava detonando o seu plantel para sobreviver”.

Comentando a grave crise que o setor atravessa, ele recomenda melhorar o relacionamento entre frigoríficos e produtores e completa com o seguinte comentário, “vamos consolidar este casamento valorizando o parceiro, na alegria e na tristeza, sem vaidades, sem mentiras, sem egoísmo, sem blefes, vamos criar confiança e correr para o abraço”.

O leitor do BeefPoint, Mauro Terracini, informou através do formulário para troca de informações sobre o mercado – uma parceria entre o BeefPoint e a Bayer – que em Três Lagoas, frigoríficos paulistas pagam R$ 69,50 à vista pela arroba da vaca gorda.

Acesse a tabela completa com as cotações de todas as praças levantadas na seção cotações.

Como está o mercado do boi gordo, vaca gorda e reposição de sua região, em relação a preços, oferta e demanda e número de negócios efetivados? Por favor utilize o box de “cartas do leitor” ou clique aqui e acesse nosso formulário para troca de informações sobre o mercado.

No mercado de reposição existe muita especulação, mas o ritmo das negociações é bem menor do que no mesmo período do ano passado quando compradores e vendedores demonstravam certa euforia, esperando uma arroba de boi gordo a R$ 100,00, que não se concretizou.

O indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 642,12/cabeça, uma queda de 0,23% na semana. Em relação ao mesmo período do ano passado o preço do bezerro está 4,87% menor, em 4 de junho de 2008 o bezerro era vendido a R$ 674,98/cabeça no MS. A relação de troca está em 1:2,06, abaixo da média dos últimos 12 meses que é de 1:2,07.

No atacado, segundo o Boletim Intercarnes, se observou uma melhor procura pelos distribuidores para garantir mercadoria para o final semana, porém apenas especulações. As ofertas carne com osso deverão permanecer regulares, porém apesar da estabilidade os preços ainda não podem ser definidos como firmes. Evidentemente as expectativas agora se voltam para a próxima semana, que tem um feriado na quinta-feira. Até o momento o mercado se mostra bastante instável no tocante a preços.

O traseiro foi cotado a R$ 5,90, o dianteiro R$ 4,30 e a ponta de agulha a R$ 4,00. O equivalente físico foi cotado a R$ 75,44/@, com desvalorização de 0,95% na semana. O spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente físico está em R$ 4,79/@.

Tabela 2. Cotações do atacado da carne bovina

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico

O mercado futuro acompanhou a movimentação do indicador de boi gordo e o sentimento de maior oferta para os próximos dias, apresentando baixa em todos os vencimentos durante a última semana, mesmo com a recuperação registrada no último pregão. Na quinta-feira, junho/09 fechou a R$ 81,77/@, com variação acumulada de -R$ 2,28. O contrato com vencimento em outubro/09 acumulou desvalorização de R$ 2,00 na semana, fechando a R$ 87,74/@.

Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 28/05/09 e 04/06/09

Exportação

Em maio os exportadores brasileiros enviaram ao exterior 75.100 toneladas de carne bovina in natura, gerando uma receita de US$ 234,4 milhões. Na comparação com o mês de abril de 2009, o volume apresentou um recuo de 11,79%. Em relação ao mesmo período a receita apurada em maio passado foi 5,38% menor.

Gráfico 4. Exportações brasileiras de carne bovina in natura

Comparando os dados referentes ao mês passado, divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, com os do mesmo período de 2008 encontramos uma retração de 37,59% na receita e 23,19% no volume.

Tabela 3. Exportações brasileiras de carne bovina in natura

Apesar do recuo, o preço médio da carne bovina in natura brasileira vendida no mercado internacional melhorou em relação ao mês de abril, com um aumento de 7,26%. Em maio o produto brasileiro alcançou um preço médio de US$ 3.121/tonelada. Apesar da recuperação o preço médio atual ainda é menor do que os US$ 3.841 atingidos em maio de 2008, a desvalorização pode ser atribuída aos reflexos da crise mundial e também à diminuição das vendas a clientes tradicionais como a UE, que pagam melhor pela carne bovina exportada.

