O mercado interno é bastante competitivo e o pequeno crescimento da economia brasileira tem servido como uma nuvem de fumaça para as oportunidades para crescimento da demanda de carne bovina. Enquanto isso, muitos setores avançam, crescendo e vendendo mais.
O USDA (Departamento de Agricultura norte-americano) divulgou recentemente um estudo sobre o mercado internacional de carnes (bovina, suína e de aves) para 2007. No estudo, as previsões são de que o mercado internacional de carne bovina em 2007 continuará com a oferta entre países reduzida em relação à demanda, devido principalmente a barreiras sanitárias (EEB e febre aftosa). E o volume de carne bovina comercializada internacionalmente deve subir cerca de 6,5%. A produção e consumo devem aumentar globalmente cerca de 2,3%.
A China é o país que terá o maior crescimento da produção em 2007, com 5,47%, passando de 7.500 mil toneladas de equivalente carcaça (TEC) para 7.910 mil TEC. Os 25 países da UE devem manter sua produção anual, segundo o USDA, em 7.880 mil TEC. No entanto, outras previsões européias prevêem queda de produção. Ponto positivo para Brasil, Uruguai e Argentina, os principais vendedores para esse importante mercado em volume e ainda mais em valor. Assim, a Europa vai se tornando cada vez menos exportadora e mais importadora.
As previsões para o Brasil são positivas, mas precisam ser analisadas com cuidado. O USDA prevê que o Brasil exporte em 2007 cerca de 2% a mais que 2006. No lado da produção brasileira, o USDA estima crescimento de 3% em 2006 e mais 3% no ano que vem. Vale lembrar que o Brasil carece de uma atualização do censo agropecuário, realizado pelo IBGE, para avaliações mais precisas.
Qual é desafio para o Brasil? Ocorrendo o previsto, a disponibilidade interna de carne bovina per capita, ou seja, quantidade de carne per capita que deverá ser vendida no mercado interno, aumenta, pressionando negativamente os preços da carne, e consequentemente do boi gordo, se não houver um aumento de demanda. O USDA estima para 2005, 2006 e 2007, um consumo de carne bovina per capita no Brasil de 36,4, 36,9 e 37,8 Kg, respectivamente.
Nos últimos anos, o órgão norte-americano errou na estimativa de crescimento das exportações brasileiras, para menos. Esse ano, a estimativa atual é de crescimento de 4,18% em volume, carne in natura e industrializada. Na carne in natura, o crescimento de 2006 em relação a 2005, até novembro, foi de 9,82%, segundo dados da Secex divulgados na sexta-feira, mais que o dobro do estimado pelo USDA para carne bovina em geral. Na carne bovina industrializada, o crescimento em 2006, até outubro, é ainda maior, de 14,9%. Ou seja, as estimativas servem de alerta, mas as exportações devem ser bem maiores que o previsto.
Em um cenário alternativo, traçado com base nestes dados e considerando-se crescimento de exportações de 10% para 2006, a projeção da disponibilidade interna passa de +1,37% (USDA), para negativo em 0,22%. Se mantivermos esse crescimento de 10% entre 2006 e 2007, a disponibilidade interna, cujo crescimento foi projetado em 2,44%, seria de 0,10%, mantendo a produção estimada pelo USDA nos dois exercícios, como é mostrado nos gráfico 1 e 2.
Gráfico 1. Produção, exportação e disponibilidade interna de carne bovina, com dados do USDA e cenário alternativo para 2006 e 2007
Logo, fica a pergunta: qual a expectativa de preços da carne bovina para 2007, no mercado interno, responsável por aproximadamente 75% da produção nacional? Outros fatores, como disponibilidade interna de carne suína e de aves também devem ser analisados. Esse ano, durante os períodos de maior reação internacional a gripe aviária, com quedas bruscas na demanda de carne de frango em diversos mercados, os preços da carne bovina foram impactados negativamente pela super oferta momentânea de carne de frango.
A oferta de frango no mercado interno aumentou neste ano. Segundo o Avisite, com informações da Apinco (Associação dos Produtores de Pintos de Corte), a disponibilidade interna de frango aumentou 5,78% de janeiro a outubro.
