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OMC quer retomar Rodada Doha no início de 2010

Os 153 países-membros da Organização Mundial do Comércio concordaram em reavaliar a Rodada Doha de liberalização comercial global no próximo trimestre, disse o diretor-geral da entidade, Pascal Lamy.

Os 153 países-membros da Organização Mundial do Comércio concordaram em reavaliar a Rodada Doha de liberalização comercial global no próximo trimestre, disse o diretor-geral da entidade, Pascal Lamy, em entrevista coletiva ao fim da reunião ministerial da OMC. Mas não há consenso ainda sobre o nível e as condições em que essa análise ocorrerá.

A iniciativa é um pedido dos países do chamado “G20 agrícola”, do qual o Brasil está à frente, lançado em comunicado no último domingo. Na prática, a solicitação para discutir e identificar “obstáculos” à negociação é um meio de pôr os EUA abertamente na berlinda.

Washington, apesar das mudanças na Casa Branca, é identificado como o maior entrave não só pelos países emergentes como também por vários europeus e por funcionários de alto escalão da OMC (manifestações de empatia aos americanos vieram apenas da Índia).

Os EUA, por sua vez, exigem maior abertura dos mercados dos países em desenvolvimento e jogam a responsabilidade para os grandes emergentes. Ontem, seu titular do Comércio Exterior, Ron Kirk, voltou a citar Brasil, China e Índia. Também alfinetou, em entrevista coletiva, que “aqueles que esperam assumir um papel de liderança devem fazer mais”.

A OMC, como queriam os países-membros, até tirou Doha da agenda da reunião deste ano, em Genebra. Lamy diz vislumbrar sua conclusão ainda em 2010. Nos corredores do encontro, no entanto, a esperança propalada em plenário some, e o foco passa aos acordos bilaterais e plurilaterais.

O Brasil, a Argentina e outros 20 emergentes oficializaram as bases de um acordo que haviam anunciado na semana passada para cortar em 20% as tarifas de importação sobre 70% dos produtos que comercializam entre si. A ideia é colocá-lo em vigor em setembro próximo, com vistas a uma revisão em dois anos para eventuais ajustes e ampliação.

Não está claro se o documento terá endosso de todo o grupo (Mercosul, Argélia, Chile, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Cuba, Egito, Índia, Indonésia, Irã, Malásia, México, Marrocos, Nigéria, Paquistão, Sri Lanka, Vietnã e Zimbábue).

Mesmo assim, a Unctad estima que o corte possa inflar o comércio no chamado eixo Sul-Sul em US$ 8 bilhões por ano, estimulando sobretudo a venda de produtos industrializados (juntos, os 22 países somam 16% da produção industrial mundial, ou US$ 2,8 trilhões, na conta da Unctad).

A matéria é de Luciana Coelho, publicada na Folha de S. Paulo, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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