O compromisso dos frigoríficos com a sustentabilidade encontra obstáculos no Pará. Em julho do ano passado, indústrias com maior presença no Estado assumiram compromisso de não comprar gado de fazendas em condições ilegais. Mas, para isso, necessitavam que os pecuaristas regularizassem a situação com o Cadastro Ambiental Rural (CAR). O problema é que o prazo que permitia o comércio temporário em condições não ideais acabou em 31 de janeiro e, até agora, apenas 10% dos produtores do Pará fizeram o registro. A situação está restringindo a oferta de animais no Estado, já com reflexos no ritmo dos abates e nos preços do boi gordo.
O compromisso dos frigoríficos com a sustentabilidade encontra obstáculos no Pará. Em julho do ano passado, indústrias com maior presença no Estado assumiram compromisso de não comprar gado de fazendas em condições ilegais. Mas, para isso, necessitavam que os pecuaristas regularizassem a situação com o Cadastro Ambiental Rural (CAR). O problema é que o prazo que permitia o comércio temporário em condições não ideais acabou em 31 de janeiro e, até agora, apenas 10% dos produtores do Pará fizeram o registro. A situação está restringindo a oferta de animais no Estado, já com reflexos no ritmo dos abates e nos preços do boi gordo.
A polêmica teve início em junho passado, com a publicação do relatório “Farra do Boi na Amazônia”, do Greenpeace. O relatório acusava o setor de ser o principal responsável pelo desmatamento no bioma amazônico. Na mesma época, o Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA) entrou com ação pública contra a criação e compra de gado da região.
Bertin e Minerva assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o MPF comprometendo-se a não comprar animais de fazendas que estivessem nas listas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Ministério do Trabalho.
O CAR é o primeiro passo para regulamentar a propriedade. Mas a adesão é baixa. Cerca de 12 mil cadastros foram feitos desde meados de 2009, segundo a Secretaria de Meio Ambiente do Pará (Sema).
O número equivale a aproximadamente 10% das 110 mil fazendas do Pará. “Esse tipo de providência não se resolve de um dia para outro, vai demorar alguns anos para se concretizar. Esse prazo é resultado de um acordo entre o MP e os frigoríficos. Não participamos disso”, diz o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Carlos Xavier. Segundo ele, os produtores encontraram no alto custo do cadastro uma dificuldade para fazê-lo. Ele explicou que a Sema exigia que a tomada das coordenadas geográficas fosse feita por um técnico contratado, e o custo desse trabalho aproximava-se de R$ 50 mil. “Isso fez com que o CAR não tivesse adesão.”
Diante das dificuldades, o processo foi simplificado. A Sema está permitindo que os pecuaristas façam um CAR provisório, que já é suficiente para o fim do embargo às propriedades. Ele é autodeclaratório e pode ser realizado pela internet, em um processo semelhante ao da declaração do Imposto de Renda Pessoa Física. Depois disso, as informações serão checadas. O governo também permitiu que os produtores recolhessem as coordenadas geográficas por meio de um GPS comum. “Ficou mais barato”, admite Xavier.
A engenheira agrônoma da campanha Amazônia do Greenpeace Brasil, Tatiana de Carvalho, atribui a baixa adesão ao fato de muitas propriedades não apresentarem requisitos mínimos para a regularização. “Existe resistência porque há muitas propriedades em situação irregular. Muitos produtores não têm título de propriedade da terra, estão em áreas indígenas ou em unidades de conservação. Para muitos, interessa estar invisível ao Estado”, diz.
Um executivo de uma grande indústria do setor, que prefere não ser identificado, vê na burocracia brasileira o principal entrave ao CAR. Segundo ele, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), MP, Ibama e governos estaduais não atuam de forma coordenada, o que acaba gerando insegurança no produtor rural. A fonte conta que alguns pecuaristas que fizeram o CAR foram multados em seguida pelo Ibama porque não tinham especificado em registro a área de reserva legal, apesar de o TAC conceder um prazo para a regularização. “O pessoal não queria mais se registrar porque temia multas”, diz.
O procurador geral da República em Belém, Daniel Azeredo, minimizou o número limitado de cadastros. “Para quem conhece a realidade amazônica, já é algum resultado”, diz. De acordo com ele, antes da ação do MPF havia 600 propriedades cadastradas.
A matéria é de Tatiana Freitas, da Agência Estado, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
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O senhor Cralos Xavier da FAEPA esta completamente enganado em relação ao preço do CAR.
o CAR custa hoje em torno de R$800,00 a R$ 1.000,00 por propriedade. Pelo tempo que ja faz do andamento do TAC, o Senhor Carlos Xavier deveria estar melhor informado sobre o assunto.
A notícia é muito séria, até porque, no Pará a Pecuária emprega, direta e indiretamente, cerca 1 milhão de trabalhadores e o boi(riqueza renovável) é a segunda maior riqueza do estado atrás apenas dos minérios(riqueza não-renovável e que somente deixa buracos).
os ideólogos cometem o erro de achar que os frigoríficos e exportadores cometem ou cometeram algum crime ambiental e os pecuaristas são criminosos, o que não é verdade, eles foram criminalizados por leis recentes.
Todos, frigoríficos, exportadores e pecuaristas, são contra crimes ambientais e gostariam de ter os seus produtos classificados como ambientalmente corretos.
O Pará possui 110 mil propriedades que produzem gado bovino, entretanto, em 90% delas o rebanho é inferior a 200 cabeças.
O que está acontecendo hoje é que, em função da incapacidade do poder público de cumprir o seu papel, o poder de polícia na área rural foi transferido, compulsoriamente, para a empresa privada que processa e comercializa o produto da pecuária, possibilitando a sobrevivência do produtor rural.
O grande problema não é essa transferência, a propriedade privada aceitou colaborar para a organização fundiária do Estado, a crueldade da medida é o prazo concedido para que se faça uma revolução verde em um Estado continente, com 1.247.689,515 km² de extensão.
Lembrando, ainda, que o Pará faz parte da Amazônia que é hoje a região menos desmatada do mundo com 82,5 % de seu território preservado.
A medida atinge diretamente os pequenos produtores, levando à miséria os principais agentes do desenvolvimento rural do Pará.
A verdade precisa ser restaurada e o consumidor tem que ser esclarecido para o fato de que o filé, a pá, as costelas e outras iguarias produzidas pelo boi, que é criado para essa finalidade, não nascem no supermercado ou no açougue.