Grandes indústrias de alimentos, como Sadia e Perdigão, estão se voltando para o mercado interno com a retração dos mercados mundiais de frango. Veja trecho de notícia publicada em 14/11/2006: “Segundo cálculos do BeefPoint, com os dados da Perdigão, no 3º trimestre de 2005 o mercado interno respondeu por 49,13% do faturamento e o externo 50,87%. No mesmo período em 2006, a participação no faturamento passou a ser de 60,23% no mercado interno e 39,77% no externo (clique para ver a notícia).”
Quais as saídas, para esse possível crescimento de oferta? A primeira é aumentar as exportações, “enxugando” o mercado interno do excesso de carne. Para isso é preciso conseguir derrubar mais barreiras sanitárias à carne brasileira. Uma maior segurança sanitária também daria mais tranquilidade (e menos prejuízos) a todos os elos da cadeia. O Brasil tem conseguido aumentar suas exportações, mesmos com problemas sanitários e vem superando as expectativas de exportações dos principais órgãos mundiais.
A segunda opção é aumentar a demanda por carne bovina no mercado interno. Nesse sentido, muito pouco tem sido feito no sentido de inovação de produtos e promoção da carne bovina. E existem setores que estão crescendo suas vendas, mesmo com as dificuldades da economia brasileira, que cresce pouco.
O jornal Meio&Mensagem, especializado em marketing, publicou na semana passada um estudo da LatinPanel sobre a evolução do consumo das classes C, D e E, no governo Lula. Essas três classes sociais representam 87% da população brasileira, gastam 30% do seu orçamento com alimentação e devem movimentar R$ 512 bilhões em 2006. Abrangem um mercado maior que Argentina, Uruguai e Chile juntos.
As classes D e E, durante os últimos 4 anos, gastaram 35% a mais em bens não duráveis (alimentos, bebidas, higiene pessoal e limpeza). Apenas entre 2005 e 2006, 2,1 milhões de famílias passaram das classes D/E para C. A cesta de compras (número de itens comprados) também aumentou entre 2002 e 2006. A classe C passou de 28 para 33 itens e as classes D/E de 21 para 27 itens. Ou seja, estão comprando mais variedade e gastando mais. Nas classes D/E, uma das categorias de produtos que entraram na cesta de compras foi o leite longa vida. Ponto positivo para a cadeia do leite, que também precisa aumentar a demanda de seus produtos.
Qual o diagnóstico que podemos fazer dessa situação? Mesmo com baixo crescimento da economia brasileira, as classes C/D/E tiveram aumento de renda nos últimos 4 anos, graças a aumento do salário mínimo, bolsa família e bons acordos salariais. O impacto positivo ocorreu principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde há grande concentração de pessoas das classes C, D e E.
Apenas com inovação de produtos e promoção eficiente será possível aumentar a demanda de carne bovina no mercado interno brasileiro. Se a classe média está estagnada, a saída é investir em produtos que se adequem a segmentos de mercado que pagam menos, mas podem ser lucrativos.
Muitas empresas têm sucesso ao buscar a “riqueza na base da pirâmide”, expressão criada por C.K. Prahalad, professor da faculdade americana Michigan Business School. Há um grande potencial nos mercados de baixa renda, situados em países pobres e de grande população. A Nestlé, por exemplo, está testando um programa de venda de produtos em periferias no Brasil, com sistema porta-a-porta, que parece promissor.
O mercado interno é bastante competitivo e o pequeno crescimento da economia brasileira tem servido como uma nuvem de fumaça para as oportunidades para crescimento da demanda de carne bovina. Enquanto isso, há setores que avançam, crescendo e vendendo mais.
O crescimento das exportações, que podem superar as expectativas não muito otimistas do USDA (que acredita no aumento da oferta interna de carne), pode melhorar a relação oferta e demanda de carne bovina no mercado interno, mas olhar apenas para a exportação não será suficiente para comercializar a capacidade produtiva brasileira.
É preciso que o setor como um todo, em especial, quem está mais na linha de frente se preocupe também com uma parcela significativa do mercado da carne bovina brasileira, “apenas” 78% de nossa produção.
