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Operações de derivativos e suas conseqüências

O dólar saltou de R$ 1,56 no encerramento de julho para cerca de R$ 2,20 no fechamento desta terça-feira, 28. A valorização de quase 50% da moeda norte-americana em pouco menos de três meses teve início com a deterioração das condições de crédito e teve reflexos nos instrumentos financeiros contratados por empresas brasileiras. O assunto ganhou relevância depois que Sadia e Aracruz divulgaram, entre o final de setembro e o início de outubro, perdas bilionárias, após suas tesourarias terem especulado com a taxa de câmbio, com operações dos chamados derivativos.

O dólar saltou de R$ 1,56 no encerramento de julho para cerca de R$ 2,20 no fechamento desta terça-feira, 28. A valorização de quase 50% da moeda norte-americana em pouco menos de três meses teve início com a deterioração das condições de crédito e teve reflexos nos instrumentos financeiros contratados por empresas brasileiras. O assunto ganhou relevância depois que Sadia e Aracruz divulgaram, entre o final de setembro e o início de outubro, perdas bilionárias, após suas tesourarias terem especulado com a taxa de câmbio, com operações dos chamados derivativos.

A palavra derivativos designa operações financeiras, às vezes bastante complexas, que derivam dos ativos – daí o nome. Uma ação, que é um ativo, pode ser comprada e vendida no mercado à vista. Já o direito de compra desta ação a um certo valor até uma certa data é um derivativo. Esta operação não envolve necessariamente a ação, mas sim a opção de comprá-la ou vendê-la. Transações deste tipo são realizadas no mercado futuro ou no mercado de opções.

No mercado futuro, as partes acertam uma data futura para compra ou venda, sendo que o valor da transação é corrigido diariamente, conforme flutuam as cotações. Já o mercado de opções, a transação envolve o direito de compra ou venda de um ativo em uma determinada data ou período. Por exemplo: se um investidor acha que um determinado papel vai subir muito no futuro, ele pode tentar adquirir o direito de compra deste papel a um certo valor.

Na lista de empresas não-financeiras que integram o índice Bovespa (Ibovespa), principal indicador do mercado acionário brasileiro, quase quatro em cada cinco companhias possuem contratos de derivativos de câmbio em seus balanços mais recentes disponíveis. Muitos dos casos são swaps de moedas e juros ou contratos de compra e venda futura de dólares, mas alguns envolvem operações mais complexas e arriscadas.

O Grupo Santander Brasil anunciou que realizou operações de derivativos com 60 clientes pessoas jurídicas no Brasil. A exposição total dessas empresas é de R$ 1,42 bilhão, considerando a cotação do dólar em R$ 2,25. Para o presidente da instituição, Fabio Barbosa, “são valores palatáveis e absorvíveis pelas empresas. Algo totalmente gerenciável”.

Na última segunda-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou que o governo vá socorrer empresas que entraram no mercado de derivativos e que agora registram prejuízos em seus balanços e citou que essas perdas, segundo o mercado, poderiam chegar a US$ 20 bilhões. Ao contrário do que declarou o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, na semana passada, Mantega afirmou que “o governo não vai salvar nenhuma empresa”. “Empresas que ousaram têm que pagar o preço de sua ousadia”, acrescentou, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

A matéria foi publicada no Estado Online, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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