Devido às novas pressões regulatórias, o uso de antibióticos, seja como melhoradores de desempenho, seja como anticoccidianos, apresentam cada dia mais restrições. No caso dos ruminantes, esta proibição tem colocado produtos como a salinomicina, monensina ou virginiamicina no armário das substâncias proibidas na União Européia.
Joan Torrent, PhD em Ciência Animal e Diretor Técnico da Oligo Basics
Devido às novas pressões regulatórias, o uso de antibióticos, seja como melhoradores de desempenho, seja como anticoccidianos, apresentam cada dia mais restrições. No caso dos ruminantes, esta proibição tem colocado produtos como a salinomicina, monensina ou virginiamicina no armário das substâncias proibidas na União Européia.
Estas substâncias não tem sido substituídas facilmente. A primeira geração de substitutos foram derivados das leveduras, que embora tenham uma certa ação positiva não alcançavam os resultados dos produtos banidos. Uma segunda geração são os óleos essenciais, porém os resultados do uso destes óleos parecem depender muito do tipo de dieta. Por último, tem aparecido uma última geração de produtos chamados de óleos funcionais, estes produtos parecem ter resultados similares aos dos antibióticos e não parecem depender do tipo de dieta.
O que são os Óleos Funcionais?
Os óleos funcionais têm sido definidos como aqueles óleos que possuem atividades além do seu conteúdo energético. Essas atividades dependem do tipo de óleo, podendo ter, por exemplo, atividade antioxidante, antimicrobiana ou anti-inflamatória. É importante diferenciar os óleos funcionais dos óleos essenciais. Todos os óleos essenciais são óleos funcionais, mas nem todos os óleos funcionais são óleos essenciais. Óleos essenciais são aqueles extraídos de essências e/ou especiarias. Como exemplos de óleos essenciais temos o óleo de alecrim, tomilho ou canela. E como exemplos de óleos funcionais que não são essenciais temos os óleos de caju, rícino ou ácidos graxos de cadeia média derivados do coco.
Um grave erro na avaliação destes óleos é considerar que são todos iguais, quando na realidade existem grandes diferenças entre os óleos. Por exemplo, timol ou carvacrol são moléculas de baixo peso molecular e atividade muito distinta as do cardanol (álcool fenólico de cadeia longa) ou do ácido ricinoleico (ácido graxo hidroxilado monoinsaturado). Estes exemplos mostram a importância de conhecer bem o produto de que falamos. Saber sua composição, não só de ingredientes, mas também de compostos ativos, controle qualidade e estabilidade.
Óleos Essenciais versus Óleos Funcionais
Todos os óleos afetam o funcionamento ruminal, mais ou menos, dependendo do tipo de óleo e da quantidade. Os óleos e gorduras são tóxicos para os microorganismos ruminais, por isso existem as gorduras by-pass, já que são inertes no rúmen e podem ser suplementadas em grandes quantidades. Tanto os ácidos graxos poli-insaturados como os de cadeia média afetam fortemente a flora ruminal. Portanto, qualquer óleo poderia ser considerado um óleo funcional no rúmen se for suplementado a níveis suficientemente altos. Por outro lado, como os efeitos dos óleos podem ser tanto positivos como negativos, o uso de óleos no rúmen tem que ser feito com muito cuidado.
Revisões bibliográficas dos efeitos dos óleos essenciais em ruminantes têm mostrado que o óleo de alho, o cinamaldeido (componente principal do óleo de canela), eugenol (componente do cravo), capsaicina (componente da pimenta) e o óleo de anis, entre outros, podem aumentar a produção de propiônico, reduzir a produção de acetato e metano e modificar a proteólise, peptidolise, ou desaminação no rúmen. Porém, os efeitos destes óleos essenciais parecem ser dependentes da dieta e do pH ruminal, e seu uso pode ser benéfico sob condições e sistemas de produção específicos (Calsamiglia e col., 2007). Outros problemas que apresentam os óleos essenciais são seu alto preço (o uso em alimentação animal compete com aplicações em perfumaria ou alimentação humana), possíveis resíduos de sabor na carcaça e, finalmente, as doses efetivas e tóxicas estão, muitas vezes, muito perto.
A nova geração de óleos funcionais (que não são não essenciais) não deixam sabor na carcaça, não tem problemas de toxicidade e não competem com aplicações de perfumaria ou especiaria.
Óleos Funcionais: A Versão 2.0 dos Modificadores Ruminais
Como comentado anteriormente, é muito importante saber que produto é usado, os seus componentes ativos, controle de qualidade e estabilidade. É conhecido que tanto o cardol como o ácido ricinoléico agem na parede das bactérias gram positivas como ionóforos naturais e que misturas destes produtos tem atividade anticoccidiana (Murakami e col., 2011), controlam o pH ruminal e melhoram a digestibilidade da fibra (Branco e col., 2008).
Uma análise dos resultados do uso de uma mistura de óleos funcionais com cardol e ácido ricinoleico como componentes ativos em confinamentos na Espanha, mostrou que os animais suplementados tinham pesos e carcaças significativamente maiores que os controles (Tabela 1).
Tabela 1. Efeitos do uso de óleos funcionais em diferentes confinamentos da Espanha com bois da raça Holandesa.
Figura 1.Efeitos dos óleos funcionais sobre o pH ruminal em bois com dietas altas em concentrado (Branco e col., 2008).
Figura 2.Médias dos tempos de alimentação, ruminação e ócio em bois com e sem a suplementação com óleos funcionais (Nunes do Prado e col., 2011).
Figura 3. Efeito dos óleos funcionais sobre a digestibilidade
Conclusão
Os óleos funcionais representam a nova geração em produtos melhoradores da fermentação ruminal. O uso de produtos com composição e controle de qualidade garantidos, podem resultar em melhoras significativas da digestibilidade e dos ganhos de peso dos animais, com a grande vantagem de, por serem naturais podem ser usados sem as restrições que apresentam os antibióticos.
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