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É válido tudo o que foi exposto e acredito que uma das maiores preocupações que devemos ter é como se comportarão os preços diante o pecuarista. Pois, se tudo se confirmar, teremos excesso de carne no mercado interno, com isso, redução dos preços, incluindo a @ do boi e enfim, produtores com menor remuneração.
Outro dado é que muitas iniciativas para aumento da comercialização, como propagandas e outras atividades de marketing, tendem a favorecer a quem está na outra ponta, oposta a do pecuarista, da cadeia produtiva. Configura-se aí cada vez mais uma linha reta e não um ciclo como teoricamente deveria ser. Contudo estamos aí, técnicos e profissionais, para procurar minimizar essas diferenças que surgem, inovando e trazendo novas tecnologias. Excelente artigo e até mais.
Não compartilho da mesma opinião, o mercado de carne esta enxugando de maneira vagarosa e só não explodiu o preço porque os frigoríficos e compradores estão extremamente profissionais na sua maneira de comprar e conduzir a negociação, a coisa vai inverter uma hora de maneira forte.
Não vai ter boi e a cadeia vai pastar atrás deles. Escuta, talvez não seja 2007, mas está vindo aí…
Por isso vendam pouco, segurem o máximo, valorizem o que tem na mão e invistam em animais jovens que no futuro darão bons ganhos.
Pode dar certo a tentativa de ampliar o mercado da carne e do leite. Fora isso, continuaremos em ponto morto. Que isso possa acontecer e o produtor seja parte deste processo! Que venham dias melhores!
Muito bom, e equilibrado o artigo!
Eu gostaria de saber como os técnicos, analistas de mercado de carne bovina, explicam como que a @ aqui na minha região, norte de MT e no Brasil todo. Aqui a arroba ficou três dias a R$ 55,00/@, os frigoríficos não tinham escala para fechar, baixaram a arroba para R$ 50,00/@ fechava para uma semana, baixou para R$ 48 escala para 10 dias, caiu para R$ 42 escala para 15 dias.
Se isso não for cartel e manipulação de preço o que é então? Nós pecuaristas nem, sei que termo usar, gostamos de dizer que agüentamos 20 altas e não agüentamos uma baixa. O trouxa ainda liga para o frigorífico e fala com o seu “amigo comprador” e pergunta, “será que vai baixar mais”? O comprador olha você é um cliente especial para mim eu ainda consigo R$ 44,00/@, mas veja o problema da Rússia, estamos com carretas de carne carregada sem destino, mas ainda consigo manter este preço amanhã talvez não consiga, o trouxa já manda o amigo comprador por mais boi na escala, até os bois que não estão acabados, dai já viu o que acontece com os preços.
Acorda classe produtora que faz este país andar.
Sr Miguel, tenho certeza que o Sr também está curioso em saber como o USDA consegue dados tão importantes sobre a pecuária brasileira, de duas uma; ou o nosso IBGE passa os nuúeros para eles, escondendo da gente, ou este USDA faz parte da turma da mãe Diná.
Um abraço e desculpe-me pela brincadeira
Para analisarmos o mercado pecuário para os próximos 3 ou 4 anos, temos que avaliar o que aconteceu nos últimos 3 ou 4 anos, este é o ciclo.
Nos últimos anos tivemos uma redução nas áreas de pastagem, dando lugar para a agricultura, naquele momento, os animais adultos que estavam prontos para o abate, foram abatidos, o que ocasionou um aumento de oferta fazendo os preços desabarem. Os animais jovens ocuparam pastagens arrendadas,ou foram adquiridos por pecuaristas, ou investidores, que na época aproveitaram o bom preço, aqui no MS não se encontrava um pasto para arrendar nem por decreto.
Em resumo, as fazendas superlotadas se acabaram, e ainda por cima três anos de pouca chuva, isto ocasionou um aumento dos confinamentos, os investidores, ninguém sabe ninguém viu, sumiram, este ano já começou aparecer fazendas para arrendar. Estamos passando um período de queima de plantel, portanto não existe motivo algum para termos um aumento de oferta de carne. No máximo, manter a oferta com o tiro de misericórdia que a cana vai dar.
