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OMC: emergentes não concordam com proposta dos EUA

O estilo Obama pode ter conquistado muitos pelo mundo. Mas não no setor comercial. Ontem, o governo de Barack Obama defendeu uma verdadeira revolução na forma de negociar a Rodada Doha, o que provocou duras críticas de quase todos os países, inclusive do Brasil, que acusou a Casa Branca de tentar reabrir o pacote que foi negociado por anos. A alegação dos americanos era de que uma nova forma de negociar precisa ser estabelecida para tirar a Organização Mundial do Comércio (OMC) de um impasse que já dura anos.

O estilo Obama pode ter conquistado muitos pelo mundo. Mas não no setor comercial. Ontem, o governo de Barack Obama defendeu uma verdadeira revolução na forma de negociar a Rodada Doha, o que provocou duras críticas de quase todos os países, inclusive do Brasil, que acusou a Casa Branca de tentar reabrir o pacote que foi negociado por anos. A alegação dos americanos era de que uma nova forma de negociar precisa ser estabelecida para tirar a Organização Mundial do Comércio (OMC) de um impasse que já dura anos.

Ontem, em Genebra, o novo representante da Casa Branca para o Comércio, Ron Kirk, foi claro: se Brasil, China e Índia querem ter um lugar à mesa nas decisões mundiais, terão de contribuir mais, abrir seus mercados e adotar uma postura de maior responsabilidade.

Kirk confirmou que Obama está convencido de que o projeto precisa ser concluído e garantiu que não mexeria no mandato negociador. Ou seja, os temas principais seriam mantidos na agenda. Segundo ele, concluir a Rodada será uma forma de ajudar a superar a crise econômica mundial. “Esse acordo será fundamental. Mas ele precisa ser equilibrado e com acesso real aos mercados.”

Agora, com Obama, as primeiras decepções começam a surgir. A primeira delas foi a nova cobrança sobre os países emergentes, discurso igual ao do governo de George W. Bush. “Os Estados Unidos têm um dos mercados mais abertos do mundo. Onde se pode ter acesso maior é em locais como o Brasil, Índia e China”, disse Kirk.

A segunda decepção dos negociadores com a Casa Branca está relacionada à proposta de modificação geral nas regras do jogo. Para muitos, isso pode complicar ainda mais o processo. Pelo atual modelo, uma fórmula é negociada para determinar como cada país cortaria as taxas de importação e subsídios e abriria o mercado. O que vem ganhando força é a ideia de um corte de 53% nas tarifas de produtos agrícolas, ante um corte de 60% no setor industrial. Mas os americanos alertam que o modelo não é suficiente para que saibam o que de fato ganharão com a Rodada.

“Algo precisa acontecer de forma diferente para que haja uma conclusão da Rodada”, disse Kirk. “Nas últimas vezes que os governos se sentaram para negociar, o acordo não foi obtido. Talvez precisamos pensar em um novo mecanismo para garantir o sucesso nas negociações.”

A proposta de Kirk foi amplamente atacada, salvo pelo diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, que deixou uma brecha para essa possibilidade. Roberto Azevedo, embaixador do Brasil na OMC, foi enfático. “O Brasil não pode aceitar uma reabertura seletiva do pacote. O que eles sugerem são mudanças radicais, que transformariam as negociações multilaterais em negociações bilaterais.”

Guillermo Valles, experiente embaixador uruguaio na OMC, também critica a proposta americana. “Isso daria margem para pressões políticas contra países pequenos, já que cada governo teria de sentar à mesa para negociar setores.”

A matéria é de Jamil Chade, publicada no jornal O Estado de S. Paulo, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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