Desde 2003, apresento e faço análises sobre os impactos financeiros e econômicos de diversas medidas governamentais, políticas internacionais distorcivas do comércio e outros eventos que prejudicam ou, por vezes, beneficiam o agronegócio brasileiro. Nesta oportunidade, me sinto compelido a renunciar, momentaneamente, o meu viés capitalista para abordar um gesto de solidariedade que tive a oportunidade de acompanhar desde a sua concepção até sua concretização. “Um outro tipo de comércio internacional”.
Como é do conhecimento de todos, no final de 2004, a catástrofe do “tsunami” causou sérios danos econômicos e humanitários a alguns países do Leste Asiático. Mais uma vez, o mundo se viu engajado na tentativa de envidar todos os esforços no sentido de minimizar os danos sofridos pela população atingida.
O Brasil é a última fronteira agrícola do mundo e, nesse sentido, no futuro próximo se firmará como uma das maiores nações agrícolas do mundo e, conseqüentemente, será o principal provedor de alimentos para a população mundial.
Exemplo desta afirmação pode ser observada ao se analisar o setor exportador de carne bovina. No ano de 1997, o Brasil exportava menos de quinhentos milhões de dólares de carne. No ano passado, o setor tornou-se líder e fez com que o Brasil passasse a ser o maior exportador do referido produto para o mundo, gerando uma receita de 2,5 bilhões de dólares.
O setor exportador de carne bovina, diante de tal crescimento e da confiança dada pelos seus mercados compradores da nossa carne, mostrou, juntamente com o seu crescimento, ter amadurecido e estar consciente do seu papel social nos mercados mundiais por ele abastecido.
Hoje, embarca em porto brasileiro carga de vinte toneladas de carnes prontas para consumo imediato a serem doados às vítimas do “tsunami” na Indonésia – país mais afetado pela catástrofe e com maior número de mortos – pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e seus associados.
A referida doação não solucionará o problema de abastecimento naquele país; no entanto, somado às demais doações vindas de outros países solidários, bem como de outras entidades e organizações brasileiras, tenho presente a convicção de que ao menos os frigoríficos exportadores de carne bovina brasileira tentaram, em um belo gesto de solidariedade, amenizar o sofrimento momentâneo por que passa o povo indonésio.
Finalmente, não posso deixar de registrar o papel preponderante que a mais alta cúpula do governo federal, de empresa de navegação, de armazém alfandegário, aduanas e de uma das maiores empresas exportadoras do Brasil tiveram na concretização deste ato solidário, encabeçado pelo ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcus Vinicius Pratini de Moraes.