Um abraço
É tão grande o contesto para tentarmos alcançar níveis de preço satisfatório porque depende muito de outros tipos de carne, conseqüentemente os interperes que poderão advir são muitos, principalmente porque não temos dados eficazes para análise, não acredito também que o USA tenha.
Dificilmente iremos encontrar meios satisfatórios que nos dê um parâmetro, não podemos avaliar determinadas previsões por não possuirmos nada que venha a dar crédito de números reais de consumo, de preços etc. Feliz do pecuarista que evoluiu em tecnologia não ficou na expectativa de preços, pensou em produzir mais e barato.
Prezado Miguel,
Fico satisfeito da sua competência quando você garimpa dados importantes como estes para uma boa análise conjuntural e abrangente do negócio carnes. Pelo que observo, a boa noticia é nossa população mais necessitada estar se alimentando melhor e gradativamente consumindo uma maior variedade de produtos.
Caso se comprove de fato um esforço governamental para melhorar a educação da população, como disse nosso chefe ser a prioridade para seu segundo mandato, imaginemos se junto da retórica viesse um incentivo politico no ato de exigir, por exemplo, uma contrapartida das industrias frigorificas, principalmente aquelas que são contempladas com crédito oficial barato, para fornecerem uma parcela de sua produção ao governo federal, em valores a serem permutados com algum tipo de imposto, e sendo usada como um saudável reforço na merenda escolar com uma boa dose de proteína vermelha.
Teríamos assim numa ação social do governo federal, garantindo às crianças matriculadas e assíduas nas escolas um melhor nível de desenvolvimento humano e condições para aprenderem cada vez mais, concomitantemente um ato que diretamente resultaria num mercado interno enxuto em cortes de menor valor agregado porém de ótimo valor nutricional, de uma forma constante e significativa.
Obviamente a qualidade e tipo desta mercadoria, sua estocagem e o manuseio no preparo seriam cuidadosamente fiscalizados pelos serviços sanitários estaduais e municipais e principalmente, também pelos pais e mães destes alunos; as prefeituras e escolas beneficiadas poderiam agir como controladores dos volumes entregues, e quem sabe a receita utilizar o índice Esalq nos valores e posterior rebate destes em impostos federais.
Tratar melhor a população carente e fortalecer sua produção interna! Coisa de país de primeiro mundo! Será que algum dia algo assim pode acontecer com o Brasil?
Abraços.
Senhores,
Insisto na idéia de que estamos produzindo 12 para uma necessidade de 10.
O boi quando está pronto, tem que ser vendido.
Represar boi no pasto não resolve. No momento seguinte é certeza de enxurrada. Além do que, seria uma forma de manipulação do mercado. Pode funcionar por um momento, não para sempre.
Ninguém consegue segurar seu animais indefinidamente, pois todos temos compromissos.
O que proponho é uma queda de 30% na produção de bovinos de norte a sul do País, como conseguir isso? Bem isso já é uma outra história. Se pudéssemos contar com as entidades que nos representam, já seria um bom começo.
Saudações.
Jucelino dos Reis
Produção de Gado de Corte – Cascavel-PR.
O Brasil vive uma crise da abundância, seja na carne seja no leite, a super-produção (produção acima do consumo) junto com o Real forte formam uma equação muito difícil de resolver.
Junte a isto a falta de opção dos pecuaristas que apesar da baixa remuneração continuam na atividade.
No caso da produção de gado de corte, acho que enquanto não houver uma classificação dos animais no abate, diferenciando o preço pela qualidade da carcaça, vamos continuar sendo pressionados pela super oferta.
Por outro lado sem esta diferenciação e com baixa remuneração corremos o risco de estagnar e perder mercados externos pela falta de qualidade.
Caro Miguel,
Parabéns pelo artigo. Fica claro que a composição de preços tem muito mais a ver com a conquista de mercado do que somente com a produção ou produtividade na fazenda.
Este “nó” na vida do bovinocultor fica sempre difícil de ser desatado pois, se por um lado conseguimos acompanhar toda a evolução zootécnica da atividade, por outro lado, o mercado tem tantas variáveis que necessitamos de uma “âncora” confiável, que nos dê um suporte para planejamento econômico de curto médio e longo prazo, tipo BM&F, cooperativismo ou associativismo.