Minc x ruralistas

As relações entre o agronegócio e o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, já estavam ruins, mas agora azedaram de vez. Na semana passada, em Brasília, durante manifestação “Grito da Terra”, Minc disse que “os ruralistas encolheram o rabinho de capeta e agora viraram tudo bonzinho, defensor da agricultura familiar. (…) Isso é conversa para boi dormir”.

A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), protocolou nesta terça-feira uma denúncia contra o ministro de Meio Ambiente, na Procuradoria-Geral da República por crime de responsabilidade. A CNA já havia publicado uma nota repudiando a tentativa do ministro, segundo a CNA, de desqualificar os produtores rurais. “(…) Acusar aos brados integrantes de relevante setor da economia brasileira de “vigaristas” e “capeta” denuncia ausência de condições para exercer o cargo”, justifica a CNA.

Depois de duas semanas de ataques a cinco colegas de governo, de críticas a ruralistas e ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, avaliou na tarde de ontem (4) que continuará no cargo. “Estou firme, firmíssimo; tremei poluidores”, afirmou ele, após audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Horas antes, ele havia dito que sentia todo dia “o pescocinho na mira”.

“Aqui, no Parlamento, pediram meu pescoço, mas, pelo que me consta, ele ainda está no lugar e, provavelmente, vai ficar até o fim do governo Lula”, afirmou Minc. “Não vamos deixar essa turminha destruir nossos biomas”, acrescentou, referindo-se aos ruralistas. “Podem ameaçar, mas não vão transformar nossos biomas em latifúndios, em monocultura.”

O ministro disse que não se recusa a negociar com Kátia Abreu, usando o seguinte argumento: “Fiz acordo com (os ruralistas) da soja, da cana e com o governador Blairo Maggi. Por que não posso fazer com a senadora Kátia Abreu, que é muito mais bonita, muito mais simpática e muito mais articulada?” Clique aqui para ler mais.

Importação de gado do Paraguai

No MS segue a discussão sobre a liberação ou não da importação de bovinos vivos do Paraguai para abate em terras brasileiras.

Depois de uma “conversa franca de duas horas e meia” com o governador André Puccinelli (PMDB) na manhã desta terça-feira (02/06), o presidente da Associação dos Criadores de MS – Acrissul, Chico Maia, diz acreditar na “possibilidade de que ele [o governador] volte atrás” na possível importação de gado paraguaio para abate no Estado.

O governo estuda a criação de um corredor sanitário que permitiria a importação de gado em pé para que os animais sejam abatidos em frigoríficos localizados na região de fronteira. O Marfrig seria um dos mais beneficiados pela medida, pois possui uma planta em Porto Murtinho. O Ministério da Agricultura autorizou a importação de 10 mil animais para serem abatidos na planta do frigorífico.

“O governador expôs os motivos e as razões da importação e nós mostramos a ele medidas compensatórias de mesmo efeito para a região [de Porto Murtinho/MS]”, explica Maia. Durante a reunião, Puccinelli disse que sua equipe técnica está analisando a operação, mas que não tomará decisões sem ouvir a classe produtora.

O presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Francisco Maia, espera que ainda nesta semana o governador, André Puccinelli (PMDB) desista da importação de gado paraguaio, medida anunciada para garantir o funcionamento do Marfrig em Porto Murtinho/MS, na região da fronteira.

“O governo tem outras alternativas, de ordem fiscal e tributária. Pode se entender com a indústria. A importação não é uma boa alternativa porque colocaria a pecuária em risco e o mercado está começando a reagir agora”, afirma.

Além da questão sanitária, o temor dos pecuaristas é quanto à concorrência com os preços do Paraguai, onde o custo da produção é menor, especialmente em função da carga tributária reduzida.

Francisco Maia afirma que o canal para diálogo com o governo ficou aberto e há uma sinalização positiva quando à retirada das importações de pauta.

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