O confinamento de animais pode ser um bom negócio para o pecuarista que já tem um sistema intensivo de produção animal. Gustavo de Lima e Reis, zootecnista responsável pelo confinamento Mirante, de Nerópolis-GO, que tem capacidade estática para 20 mil e irá confinar 70 mil animais esse ano. Para ele, o peso ideal de entrada do animal é entre 11 e 13 arrobas. “Quanto ao tipo racial, o confinamento trabalha com animais mestiços que apresentam uma boa resposta e têm um preço de aquisição melhor. Se fosse possível, trabalharíamos só com Nelore, mas hoje estamos trabalhando com 30% de animais cruzados, 40% são mestiços e 30% são Nelore”. Além disso, são preferíveis animais inteiros.
Carlos Kinde, do Confinamento Boitel Rio Verde, em Rio Verde-Go, também com capacidade para 20 mil animais, diz que espera confinar sua capacidade total, mas isso dependerá do mercado: “Normalmente, temos alimentação para 20 mil, mas vamos confinar conforme o mercado”. Segundo ele, os animais que chegam em geral têm entre 12 e 13 arrobas, são da raça Nelore, inteiros, e saem com 19 arrobas.
Já Francisco Salles, proprietário da Fsalles Com. Agrop. Ltda., de Valparaíso-SP, espera confinar 16 mil cabeças em dois turnos de 8 mil. O tipo racial preferido também é o Nelore inteiro sendo que o boi entra com 14 arrobas e sai com 18.
Ivan Valadão Rosa, responsável pelo confinamento da Fazenda Bonança, em Pereira Barreto-SP, diz que a previsão é confinar apenas 5 mil animais. Dentre esses, mil seriam novilhos superprecoces, abatidos normalmente com 12 a 14 meses e pesando de 15 a 16 arrobas. Apesar disso, ele diz que tem condições de confinar mais: “Como estamos disponibilizando nossas instalações para boitel, podemos aumentar esse número três vezes mais”. O restante é de animais da raça Nelore ou de predominância de sangue Nelore. “Agora, para aqueles que quiserem inscrever o animal no boitel, nós não fazemos nenhum tipo de distinção. A pessoa pode colocar o animal que quiser, inclusive vacas”.
Preços
As diárias dos confinamentos variam muito. Para Ivan Valadão, da Fazenda Bonança, o preço vai depender da flutuação dos insumos, embora a previsão seja entre R$ 3,00 e R$ 3,20. Francisco Salles (Fsalles) estabeleceu a diária em R$ 2,96 e Gustavo de Lima, da Fazenda Mirante, afirma que os primeiros contratos foram fechados a R$ 3,50 e, agora, a R$ 4,00. Carlos Kinde (Boitel Rio Verde) diz que o preço ainda não foi definido, já que os insumos não foram todos comprados, mas devem girar em torno de R$ 3,80 a R$ 4,50. “Mas aqui, normalmente, nós fazemos mais parceria do que por diária”, diz ele.
Na parceria os animais entram no confinamento, pesam na hora da chegada e o excedente de peso de abate pertence ao confinamento. “A nossa receita é o excedente do peso inicial de entrada”, diz ele.
Alimentação
Nenhum desses confinamentos garante ganho de peso pré-determinado. Mas há garantias quanto à qualidade da ração. “Uma das cláusulas do contrato é que a qualquer dia, sem aviso prévio, o dono do gado pode entrar no confinamento e colher amostras da ração para analisar. Nós garantimos o NDT e a proteína bruta”, afirma Francisco Salles.
“Não podemos dar garantia de peso porque o desempenho do animal depende muito de sua genética – afirma Ivan Valadão (Bonança) – O que nós garantimos é a composição do nosso produto, com determinados nutrientes, e é o mesmo utilizado para os nossos animais”. Gustavo de Lima (Mirante) garante uma dieta mínima no cocho, que seria 12% de proteína bruta, na matéria seca e fornecimento de 6 a 8 vezes ao dia.
Carlos Kinde diz que o concentrado de melhor custo benefício, atualmente, é o sorgo. Em relação à silagem, a de melhor custo benefício é a de capim. “Mas nós não usamos. Preferimos silagem de milho para engordar mais rápido, tendo em vista que nós fazemos o boi de parceria. A silagem de milho dá mais rapidez à engorda e o animal fica pronto para o abate em 45 a 60 dias. Já o animal submetido a outro tipo de silagem em que o teor de proteína é menor, às vezes precisa ficar de 90 a 100 dias. Isso nos dá a liberdade de fazer outro giro”, afirma ele.
Segundo Ivan Valadão, os insumos já adquiridos são farelo de soja, farelo de algodão, polpa cítrica, milho produzido in loco, silagem de milho e silagem de capim. “Nós usamos uma programação linear de computador para cálculo de ração. O custo direto da nossa ração, incluindo volumoso, hoje está a R$ 2,20 por cabeça”.
A Fazenda Mirante utiliza principalmente milho, sorgo, polpa cítrica, caroço de algodão, farelo de algodão, uréia, farelo de soja e soja em grão. “Em função do preço, cada ano há uma realidade. Este ano os insumos estão mais ou menos se equiparando. O sorgo e o milho baixaram e nós deveremos usar mais ou menos 60% de polpa cítrica, 30% de sorgo e 10% de milho”, afirma Gustavo de Lima. Na Fsalles, os insumos mais utilizados são sorgo, caroço de algodão e bagaço de cana hidrolizado.
Ganho de peso
Nos confinamentos são esperados ganhos diários de peso de 1,3 kg (Fsalles); 1,2 kg para animais comuns e 1,4 kg para superprecoces (Bonança); e 1,65 kg (Mirante). Com exceção da Fsalles, os outros confinamentos não mantêm acordos com frigoríficos, ficando o boi livre para ser comercializado assim que termina o prazo de engorda. No caso da Fsalles, a empresa está negociando um acordo este ano com o Frigorífico Minerva, de José Bonifácio, para uma boa parte dos bois. “Estamos preparando o boi da maneira que eles querem: acima de 500 kg, Nelore, com cobertura de gordura pré-determinada. Nós estamos procurando fazer esses bois com a orientação deles para tê-los como nossos compradores”, conclui Francisco Salles.
Carlos Kinde afirma que, apesar de não terem compromisso com os frigoríficos, alguns chegam a pagar um pouco mais devido ao acabamento de carcaça.
Fonte: Thais de Alckmin Lisbôa, para BeefPoint
1 Comment
Boa noite gostaria de investir em boitel e gostaria de saber como funciona:
– Qtos bois tenho que entregar;
– qual o ganho para mim investidor;
– como funciona?