Trabalhando isoladamente como é da nossa cultura, estaremos sempre a mercê das tempestades e a procura de um porto seguro que parece não existir em lugar algum.
Luiz Henrique Leite Nogueira
Caro Miguel da Rocha Cavalcanti desde 1992 que estudo e venho criticando o modelo da pecuária brasileira concordo plenamente com a sua colocação. Vejamos:
Segundo IBGE 2005 o Brasil tem um rebanho de 207.156.696 de cabeças e uma população de 187 950 395 habitantes.
Consumo per capta de 36 kg x 187.950.395 = 6.766.214.220kg/ano ou 422.888.389 @/ano ou 24.430.524 cabeças/ano de consumo ano.
Considerando desfrute médio de 18% é necessário abater 37.288.205 cabeças ano, com consumo de 24.430.524 cabeças/ano tem se um excedente de 12.857.681 cabeças que equivale a 3.085.843.440kg. Para que o mercado interno absorver 3.085.843.440kg/ano será necessário aumentar o consumo per capta em 16,4kg/pessoa/ano ou em 46%. Em 1992 eram necessários aumentos de 8kg/pessoa/ano para o equilíbrio entre a produção e demanda.
Estocar boi no pasto e esperar pelo aumento, se solução, é paliativa. A classe produtora necessita urgentemente buscar soluções de médio e longo prazo capazes de dar condições de sustentabilidade justa à cadeia produtiva, com promoção do desenvolvimento sócio econômico e ambiental para conquista e inserção definitiva no mercado global sem restrições.
Quando se fala em sócio econômico ambiental no seio produtivo, produtores protestam, porém aos poucos tornam regra do comercio mundial pela exigência do consumidor. A solução está em proporcionar com abundância do rebanho um desenvolvimento sustentado onde seja socialmente perfeito, economicamente justo e ecologicamente correto.
Socialmente perfeito quando a pecuária venha contribuir para o desenvolvimento sócio econômico do lugar, de maneira que qualquer cidadão da comunidade possa aproveitar do produto da pecuária, agregar valor conforme habilidade pessoal que possa obter sustento e criar novos postos de trabalho emprego e renda, casos típicos de micro empreendedores.
A cadeia da pecuária não é economicamente justa, uma vez que o modelo comercial hoje empregado é altamente prejudicial ao setor produtivo, com remuneração que não condiz com os custos de produção, pela falta de demanda.
Grande parte do criatório não satisfaz as necessidades ambientais para ser ecologicamente correto, questão crucial que exige uma urgente tomada de decisão dos produtores pela adequação ambientais e sobrevivência da atividade e contribuir para minimização do efeito estufa.
Para escoamento do estoque anual de 12.857.681 cabeças, em crescimento, com remuneração condizente aos produtores e dar equilíbrio à produção e demanda, urge a necessidade na mudança do sistema atual de produção e comercialização, altamente predatória que compromete o próprio desenvolvimento brasileiro.
Estes 12.857.681 cabeças no modelo atual o escoamento não necessita de investimento em 45 frigoríficos de grande porte com geração de 337.500 empregos diretos e indiretos localizados em 45 municípios.
Não acredito que o governo possa incentivar o consumo de carne. Com esse ligeiro aumento do salário mínimo, está crescendo gradativamente o consumo de carne dentre as populações de menor renda. Os produtores tem que se unir e fazer alguma coisa para atrair esse mercado das classes C, D e E, que representam 87 % da população.
Estimado Miguel,
Mais uma vez, Parabéns!
Este texto, mesmo para quem vive uma certa euforia momentânea, como os produtores de carne do RS, traz uma muito bem elaborada análise conjuntural. Eu, certamente partilho de suas preocupações.
Nosso sucesso nas exportações tem ajudado, mas o alicerce das conquistas ainda é muito vulnerável e as próximas etapas desta construção são bastante desafiadoras. No mercado interno da carne, com saudável incorporação de consumidores, teremos que competir com duas grandes e organizadas concorrentes, as cadeias do frango e dos suínos.
