Nesse ano, o BeefPoint publicará uma séria artigos com a visão de algumas personalidades da pecuária brasileira, com o tema de “Fechamento 2011 e perspectivas para 2012 na pecuária de corte”. As pessoas são convidadas e respondem às perguntas formuladas e enviadas pelo BeefPoint.
O primeiro a participar é Otávio Celidonio, Superintendente do IMEA ( Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária):
BeefPoint: Qual sua análise do ano de 2011? O que aconteceu de melhor e de pior?
Otávio: O ano de 2011 foi bom para a maior parte dos produtores, pois tivemos boas condições de rentabilidade. O desenho do ano surpreendeu e causou transtornos para muitos produtores pelo excesso de abate de fêmeas e o grande volume de animais confinados. O excesso de abate de fêmeas foi consequência da grande seca de 2010, que matou mais de 9% das pastagens de Mato Grosso, mas esse aumento não seria comum em uma situação de preços fatoráveis de mercado, o que mostra o real impacto da seca sobre a produção. Já o grande volume de confinamentos descaracterizou a sazonalidade de oferta de gado, trazendo o maior volume de abate do ano para os meses de agosto e setembro e consequentemente menores preços para a arroba, que prejudicou quem não havia se protegido.
BeefPoint: Quais suas perspectivas para o ano de 2012?
Otávio: 2012 não deve ser um ano excepcional, mas ainda assim deve ser bom. Os números de crescimento do rebanho não mostram uma tendência de aumento da oferta fora das condições de absorção da demanda.
BeefPoint: Na sua avaliação, qual fator deve ser analisado com mais cautela esse ano?
Otávio: Neste ano devemos ficar atentos as tendências dos confinamentos, cujos preços dos principais insumos, o milho e o boi magro, ainda estão incertos. O milho no Sul e Sudeste do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai teve grandes frustrações, por outro lado, no Mato Grosso e outros Estados do cerrado ele está sendo plantado e promete uma grande safra, o problema acontecerá caso as exportações continuem crescendo.
BeefPoint: O que pretende aprender de novo em 2012?
Otávio: Além da contribuição da Famato, Aprosoja, Ampa e Acrimat em 2012 o Cipem (Centro da Industrias Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato Grosso) passará a contribuir também, portanto, iniciaremos de fato um trabalho de acompanhamento do mercado de Madeira nativa em Mato Grosso e todos teremos que entender e aprender as características deste mercado que é muito peculiar.
BeefPoint: O que deseja fazer de diferente em 2012?
Otávio: Em 2012 queremos que o Imea cresça principalmente na analise conjuntural de fatores da economia que influenciam no agronegócio, tais como logística, tributos, emprego, renda e indicadores macroeconômicos.
BeefPoint: Qual a principal mudança está implementando em 2012?
Otávio: Há algum tempo estamos desenvolvendo um sistema para facilitar o armazenamento, segurança e acesso aos dados produzidos pelo Imea. Em 2012 gostaria de trazer essa ferramenta para os usuários do nosso site que dá a possibilidade de acessos dinâmicos aos dados, como ocorre no Sidra do IBGE, Psd online do USDA entre outros.
BeefPoint: Qual mensagem você envia aos produtores em 2012?
Otávio: Acho que mais do que nunca o produtor deve investir em apoio técnico e capacitação da equipe. Na última década vimos o desmatamento crescer e o ganho imobiliário perdeu força como negócio, por isso, a eficiência produtiva nunca teve tanto peso na rentabilidade. Nos últimos anos os produtores vem tendo uma boa rentabilidade que tem permitido novos investimentos, mas é preciso um bom apoio técnico e mão-de-obra qualificada para garantir que esse investimento garanta sua sobrevivência daqui a alguns anos, quando certamente viveremos um ciclo de baixa na bovinocultura de corte.
Otávio Lemos Melo Celidonio é Superintendente do IMEA – Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária, Engenheiro Agrônomo (USP Esalq) e especialista em Agronegócio (FGV).
2 Comments
Acredito que o maior dificuldade da pecuária a falta de condições de enfrentar um monopólio que esta em marcha na comercialização do boi se de uma vez por todas nos Pecuristas não nos impormos organizados dentro da cadeia da carne sede
os prestadores desserviço mal remunerados
Olá, beefpoint. Eu leio diariamente, qdo possível, colunas dos seus especialista, e, dou a minha opinião, que geralmente não sai publicada, porque eu muitas vezes,não concordo com seus artigos, principalmente qdo se refere a confinamento. Temos que Dar oportunidade aos que acham o confinamento uma roubada.