Estas considerações não nos devem amedrontar exigem, isto sim, é que conscientes saibamos ter um objetivo correto e ser capazes de reunir grupos de pessoas que ultrapassem as barreiras organizacionais de nosso setor, o da produção da carne bovina.
Forte abraço, José Luiz Martins Costa Kessler
Excelente artigo!
Parabéns Miguel por nos abrir um norte quanto ao mercado em 2007!
Acredito que a partir do momento em que os produtores começarem a olhar de maneira profissional para o mercado, como os demais elos da cadeia, estarão preparados para quantificar suas possibilidades de melhores ganhos, e isto só se faz com informação correta e profissional.
Nosso empresariado rural já vem mudando de atitudes nos últimos anos, prova disto o aumento da população bovina na última década. Agora, devemos fazer uma reflexão, se vale à pena continuarmos aumentando a produção, se a cadeia não tem condições de absorver?
Tenho certeza que neste ano de 2007 e ainda durante o ano de 2008, teremos crescimento de exportações superiores ao projetado pela USDA, o que em parte soluciona nosso problema de preços pelo menos durante estes 2 anos.
Mas e daí para frente?
Se não olharmos para o mercado, e diagnosticarmos os sintomas, continuaremos na eterna choradeira de que estamos ganhando pouco, e que a doença é terminal.
Senhores produtores, as informações estão aí, e existem pessoas capacitadas para ajudá-los à tomar decisões, então para que seguir à mercê dos compradores de gado se podemos nós mesmos saber qual a melhor hora de comprar, vender, investir e até mesmo, ficarmos quietos?
Vale a reflexão!
Infelizmente o Mario Wolf Filho, tem uma parte de razão.
Mas, na minha opinião, devido a um sem número de dificuldades inclusive legais e políticas, além disso temos outras causas também e o buraco é bem mais embaixo.
Falando de cartel, como explicar a enorme diferença de Preços entre Gurupi e Mozarlândia? (ambos os estados são livres de aftosa) Poderia ser o frete? Em uma mínima distância; e a diferença entre Rondônia e Mato Grosso, também não poderia ser o frete! Mais absurdo ainda é que no Maranhão (Açailândia e Imperatriz) que não têm status de zona livre a arroba tem valido 5% a 7% mais que no Tocantis a distâncias de 100 Km.
É Mário, a nossa “fraqueza” na negociação é inegável, mas certamente não é o único motivo de ser a parte mais fraca na cadeia produtiva! Se servir de consolo aqui o Boi valeu 53 ou 54 por um único (mais ou menos 25 de outubro) dia e quinze dias depois já se ofertava a 48,00! E sobre a alternativa “escolar” do Liuz Villela, concordo plenamente!
E quanto ao comentário do Nelson Jesus Saboia Ribas, penso que qualquer classificação por parte da indústria na atual conjutura (e até já é praticada em termos) tem caráter punitivo desvalorizando produtos piores e nunca premiando a qualidade. Ando muito no Brasil da pecuária e em todo lugar é consenso de que chegará uma época em que não mais se descartará vacas velhas, principalmente leiteiras; o que é um enorme contra-senso, por que a vaca já é mais barata por ser de pior qualidade, mas a indústria só quer comprar vaca e novilha com preço de vaca e acabamento e qualidade de boi.
Abraços a todos.
Lendo o artigo e depois os comentários sobre ele, fica cada vez mais claro que realmente, nós que produzimos boi, temos realmente muito pouca informação. Devido a este fato, ficamos vulneráveis a boatos, especulações e outros tipos de manipulação que alterem a nossa política de comercialização a favor de quem está comprando. Assim, acredito que fóruns como este deveriam ser mais freqüentes para que possamos montar um consenso sobre as informações.
Os dados que o Miguel levantou apontam uma tendência de mercado para a safra 2007 que não nos é favorável pois ficamos na dependência de aumento de consumo interno e/ou exportação. No entanto, acredito que o setor deveria realizar ações mais ativas para mudar a tendência. Precisamos planejar a produção em função da demanda e só assim teremos condições de reverter a situação em que a pecuária se encontra.